quarta-feira, 25 de maio de 2011

Concorrência estimula a criação de novos produtos

Valor Econômico - São Paulo/SP - EMPRESAS CITADAS - 25/05/2011 - 01:04:12D

 

De São Paulo

 

Os bancos brasileiros estão em uma concorrência acirrada para desenvolver fontes alternativas para a captação de recursos para financiar o crédito imobiliário, atraídos pela invejável expansão do segmento. O Bradesco, por exemplo, trabalha no mercado secundário na tentativa de conquistar investidores para os novos papéis. "Estamos estruturando as operações com o objetivo de obter recursos para a cadeia produtiva de financiamento imobiliário", diz o diretor de crédito Cláudio Borges Cassemiro.

 

Segundo o executivo, o banco iniciou o processo de securitização da emissão de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) para oferecer aos novos investidores. "Até agora, a captação de recursos era feita por meio das cadernetas de poupança. Nossos CRIs têm lastro em operações originadas no negócio imobiliário", explica Cassemiro. "Em 2011, já emitimos cerca de R$ 2 bilhões em CRIs."

 

O Bradesco tem hoje um volume de recursos da ordem de R$ 284,6 bilhões em sua carteira de crédito e pretende investir em 2011 entre R$ 70 bilhões e R$ 80 bilhões no financiamento imobiliário, crescimento de 28,5% em relação ao ano anterior. Ainda é pouco porque esses papéis enfrentam muita resistência por parte das incorporadoras. "Só agora os CRIs começam a ter maior divulgação no mercado e o Bradesco está atento a esse movimento", afirma Cassemiro.

 

Para ele, o país vive uma oportunidade única para discutir alternativas de crédito, principalmente em função de conquistas mais recentes, como incentivos fiscais para construção, pacotes habitacionais e abertura de capital. Uma tendência que gera muita expectativa, segundo o executivo, é a adoção do covered bond, muita discutida atualmente pelo sistema financeiro nacional. "É uma forma nova de captação que tem de casar ativo com passivo. O mercado começa a trabalhar essa possibilidade que será bem recebida, desde que ajustada e aprovada em lei", explica o diretor do Bradesco.

 

O Banco do Brasil (BB), segundo Paulo Caffarelli, vice-presidente de varejo, está numa situação privilegiada, pois entrou depois de outros bancos no financiamento imobiliário e dispõe de um volume muito grande de recursos para empréstimos, algo na faixa de R$ 5 bilhões. "O BB só começou a trabalhar nesse segmento em 2008 e tem hoje uma carteira de R$ 4,4 bilhões. Ou seja, ainda temos muito por fazer nessa área", diz o executivo.

 

Grande parte da carteira está amparada na concessão de empréstimos para pessoas físicas, ao contrário de seus concorrentes, como Bradesco, Santander e Itaú, que trabalham com um mix de 60% de crédito para as construtoras e 40% para as pessoas físicas. "Do total de nossos financiamentos, apenas 18% vão para as empresas. Vamos mudar essa relação porque o crédito para a pessoa jurídica é mais rentável", diz.

 

Obviamente, a tarefa não é fácil, admite o executivo. "O BB certamente enfrentará as mesmas dificuldades dos outros bancos, que têm hoje um volume de recursos na carteira imobiliária próximo ao que é captado pelas cadernetas de poupança. Isso estimula a busca de fontes alternativas", explica.

 

Em um primeiro momento, analisa Caffarelli, as alternativas estão no mercado secundário, com produtos atraentes como os CRIs. "Mas, no Brasil, a remuneração do mercado secundário imobiliário ainda é muito baixa. Atualmente, as taxas de remuneração são a partir da TR mais 8,2% ao ano. Além disso, o financiamento de imóveis se baseia nos depósitos das cadernetas de poupança ou do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Mas, se os juros baixarem, teremos títulos mais atrativos para os investidores institucionais e a demanda será maior", diz ele. (G.C.)

 

 

 

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