sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Crescem aquisições de hotéis

Folha de São Paulo, Mercado Aberto, 29/out

O volume de transações de compra e venda de hotéis no mercado norte-americano se acelerou nos últimos meses. As operações devem atingir US$ 6,5 bilhões neste ano, segundo a consultoria Jones Lang LaSalle Hotels. Esse valor supera em US$ 2 bilhões as estimativas anteriores. Com uma oferta limitada no mercado de hotéis de alta qualidade para investimento, o ambiente tornou-se bastante competitivo, de acordo com a consultoria.

Os fundos de investimento imobiliário têm sido os compradores mais ativos, com 58% dos negócios.

O momento também está favorável para as aquisições hoteleiras no Brasil. A norte-americana Host Hotels & Resorts anunciou neste mês a compra do hotel JW Marriott, no Rio de Janeiro, por US$ 47,5 milhões.

Maior volume de investimentos da Oi fica para o quarto trimestre

Globo - Publicada 28/10/2010

RIO - A maior parte dos investimentos planejados pela Oi para este ano será feita nos últimos três meses. Dos R$ 3,5 bilhões previstos para 2010, até o terceiro trimestre foi investida uma soma de apenas R$ 1,4 bilhão.


De acordo com o diretor de Finanças e Relações com Investidores, Alex Zornig, com a redução do nível de endividamento e com a entrada da Portugal Telecom, a empresa investirá, em 2011, volume superior ao previsto para este ano.

Durante teleconferência com jornalistas para comentar os resultados, Zornig disse que a aprovação da entrada da Portugal Telecom pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) no capital da Oi permitirá que a portuguesa faça um aporte de capital, impulsionando os investimentos.

"Com a redução do nível de endividamento e com a entrada de fato da Portugal Telecom, a empresa vai ter capacidade muito maior de investimento", disse.

Do montante de R$ 1,41 bilhão investido nos primeiros nove meses do ano, 77,7% foram destinados à expansão da cobertura de telefonia móvel em todas as regiões do país, além da ampliação de velocidade e da oferta dos serviços de banda larga e de transmissão de dados.

O diretor da Oi rebateu as críticas de alguns analistas de que, em algum momento, a empresa precisará investir mais em aumento de participação de mercado, ao invés de apenas tentar rentabilizar melhor seus clientes. "Não estamos trazendo qualquer tipo de cliente para a nossa base, porque custa muito trazer cliente ruim", disse Zornig.

Além disso, ele acredita que a desalavancagem realizada este ano, somada à entrada da Portugal Telecom, fará com que haja novos investimentos para ampliação de market share. A dívida bruta totalizou R$ 31,281 bilhões. Houve redução de 3,3% em relação ao trimestre anterior, mas continua 9,5% superior do que no mesmo período do ano passado.

No entanto, o perfil da dívida da Oi apresentou melhora. A dívida de longo prazo, que no primeiro semestre representava 62,46% do total, passou para 72,9%, com redução de participação da dívida de curto prazo.

Houve também grande volume de amortizações. As principais foram a de notas promissórias da Tele Norte Leste, no valor de R$ 1,5 bilhão, além de certificados de recebíveis imobiliários (CRI), no valor de R$ 4 bilhões.

(Juliana Ennes Valor)

Quem investe em imóveis ganha com a chegada do BTG Pactual

O banco comprou alguns dos melhores imóveis do país, e o mercado espera que investidores em breve possam aplicar em fundos lastreados nesses prédios

João Sandrini, de EXAME.com


Complexo JK, em SP: BTG Pactual comprou da W/Torre duas torres do projeto

São Paulo - Nos últimos cinco meses, o BTG Pactual protagonizou algumas das maiores transações imobiliárias do país. Em maio, o banco de investimentos se juntou ao grupo Malzoni para comprar 70% de um empreendimento de escritórios de alto padrão na avenida Faria Lima, onde se paga o maior aluguel de prédios comerciais de São Paulo. Pela participação, os sócios desembolsaram 600 milhões de reais, ou 17.655 reais por metro quadrado, um valor elevado mesmo quando comparado ao de excelentes edifícios corporativos em Nova York ou Londres. Três meses depois, o BTG se juntou à BR Properties para comprar 82% de uma das torres do Ventura Corporate Towers, o melhor prédio de escritórios do Rio de Janeiro. O valor do negócio foi ainda maior: 680 milhões de reais. Já neste mês, o BTG fechou um acordo para comprar participações em dois projetos de alto padrão da W/Torre na região da marginal Pinheiros, em São Paulo. O banco adquiriu as duas torres em construção do Complexo JK, que abriga também a estrutura de um novo shopping Iguatemi, a Villa Daslu e a sede do Santander no Brasil. Levou ainda uma participação de 40% em um empreendimento gigantesco que a W/Torre deve construir num terreno próximo ao shopping Morumbi.

Paralelamente a todas essas aquisições, o BTG pediu para Comissão de Valores Mobiliários (CVM) autorização para lançar cinco fundos imobiliários que, no total, somam 5 bilhões de reais. O banco, que ainda não atua nessa área, diz que está em período de silêncio e que não pode fazer comentários sobre os fundos. Mas especialistas do mercado imobiliário apostam que, em breve, os imóveis comprados pelo BTG servirão de lastro para o lançamento de produtos financeiros destinados a investidores interessados em obter retornos a partir do aluguel ou da valorização desses imóveis.

A chegada do banco é, portanto, uma ótima notícia para quem planeja investir em imóveis. Atualmente, a maior parte dos pequenos investidores compra residências ou salinhas comerciais para locação. Mesmo com as despesas para o registro da escritura, o pagamento de impostos sobre transferência e propriedade do imóvel e as praticamente inevitáveis negociações com inquilinos que não pagam o aluguel, o brasileiro prefere o investimento direto em construções tanto por razões culturais como por falta de opções. O mercado de fundos ou títulos imobiliários é tão incipiente que os próprios gestores de fortunas consideram haver poucas possibilidades de investimento. Se os cinco fundos do BTG realmente captarem 5 bilhões de reais, isso começará a mudar radicalmente. O valor dos fundos é apenas um pouco mais baixo que a soma de todos os fundos imobiliários em operação no mercado brasileiro.

Vantagens e desvantagens

Papéis imobiliários são bastante interessantes para quem quer investir em empreendimentos comerciais de alto padrão. Esses imóveis costumam oferecer um risco menor porque possuem contratos de locação com duração de vários anos - e mudar de endereço não é tão simples para uma empresa quanto para uma família. No entanto, devido ao valor elevado de uma torre de escritórios, o pequeno investidor acaba conseguindo comprar apenas salinhas quando decide investir em imóveis comerciais. E as melhores oportunidades podem estar longe desse nicho. Segundo a consultoria imobiliária Colliers, a taxa de vacância de escritórios de alto padrão na cidade de São Paulo é de apenas 2,8%. "É um índice bem menor que a média mundial e que deve manter pressionados os preços dos aluguéis", diz Sandra Ralston, vice-presidente da Colliers no Brasil.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Recursos para o crédito imobiliário vão escassear

O Estado de S.Paulo - 28.10.2010

As atividades econômicas precisam respeitar um dado ritmo de crescimento. É uma regra que se aplica perfeitamente ao bo0m imobiliário, que está para enfrentar grandes dificuldades nos próximos meses.

O setor deslanchou no ano passado em ritmo acelerado. Podia-se temer que expansão tão rápida do crédito imobiliário logo desaguaria em crescimento da insolvência. Isso não aconteceu, pois a forte aceleração de toda a economia permitiu aumentar a folha salarial, e os compradores deram prioridade ao pagamento das suas prestações.

As dificuldades são de outra ordem: há, atualmente, uma forte elevação do preço dos imóveis, por causa do aumento dos preços do material de construção em razão da alta demanda, que nem as importações conseguem acompanhar. E, em regiões como a da capital de São Paulo, escasseiam os terrenos, esgotadas as reservas das construtoras. Isso poderia ser parcialmente corrigido por maior verticalização, que a legislação municipal não favorece.

A forte recuperação da economia aumenta o nível de emprego e diminui os movimentos migratórios que permitiam dispor de mais mão de obra não qualificada na construção. Isso se está traduzindo por uma falta de mão de obra no setor em todos os níveis, desde os menos exigentes tecnicamente até os engenheiros. O fenômeno resulta, de um lado, em aumento de custos pela alta dos salários e, de outro, em atrasos para o início das obras, possibilitando às construtoras aproveitar os pagamentos realizados pelos mutuários.

Trata-se de um problema que pode ser resolvido pela formação de novos contingentes de operários, mas levando em conta que as técnicas atuais exigem trabalhadores cada vez mais qualificados, o que significa que o custo da mão de obra continuará a se elevar mais do que no passado.

Mas, certamente, o maior obstáculo que o setor e o governo enfrentarão será manter o volume de crédito imobiliário em face do esgotamento dos recursos baratos para sustentá-lo. Hoje, a maior fonte de recursos do crédito imobiliário ainda são as cadernetas de poupança, cuja remuneração é de 6% ao ano mais TR, e que financiam quase 70% dos imóveis vendidos. O crescimento do saldo das cadernetas é muito inferior ao dos empréstimos. Esses recursos - os mais baratos do mercado - estão chegando ao fim e o dilema do governo será melhorar a remuneração das cadernetas ou oferecer estímulos fiscais a novo tipo de papéis, o que até agora o governo não admitiu.

CRIs ganham destaque com expansão do mercado imobiliário

Infomoney


28.10.2010



SÃO PAULO – O mercado imobiliário tem crescido no Brasil, basta considerar dados divulgados na terça-feira (26) pelo Banco Central, que mostraram que R$ 125,2 bilhões foram contratados em crédito habitacional em setembro. E o desenvolvimento deste mercado é interessante para investidores.

Não é somente quem pensa em comprar e alugar imóveis que pode se beneficiar deste bom momento econômico do mercado imobiliário brasileiro. O investidor pode também apostar em CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários).

Para quem não conhece a modalidade, de acordo com o diretor da Verax Serviços Financeiros, Marcelo Xandó, os CRIs são títulos lastreados em créditos imobiliários e garantidos por imóveis. Seus termos e condições (taxas, prazos e amortizações), porém, são variáveis conforme cada emissão específica.

De acordo com dados da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), o estoque de títulos de CRI em setembro deste ano estava em R$ 15,2 bilhões, enquanto que no mesmo período do ano passado estava em R$ 9,2 bilhões, o que remete a um aumento de 65% em 12 meses.

O Brasil

Ele explicou que, no Brasil, ainda há um baixo nível de alavancagem através de estruturas de securitização de fluxos imobiliários, se comparado ao total de imóveis disponíveis.

“Com o desenvolvimento de novos empreendimentos e a maior participação do crédito no setor imobiliário, a necessidade de recursos se tornará ainda maior, assim como uma dinâmica de financiamento do mercado através da participação do investidor”, explicou Xandó.

Isso porque as fontes tradicionais de financiamento do mercado imobiliário, o FGTS e a poupança, podem não fazer frente à demanda dos brasileiros por casas e apartamentos e, diante disso, será preciso recorrer a outros mercados, como o de securitização, quando os CRIs ganharão destaque.

Já para o diretor da Brazilian Finance & Real Estate, Fernando Cruz, os CRIs vão ganhar notoriedade no Brasil por conta do seu retorno.

“É um bom momento para investir neles. Temos a tendência de queda da taxa de juro de longo prazo e, investindo em CRI, consegue-se uma rentabilidade alta em relação ao que o mercado vai oferecer se a taxa vier a cair nos próximos anos”, disse.

Investidores

Os CRIs são destinados a pessoas jurídicas e físicas, sendo que neste último caso ele ainda atinge apenas investidores qualificados.

“A participação do investidor pessoa física tem crescido a cada ano, mas devido ao perfil de longo prazo das operações, o produto ainda está restrito aos investidores qualificados e de maior porte”, disse Xandó.

Mas o mercado tem se movimentado para que o pequeno investidor tenha acesso aos CRIs. “A gente vem trabalhando fortemente para isso. Conseguimos a isenção do Imposto de Renda e isso já trouxe para o investimento em CRI bastante pessoa física, já que estamos falando em uma diferença de rentabilidade de quase 20%”, completou Cruz.

Kinea, do Itaú, capta R$ 260 mi em fundo imobiliário

26/10/2010 - O Estado de São Paulo

O Kinea, braço de investimentos do Itaú, encerrou nesta semana a captação de um fundo imobiliário de R$ 260 milhões para investimentos em edifícios de escritórios e centros de logística. Trata-se do primeiro fundo lastreado em aluguéis - a instituição mantinha opção de investimento em incorporação residencial, com capital de R$ 150 milhões.

Mesmo antes do fim da captação, R$ 170 milhões foram aplicados na compra de dois edifícios no Centro do Rio de Janeiro. Os dois prédios têm como clientes a Caixa e Banco do Brasil, embora hoje sejam ocupados pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT).

De acordo o responsável pela área imobiliária do Kinea, Carlos Martins, a intenção inicial era levantar R$ 350 milhões, mas o valor diminuiu porque as negociações de um imóvel que o fundo tinha em vista não foram adiante. O executivo diz que o objetivo é investir os R$ 90 milhões restantes em São Paulo, em regiões como Faria Lima, Vila Olímpia ou Avenida Paulista.

O investimento se justifica pela baixa taxa de vacância de áreas de escritórios em São Paulo e no Rio. Segundo a consultoria Jones Lang LaSalle, o equilíbrio do mercado é de 15% de áreas disponíveis - porém, na Vila Olímpia, os espaços vagos somam 3,4%. "O mercado está do lado do locador", diz Mariana Hanania, da Cushman & Wakefield.

Martins diz que o Kinea prioriza o item localização na hora de escolher seus imóveis. Como a intenção é comprar edifícios inteiros, a chance de que o fundo venha a atuar em prédios "AAA"é pequena: neste segmento, o valor de um empreendimento pode passar de R$ 1 bilhão. "Procuramos imóveis bem localizados, com os itens básicos para as empresas", diz Martins.

A entrada do banco de investimento do Itaú neste mercado não é casual. O patrimônio líquido dos fundos imobiliários teve forte crescimento este ano, segundo dados da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), somando R$ 7 bilhões ao fim de setembro. No fim de 2009, o valor estava em R$ 5,1 bilhões.

Segundo o consultor de investimentos Sérgio Belleza Filho, o BTG Pactual tem sido particularmente agressivo no setor: além de recentemente ter ajudado no desembolso de R$ 680 milhões por uma das torres do Ventura Corporate Tower, no Rio, o banco tem cinco fundos imobiliários de R$ 1 bilhão em análise pela CVM.

O consultor afirma que a expansão do setor está relacionada à entrada dos clientes pessoa física no segmento - fruto direto da mudança na legislação que isentou o investimento de imposto de renda. "Bancos como Bradesco e Itaú ainda vão oferecer os fundos nas agências. É uma operação muito fácil de explicar."

Para captar R$ 260 milhões, o Kinea recorreu a correntistas do Itaú Personnalité - foram 2,7 mil, que aplicaram um mínimo de R$ 30 mil. Martins, do Kinea, diz que o fundo é perpétuo e a intenção é expandir a captação: "Vamos pulverizar o risco."

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Ação internacional alavanca parque hoteleiro

DCI - 27/10/10

CAMPINAS - Dois eventos esportivos de peso como a Copa do Mundo a ser realizada em 2014, e os jogos olímpicos de 2016, que acontecerão no Brasil, deverão demandar um grande investimento em infraestrutura que vão beneficiar não só as cidades-sede de realização dos jogos como também outras cidades e regiões importantes dentro desse contexto. Associado aos jogos, a fase de ouro da economia brasileira está dinamizando um setor que é extremamente importante para a imagem de um país, que é o mercado hoteleiro.



Campinas não vai sediar nenhum jogo, mas é uma cidade estratégica em função da proximidade de São Paulo, devido ao aeroporto Internacional de Viracopos e pelo fato de integrar um dos pontos do trem de alta velocidade (TAV), funcionando como eixo de ligação com São Paulo e o Rio de Janeiro. Na avaliação do consultor imobiliário e hoteleiro, Caio Calfat, Campinas vai ser beneficiada não só por conta de Copa do Mundo, mas pelo aquecimento da economia.

"Campinas tem um forte parque empresarial, que é um grande gerador de demanda, além de outras questões importantes como a ampliação do aeroporto de Viracopos e a construção do trem-bala. Tudo isso vai fazer com que Campinas também se destaque mais ainda como metrópole nacional e com isso o parque hoteleiro de Campinas vai se beneficiar trazendo novos produtos de redes internacionais ou de redes nacionais de ponta", diz.

Caio Calfat disse que a atividade hoteleira no Brasil embora já tenha mais de 100 anos, é uma atividade amadora exercida por famílias ou por proprietários de hotel não tão profissionais, boa parte do parque hoteleiro brasileiro são hotéis pequenos, mal concebidos, mal administrados, mal construídos e com móveis antigos e de péssima qualidade.

Na avaliação do consultor, a partir de agora a história hoteleira no Brasil entra em nova fase relacionada à profissionalização. "Vamos crescer com profissionalização, crescer pelas mãos de empresas profissionais, com planejamento, com um tratamento especial para cada um dos destinos dos jogos da Copa do Mundo e das Olimpíadas", comentou.

Caio Calfat disse que grupos internacionais estão vendo no Brasil uma grande oportunidade de negócio. Todas as grandes empresas hoteleiras internacionais que não estão no Brasil têm a intenção de colocar uma unidade no Rio de Janeiro ou em São Paulo e a partir daí estenderem suas atividades para outras regiões do País. "Hoje são centenas de grupos entrando no Brasil há pelo menos 2 anos, mas muitos desses grupos hoteleiros não são investidores, mas prestadores de serviço, ou seja, são administradores de hotéis. No caso do Royal Palm Plaza em Campinas, Armindo Dias é dono e ele próprio administra o hotel, que é sem dúvida nenhuma um dos principais hotéis de convenção no Brasil, se não for o principal", avalia.

O consultor hoteleiro disse ainda que estão sendo formados vários fundos de investimentos para investir em hotéis, fundos imobiliários para investir em hotéis e existem alguns investidores patrimonialistas tradicionais no mercado internacional que estão entrando no Brasil principalmente grupos espanhóis e portugueses.

Espaço

O Brasil ainda tem muito espaço para a instalação de novos hotéis e os empresários do segmento têm percebido essa demanda, acredita Calfat. Segundo ele, no caso principalmente dos hotéis econômicos existe espaço em pelo menos 200 cidades brasileiras com economia forte em agroindústria, mineração, petróleo e parques industriais.

No caso de hotéis de padrão intermediário conhecidos como midscales, que equivalem as antigos hotéis de 3 e 4 estrelas, têm capacidade de instalação em pelo menos 40 cidades brasileiras e em muitas cidades há condições para se fazer mais de um hotel desse gênero.

Hotéis que antigamente eram 5 estrelas ou de luxo cabem nas principais capitais brasileiras como Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba; um em cada uma delas, sendo que Rio e São Paulo talvez comportem um número maior. No caso de Campinas o consultor avaliou que há espaço para 4 ou 5 hotéis econômicos e de 2 a 3 hotéis midscales.

Calfat declarou que o maior benefício para o mercado hoteleiro nesse aquecimento da economia brasileira não é a quantidade de hotéis, mas a qualidade dos produtos hoteleiros, ou seja, o Brasil está passando por uma reformulação do seu parque hoteleiro. Com relação à Copa do Mundo e as Olimpíadas, Caio Calfat disse que a Federação Internacional das Associações de Futebol (Fifa) e o Comitê Olímpico Internacional (COI) exigem quantidade e qualidade de hotéis nos destinos onde serão realizados os jogos.

"São Paulo passou pelo crivo da Fifa em termos de quantidade e qualidade de hotéis. O Rio de Janeiro tem quase a quantidade para a Copa do Mundo, mas a qualidade dos hotéis do Rio é lamentável, são todos degradados. Toda a orla do Rio, como Copacabana e Ipanema, só tem hotéis de 40 a 50 anos, mal conservados e degradados, que precisam ser renováveis para atenderem o mínimo de qualidade exigida para essas entidades. Isso vale para Recife, Salvador, Fortaleza e Cuiabá, que não tem parque hoteleiro", avalia.

Para Calfat, a boa fase da economia brasileira possibilitou um aumento muito grande do número de viagens turísticas pelo Brasil tanto a negócios quanto a lazer dos brasileiros favorecido pela baixa do dólar que também está ocasionando um aumento das viagens internacionais.

'Gávea vai deixar de ser o Fundo do Arminio', diz Armínio Fraga

Publicada em 27/10/2010 às 08h39m

Bruno Villas Bôas


RIO - O ex-presidente do Banco Central (BC) Arminio Fraga recebeu nesta terça-feira O GLOBO em seu escritório na Gávea Investimentos, no Leblon, pouco antes da assinatura dos contratos de venda da gestora para o Highbridge Capital Management, braço de gestão de fundos alternativos do gigante americano JPMorgan. Segundo ele, que não revelou o valor da operação, o objetivo é despersonalizar a Gávea, que deixa de ser o "Fundo do Arminio".


O GLOBO: Por que vender a Gávea apenas sete anos depois da criação da gestora?

ARMINIO FRAGA: Uma empresa que tem fundadores como Luiz (Luiz Fraga, primo e sócio de Arminio) e eu, que passamos dos 50, em algum momento vive essa questão. Se chega a um belo dia em que precisamos pendurar as chuteiras, ainda que hoje falte alguns anos. E isso é possível embaixo do JPMorgan e Highbridge. O interessante foi costurar isso com meus sócios mais jovens, que têm de 28 a 40 anos. Eles ficaram motivados. Enxergam que isso cria uma base que depende menos de pessoas como Luiz e eu. É importante que, com o tempo, o negócio passe a ser menos personalizado, que a Gávea deixe de ser o "Fundo do Arminio" ou "Fundo do Luiz".

Mas a Gávea foi vendida por quanto? O mercado estimou em até US$ 1 bilhão.

ARMINIO: Isso nós decidimos não comentar.

Pelo acordo, o senhor permanece por mais cinco anos. A Gávea continua com uma gestão independente?

ARMINIO: Sim, continua independente, como é hoje. E o nome permanece o mesmo. Mas alguns produtos devem ter o nome Highbridge, que comprou 55% agora e nos próximos anos vai comprar o restante. É um acordo que tem claro o período de pagamento. Mas o negócio não interessaria para o JPMorgan ou para nós se isso acabasse no quinto ano. Pensamos em novos produtos, como fundo imobiliário e relacionado a crédito. Mas é difícil prever agora até onde podemos ir. Vejo um desafio aqui, de construir algo que dure mais. Temos de balancear o desejo de crescer e a habilidade de entregar um bom desempenho. Não adianta fazer um casamento com um gigante, crescer muito e não manter um bom padrão de investimentos.

O candidato José Serra elogiou o senhor em recente entrevista e o mercado especulou sua volta em um governo tucano. Isso fica descartado?

ARMINIO: Eu achei supersimpático ser lembrado. É um assunto teórico. Eu não fui convidado e nem sondado. E até porque as pessoas sabem que tenho compromissos aqui. Não é questão apenas do contrato, mas um compromisso que assumi com meus clientes, meus sócios e agora com sócios novos.

Com a estrutura do JP, o senhor vai ter mais tempo para outras atividades?

ARMINIO: Fica tudo igual. Sou o principal responsável pelo negócio e presidente do Comitê de Investimentos. Mas, no caso dos fundos multimercado, com Gabriel Srour, que é meu copresidente. E nos fundos de longo prazo (private equity) com Luiz.

O aumento da alíquota de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras de investimentos estrangeiros subiu de 2% a 6% este mês) terá impacto na Gávea?

ARMINIO: Pode ter algum impacto, mas não para a maior parte do que fazemos. O governo quer evitar mais valorização do real taxando investimento de curto prazo. Mas, se você pensar a longo prazo e em diferentes formas de investir, como private equity e hedge funds, existem oportunidades no mercado.

O senhor acredita que o IOF vai ser suficiente para conter a valorização do real?

ARMINIO: Se isso vai ser bem sucedido ou não, vamos ter de esperar para saber. Mas sem reduzir os juros, vai ser difícil. E para reduzir os juros você precisa trabalhar o lado fiscal e talvez de crédito, o que não é fácil. Caso contrário, a pressão vai continuar. O Brasil continua bem e paga juros irresistíveis. Podemos tentar bloquear a entrada com taxas e isso pode funcionar por um tempo. Mas basta olhar para a China, que tem todo o tipo de controle, e ver que o dinheiro continua entrando por lá.

O ministro Guido Mantega voltou a afirmar que a questão fiscal não tem nenhuma relação com o câmbio.

ARMINIO: Economia é uma disciplina complicada. Você pode ter suas opiniões e conduzir a política como achar que cabe melhor. Mas eu vejo uma conexão entre a política fiscal e os juros. E vejo uma conexão entre juros e taxa de câmbio.

A Gávea tem clientes estrangeiros. O que eles acharam da capitalização da Petrobras?

ARMINIO: A capitalização da Petrobras foi uma transação com partes relacionadas, entre a empresa e o governo, que vendeu receitas futuras de petróleo. Os investidores tipicamente se assustam quando veem uma transação grande com parte relacionada, assim como se assustam quando começam a desconfiar da qualidade nos números na área fiscal. Eu acredito que são circunstâncias, em parte, ligadas à visão que o governo tem da Petrobras e a parte fiscal por pressões eleitorais. Eu espero que na parte fiscal seja algo transitório. Na Petrobras, já está feito.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Atraso do FCVS traz perda a fundos


Valor Econômico - São Paulo/SP - FINANÇAS - 26/10/2010




Carolina Mandl | De São Paulo

Os investidores financeiros já têm 40% do total de financiamentos imobiliários deixados em aberto no passado por mutuários nos bancos. São pelo menos R$ 6 bilhões que gestoras como BTG Pactual e Prosperitas possuem em papéis do Fundo de Compensação de Variações Salariais (FCVS), instrumento usado pelo governo para quitar saldos residuais gerados pela inflação galopante dos anos 80.


Quase dez anos atrás, os investidores começaram a correr atrás desses papéis de olho na possibilidade de obter ganhos financeiros com essa dívida que o Tesouro Nacional se comprometeu a pagar até 2027. O objetivo era comprar com desconto os créditos das instituições que financiaram a habitação, antecipando recursos a elas. Depois, quando o governo quitasse a dívida, os investidores embolsariam a diferença.
Agora há dúvidas se essa foi uma aposta correta, já que o ritmo de reconhecimento da dívida pelo governo está abaixo do previsto, comprometendo a rentabilidade. Para conseguir recuperar o investimento, fundos como o GP Aetatis II, da Prosperitas - colocado em observação negativa pela agência de risco Fitch , porque a velocidade de conversão do FCVS está abaixo da prevista - já estão prorrogando seu prazo de duração.

É difícil precisar quanto do FCVS está com investidores. Os R$ 6 bilhões mencionados referem-se só àquilo que está em análise na Caixa Econômica Federal, a gestora do fundo. Outros R$ 9,1 bilhões também estão sendo examinados pela Caixa, mas pertencem aos bancos originadores dos financiamentos.

Ao todo, a dívida que o FCVS assumiu é muito maior: são R$ 170,3 bilhões. O fundo considera que R$ 87,5 bilhões já foram convertidos em títulos do Tesouro ou quitados de outras formas. Em papéis efetivamente emitidos, o Tesouro contabiliza R$ 56 bilhões. O restante precisa ser liquidado até 2027. Para se ter uma ideia do atraso, neste ano até agora, dos R$ 15,1 bilhões que os investidores apresentaram à Caixa, só R$ 800 milhões viraram papéis de dívida do governo.

De acordo com Rogério Caldas, superintendente de fundos do governo da Caixa, a demora se deve justamente ao fato de parte da dívida ter sido comprada por investidores. "O processo se tornou mais lento com o mercado secundário. Dá mais trabalho para se analisar a documentação. Temos de ter cuidado para ver a autenticidade dos papéis", diz ele. Segundo investidores, tem levado mais de um ano para as dívidas serem reconhecidas, sendo que o processo levava, no máximo, quatro meses.

A dúvida agora é: o governo quitará o FCVS até 2027, como prometido? "Capacidade para pagar o Tesouro tem, mas vamos ver", afirma Caldas. O atraso acaba de alguma forma beneficiando o governo, que não precisa fazer os desembolsos para quitar a dívida. Em 2009, o Tesouro reservou R$ 4 bilhões para pagar o FCVS, mas só desembolsou R$ 676 milhões. Neste ano, R$ 6 bilhões estão separados, mas só R$ 800 milhões foram usados.

"É difícil explicar para os cotistas o que está acontecendo. Eles colocaram o dinheiro no passado e agora querem o retorno", diz Luciano Lewandovski, gestor da Prosperitas, cujo fundo tem R$ 105,5 milhões em créditos com o FCVS.

Diante da morosidade, alguns investidores estão buscando dar outro destino aos créditos do FCVS. O BTG Pactual, por exemplo, já emitiu mais de R$ 200 milhões em Certificados deRecebíveis Imobiliários (CRI) lastreados no FCVS. Quem comprou os papéis tem a garantia de recompra por parte do banco. Com isso, pelo menos temporariamente, o BTG transforma um ativo que estava parado em seu balanço em dinheiro. Mesmo tendo a obrigação de pagar os investidores, essa emissão custa menos do que o preço que pagaria por um Certificado de Depósito Bancário (CDB). Isso porque as pessoas físicas são isentas de Imposto de Renda quando compram um CRI e essa vantagem acaba sendo repassada para a taxa de remuneração do papel. Por uma recente emissão de CRI lastreada em FCVS com duração de dois anos, o BTG pagou 94% do Depósito Interfinanceiro (DI). Procurados, o BTG Pactual e a securitizadora Gaia, que estruturou a operação, não se pronunciaram.

Ipsis Litteris

Valor Econômico - São Paulo/SP - FINANÇAS - 26/10/2010

Fundo de Compensação de Variações Salariais (FCVS) foi criado pelo governo federal em 1967 com o objetivo de cobrir os saldos residuais de quem fez financiamento imobiliário

Lançado para subsidiar a aquisição da casa própria, na década de 80, o fundo passou a absorver o impacto da inflação elevada daquele período.

Enquanto o saldo devedor dos mutuários crescia a um ritmo galopante, as prestações subiam a passos mais lentos. Para que as instituições financeiras não arcassem com o prejuízo, essa diferença foi sendo absorvida ao longo do tempo pelo governo, por meio do FCVS, que acumulou um total de R$ 170,2 bilhões em dívidas.

Desde 2000, para os agentes financeiros receberem esse valor que ficou em aberto, eles precisam apresentar a documentação para o FCVS, que é administrado pela Caixa Econômica Federal. Se a papelada estiver em ordem, a dívida é convertida em um título chamado CVS, de emissão do Tesouro Nacional, com vencimento em 2027. Os papéis são corrigidos pela Taxa Referencial mais um juro de 6,17% ou 3,12% ao ano, dependendo da origem do crédito.

Depois de um período de carência, desde 2006, o Tesouro já paga aos detentores de CVS os juros. No ano passado, também passou a reembolsar o principal. A meta é acabar com a dívida até 2027.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Invista dinheiro e fique isento

MARCIA DESSES - marcia.dessen@bmibrasil.com.br

Poupar parte de nossa renda não é uma tarefa fácil. Abrir mão do sonho de consumo imediato e guardar dinheiro para financiar projetos futuros, menos ainda. Para escolher o investimento com a adequada relação risco-retorno e que atenda nossos objetivos precisamos, na maioria das vezes, da ajuda de especialistas. Depois de todo esse esforço, dividir os ganhos com o governo não parece justo, não é mesmo? Mas o imposto que incide sobre nossa renda e nossos rendimentos é inexorável e obrigatório. Então, vamos tirar proveito das isenções concedidas pela Receita Federal e ficar com 100% dos rendimentos proporcionados pelo investimento feito.

RENDA FIXA
Além dos depósitos em poupança, outras aplicações em títulos de renda fixa são isentas do Imposto de Renda para pessoas físicas. Letras hipotecárias, letras imobiliárias, certificados de recebíveis imobiliários, letras de crédito do agronegócio e cédulas de produto rural são exemplos de operações isentas do imposto. Só tem um problema: encontrar essa agulha no palheiro. Como a demanda é muito maior do que a oferta, poucos e privilegiados investidores conseguem ter acesso a esses instrumentos. Pesquise com sua instituição financeira sobre a disponibilidade e a política de distribuição.

AÇÕES DIRETO EM BOLSA
Esse é um terreno fértil, democrático, de fácil acesso aos investidores em geral que aplicam parte de seus recursos em ações, fazendo suas operações de compra e venda diretamente em Bolsa de Valores ou em mercado de balcão organizado. Os dividendos distribuídos pelas companhias de capital aberto são isentos do IR. E, nesse caso, não se trata de isenção da Receita -a companhia já recolheu o imposto sobre os lucros.
O ganho de capital líquido -resultado positivo entre o valor de venda e o de compra das ações- está sujeito a o IR de 15%. Entretanto, essa regra se aplica somente nos casos em que o valor da venda tenha superado a R$ 20 mil. Vale para o conjunto de operações realizadas em cada mês.

OURO
Assim como ocorre no investimento em ações, o ganho de capital das aplicações em ouro, ativo financeiro, também está isento do IR nas operações cujo valor de venda não tenha superado R$ 20 mil em cada mês.

FUNDO IMOBILIÁRIO
As aplicações em fundo imobiliário contam com a isenção do IR sobre rendimentos distribuídos pelo fundo e eventual ganho de capital na venda das cotas no mercado secundário. Entretanto, a Receita impõe algumas exigências para que o investidor se beneficie dessa isenção.
O fundo deve atender ao conjunto de três exigências:
(1) As cotas do fundo devem ser negociadas em Bolsa ou balcão organizado;
(2) O fundo deve ter, no mínimo, 50 cotistas;
(3) Nenhum cotista deve deter 10% ou mais do patrimônio do fundo.
Muita atenção! O fundo imobiliário é fechado. Significa que o investidor não pode solicitar resgate de suas cotas como acontece com os fundos de investimento em geral.
Para receber seu dinheiro de volta, ele deve aguardar a data de encerramento do fundo ou negociar suas cotas em Bolsa ou balcão organizado. Verifique, antes de investir, se o fundo imobiliário que você está analisando atende aos três quesitos exigidos pela Receita.
Muitos dos fundos imobiliários oferecidos no mercado não têm essa política e não são adequados para quem deseja ficar isento do IR, que será de 20% nos casos de fundos imobiliários que não apresentam o conjunto citado.
MARCIA DESSEN, Certified Financial Planner, é sócia e diretora-executiva do BMI Brazilian Management Institute, professora convidada da Fundação Dom Cabral e cofundadora do Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros.

sábado, 23 de outubro de 2010

Pequena e média construtora vive nova fase

Valor Econômico – 22/10)

As empresas pequenas e médias do setor de construção civil vivem uma realidade totalmente nova e inédita. Sofrem um forte assédio dos fundos imobiliários que precisam de ativos reais para lastrear seus produtos financeiros – em fase de registro ou captação já são R$ 9 bilhões – além dos já presentes investidores estrangeiros e private equity. Das novatas às mais antigas, donos de diferentes empresas reúnem-se com potenciais investidores. E o mais interessante – e improvável em outros momentos – é que o convite sempre parte dos donos do dinheiro.

São dois interesses combinados: empresas com experiência, mas sem capital para fazer a operação crescer na velocidade que o mercado comporta, e gente com dinheiro, mas sem o know-how do setor. O interesse dos fundos imobiliários é investir nos projeto, diretamente nas SPEs (sociedade de propósito específico). Nesse caso, o risco está limitado ao empreendimento e não à empresa. Captam rentabilidade da incorporação desde o início. “Os fundos batem à minha porta com muita frequência”, afirma Alexandre Frankel, da Vitacon, empresa que aposta em empreendimentos compactos em bairros nobres de São Paulo e tem previsão de vendas de R$ 350 milhões este ano. Pode parecer arrogância, mas é a nova realidade do mercado imobiliário.


Cada empresário, a seu modo, conta do assédio. “São quatro fundos conversando com a gente”, diz o dono da Upcon, Guilherme Benevides, filho de Gilberto Benevides, um dos sócios da Company, que foi vendida à Brascan, hoje Brookfield. “Nosso problema agora está em apenas montar um bom negócio”, diz.


A GMK incorporadora, empresa de 26 anos, que deve vender entre R$ 200 e R$ 250 milhões este ano, assinou ontem parceria com a espanhola Procupisa, que no Brasil é representada pelo ex-jogador de futebol Mauro Silva. A empresa espanhola entrará em dois empreendimentos em Diadema, dentro do Minha Casa, Minha Vida, com um total de 1100 unidades e R$ 130 milhões de VGV. “Essa é a hora que a gente tem para aparecer, as empresas médias nunca tiveram um momento tão favorável”, diz André Kovari, diretor da GMK, empresa fundada por seu pai. Segundo André, outros dois investidores estrangeiros estiveram conversando com a empresa.

Mesmo empresas em início de operação sentem o assédio. A you,inc, incorporadora criada este ano pelo empresário Abrão Muszkat, ex-sócio da Even, já nasceu com aporte de US$ 50 milhões do fundo de investimento americano Palladin. Ainda assim, recebe várias consultas de interessados em entrar direto nos empreendimentos. “Só esta semana falei com três e o ritmo tem sido esse”, afirma Eduardo Muszkat, diretor da companhia. “São dois tipos de investidores diferentes, os que querem entrar nos projetos e os interessados nas empresas. E os dois estão batendo na porta das companhias”, diz Muszkat, egresso do mercado financeiro. Segundo o executivo, os fundos internacionais estão muito interessados porque a rentabilidade aqui está acima da média mundial.

A oferta de capital é ampla e vem de várias fontes. O financiamento à produção, que antes era difícil de conseguir, está mais acessível. “Os bancos nem nos recebiam antes, agora a situação mudou”, afirma fonte de uma empresa. Só a Caixa Econômica Federal deve disponibilizar R$ 70 milhões este ano. Os bancos privados, como Itaú, Bradesco e Santander, também avançam rapidamente no crédito imobiliário, especialmente no segmento de financiamento à produção – concedido às construtoras. O interesse nesse tipo de financiamento é maior até do que o crédito à pessoa física.

Apesar do farto volume disponível nos fundos imobiliários – mais de R$ 9 bilhões, três vezes mais que no ano passado inteiro – há empresas que veem com certa cautela o súbito interesse. “Eles exigem que você entregue quase todo resultado para o fundo”, afirma o dono de uma empresa. Na sua opinião, é o capital mais caro que existe no momento e exige avaliação minuciosa por parte dos empreendedores.

Mesmo com mais capital disponível para produção, a compra de terrenos ainda é um problema para empresas menores. E, na atual situação de mercado, está cada vez mais difícil conseguir permuta com o dono do terreno. É aí que a necessidade de capital se faz mais presente. Em função do aquecimento do mercado imobiliário e de todas as mudanças que estão acontecendo no setor, as incorporadoras médias começam a ter de trabalhar como as grandes, em certos aspectos. O mais evidente é a a necessidade de formar um banco de terrenos.

Antes, essas companhias compravam um terreno de cada vez, construíam e partiam para a próxima empreitada. Agora, por conta da concorrência, das dificuldades de aprovação dos projetos nas grandes cidades e, principalmente, pelo temor de que os preços dos terrenos possam subir ainda mais, tornou-se imperativo formar um banco de terrenos, o tal “land bank” tão usado em 2007 para atrair investidores e abrir o capital das construtoras.

Se antes, o horizonte para compra de terrenos de uma empresa média era de um ano, passou para dois a três – ainda menor que o das companhias abertas, que passa de cinco anos . “O mercado te obriga a ter um banco de terrenos mais significativo, ainda que não seja interessante deixar tanto dinheiro imobilizado”, diz Frankel, da Vitacon. Além de operar com capital próprio, a empresa trabalha com um modelo antigo no mercado – o investimento de pessoas físicas nos empreendimentos. Para Benevides, da Upcon, como há muitos projetos parados na prefeitura, engordar o banco de terrenos tornou-se importante para dar fluxo à companhia.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Tempo de agir para os investidores pessoa física

Valor Econômico - São Paulo/SP - EU & INVESTIMENTOS - 22/10/2010 



Ricardo Binelli


Em matéria publicada recentemente, o Valor explorou o fato de que a remuneração de 1% ao mês está cada vez mais distante do investidor brasileiro. A informação é relevante e deve provocar a reflexão de todos que estejam planejando o seu futuro.
Há uma expressiva queda no resultado de uma aplicação de R$ 100 mil, durante 20 anos, à taxa de juros real vigente em cada um dos quinze anos entre 1996 e 2010. Se à taxa do primeiro ano acumulava-se um montante de R$ 2,45 milhões além da inflação; hoje, o valor chega a apenas R$ 270 mil.
Essa queda na remuneração das aplicações tradicionais de renda fixa é um processo irreversível e obrigará o investidor brasileiro a abandonar a cômoda posição que as altas taxas de juros lhe permitiam assumir.
Primeiramente, o investidor deverá perceber que quanto menor a taxa de juros na economia, mais relevantes serão décimos de rentabilidade adicional. Diferenças que não motivavam sequer um telefonema ao gerente devem passar a mobilizar o seu instinto de preservação e a busca por remunerações maiores.
Em segundo lugar, o investidor precisará rever o prazo de investimento. Em virtude dos anos de incerteza vivenciados, a preferência geral ainda é por aplicações mais curtas. Mas se os juros caírem ali na frente, aplicações mais longas farão sentido, pois permitirão garantir por um prazo maior remunerações que deixarão de existir.
Um exemplo é uma comparação de uma aplicação de R$ 100 mil remunerada por taxas equivalentes a 100% e a 90% do CDI. A diferença de rentabilidade, que no primeiro ano atinge R$ 1.075,00, pode parecer insuficiente para motivar o investidor a agir. Mas essa diferença ganha proporções relevantes após 20 anos, quanto atinge R$ 136.588,22
A educação é outro ponto a ser priorizado. Se as aplicações tradicionais perdem eficácia, é fundamental conhecer outros instrumentos. Não dá mais para ter ojeriza a termos técnicos e a produtos novos. As pessoas devem buscar incorporar o mercado financeiro em suas vidas, tornando a prática do investimento algo habitual. Nesse sentido, a orientação de especialistas ganha especial relevância e deve ser buscada pelos investidores como uma prioridade.
É importante a percepção de que a perda de atratividade é mais intensa nos produtos tradicionais, de domínio público, em que a maior demanda acaba gerando taxas menos atraentes. Quando o investidor se abre para outras alternativas percebe que existem opções com riscos absolutamente aceitáveis e remunerações bem mais robustas.
Fundos de Recebíveis, os FIDCs: justamente por serem produtos de maior complexidade e geralmente com prazos mais longos, esses fundos ainda oferecem prêmios de remuneração. Não é raro encontrarmos FIDCs com classificação de risco "Triplo A" de uma agência de classificação de risco reconhecida internacionalmente com uma rentabilidade alvo entre 115% e 120% do CDI.
Fundos Imobiliários e Certificados de Recebíveis Imobiliários, os CRIs: apesar de seu histórico superior a 15 anos, o patrimônio investido em fundos imobiliários no Brasil ainda não chega a 1% de participação na indústria de fundos. Por essa razão, ainda proporcionam uma rentabilidade diferenciada.
Temos visto o lançamento de fundos imobiliários que se propõem a adquirir CRIs e almejam rentabilizar seus cotistas em IGPM+8% ao ano. Um retorno atraente e que se torna ainda mais interessante em virtude da isenção de imposto de renda sobre os ganhos para a pessoa física, própria desses produtos.
Não há dúvida! Os investidores brasileiros têm um belo dever de casa pela frente se quiserem reduzir ou adiar o impacto da queda da taxa de juros no retorno de seus portfólios. É vital que assumam uma postura proativa e aberta a novos instrumentos de investimento que hoje ainda oferecem prêmios de rentabilidade.
E, sem abrir mão da compreensão dos riscos, deverão ter em mente que tão logo os conceitos sejam melhor difundidos e esses produtos passem a constar das prateleiras das casas de investimento, os prêmios hoje existentes cairão ou deixarão de existir. É tempo de agir.
Ricardo Binelli é sócio-diretor da Petra - Personal Trader CTVM S/A
E-mail ricardo.binelli@petracorretora. com.br
Este artigo reflete as opiniões do autor, e não do jornal Valor Econômico. O jornal não se responsabiliza e nem pode ser responsabilizado pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

InPar prepara captação de R$ 300 milhões

Denise Carvalho

21.10.2010

A incorporadora e construtora InPar, controlada pelo fundo americano de participações Paladin, estuda fazer a emissão de 300 milhões de reais em debêntures nas próximas semanas, em parceria com a Caixa Econômica Federal (CEF). Segundo EXAME apurou, a InPar está na fase de discussão dos termos do contrato com a instituição financeira, que usará recursos do FGTS para estruturar a operação.

Quando for concluída, essa emissão será a primeira grande operação de financiamento da InPar com um banco desde que a família Parizotto, fundadora da empresa, vendeu o seu controle para o fundo americano, em dezembro de 2008.

A captação via debêntures deve permitir à InPar reforçar sua atuação no programa habitacional do governo federal Minha Casa, Minha Vida. Pelo programa, os recursos serão utilizados no lançamento de imóveis voltados para os segmentos econômico e supereconômico, com preços que variam entre 80.000 e 200.000 reais. Segundo EXAME apurou, esse segmento já representa aproximadamente 30% dos lançamentos da InPar.

Reestruturação

No primeiro semestre de 2010, a incorporadora lançou 215 milhões de reais em volume geral de vendas (conhecido no mercado pela sigla VGV). Esse volume foi 50% maior que o VGV lançado em todo o ano de 2009, de 142 milhões de reais. O total é praticamente irrisório, se comparado aos lançamentos feitos em 2008 e 2007, que somaram, respectivamente, 822 milhões de reais e 1,3 bilhão de reais.

No ano passado, o fundo Paladin praticamente paralisou as operações e reduziu os lançamentos da InPar para reestruturar as finanças. O trabalho incluiu a venda de ativos e duas emissões de ações, uma de 180 milhões de reais, no primeiro trimestre de 2009, e outra em janeiro de 2010.

Procurada pela reportagem, a empresa informou, por meio da assessoria, que não há, no momento, nenhuma emissão de debêntures aprovada pelo conselho e pela assembléia de acionistas da InPar.

Anbima quer mudanças em código para fundos

Valor Econômico - São Paulo/SP - EU & INVESTIMENTOS - 21/10/2010
Luciana Monteiro
De São Paulo

A Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) está aprimorando seu código de Regulação e Melhores Práticas. A entidade colocou em audiência pública um minuta que trata de três pontos: a utilização de um questionário padrão na hora de uma entidade escolher qual fundo vai distribuir; requisitos para aquisição de crédito privado; e ajustes na regulação dos fundos de direitos creditórios (FIDCs).


No primeiro caso, a intenção é padronizar os processos de diligência realizados pelos bancos nos gestores (a chamada "due diligence"). A ideia é que as análises produzidas sejam homogêneas e que estejam submetidas ao código de autorregulação da entidade, diz Regis de Abreu Filho, diretor da Anbima.

Hoje, quando um banco ou instituição financeira quer avaliar um gestor antes de distribuir um fundo, não há um modelo único a ser seguido. Cada um busca as informações que julga necessárias. Mas, na hipótese de algum desvio de conduta do gestor, por exemplo, o banco não tem a quem recorrer. E, ao colocar as diretrizes no código de regulação e melhores práticas, em caso de descumprimento, o banco poderá levar a questão à Anbima, esclarece Abreu. Nesse caso, após uma verificação, se constatada má fé, o gestor será multado ou poderá até ter uma punição maior, como expulsão.

O questionário é composto por 200 perguntas que levam em conta o quadro societário da asset, principais alterações na estrutura societária nos últimos cinco anos, percentual detido pelos cinco maiores distribuidores ou alocadores no volume total da gestora, histórico de volume, mudanças na equipe de pesquisa nos últimos cinco anos etc.

Outro aprimoramento do código está na indicação de requisitos básicos que o gestor deve ter ao adquirir papéis de crédito privado. "Houve uma profusão de ativos ligados à securitização de crédito e queremos fornecer ao gestor um checklist para a aquisição responsável desses títulos", diz o diretor da Anbima.

Regis lembra que, antes, os fundos mantinham em carteira títulos públicos e apenas alguns ativos de crédito, como CDBs, além de debêntures, sobretudo de grandes empresas, em geral. À medida que a percepção de risco dos papéis do governo diminuiu - sobretudo após a obtenção da classificação de baixo risco ("investment grade") -, os títulos privados ganharam mercado.

"Mas há uma gama enorme de empresas de pequeno porte, que normalmente têm a oferecer recebíveis", afirma Abreu, citando as Cédulas de Crédito Bancário (CCBs), Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRIs) e Letras de Crédito Agrícola (LCAs). "E são ativos mais complexos, nem sempre oferecidos ao público em geral e que requerem uma análise maior."

De acordo com a minuta, uma das exigências é a de que a gestora mantenha uma área segregada de análise de crédito, só comprar CCBs auditados, monitorar o risco de crédito envolvido na operação, além de adquirir apenas crédito privado de emissores pessoas jurídicas e que tenham suas demonstrações financeiras auditadas por auditor independente.

Segundo o diretor da Anbima, a mudança foi motivada pelos casos de fundos com problemas com títulos de crédito privado na carteira, principalmente CCBs. Para Regis, esse tipo de papel acaba ficando numa área nebulosa em termos de fiscalização, porque podem ser considerados ou não valores mobiliários, dependendo do caso. Se for considerado como ativo mobiliário, são regulados e supervisionados pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Caso sejam ativos financeiros, são de responsabilidade do Banco Central.

Por fim, o código pretende trazer alterações também para os fundos de direitos creditórios (FIDCs). Nessa área, a intenção é segregar os fundos em categorias e deixar claro os riscos da aplicação. O documento em audiência pública exige que, no prospecto, se deve enfatizar o risco de crédito dos devedores dos direitos creditórios e demais ativos da carteira, além dos de liquidez, operacionais, de pré-pagamento e possíveis conflitos de interesse.

Prosperitas negocia compra da Cipasa

Valor Econômico - São Paulo/SP - EMPRESAS - 21/10/2010
Carolina Mandl e Daniela DAmbrosio

De São Paulo

A Prosperitas, gestora de fundos imobiliários, está negociando a compra do controle da Cipasa, empresa de loteamentos do grupo imobiliário LDI. Segundo o Valor apurou, o fundo ficará com 75% da companhia e os outros 25% permanecem com um grupo de quatro sócios fundadores da companhia, que ocupam cargos executivos na companhia. A Cipasa está avaliada em R$ 150 milhões.


O negócio está em fase adiantada e deve ser fechado em cerca de 30 dias. A Cipasa deixará de fazer parte da LDI, holding de incorporação imobiliária do grupo Lindenberg e voltará às mãos de dos sócios, entre os quais, Sérgio Villas Boas, atual presidente da companhia, e Ivo Szterling. Segundo fontes do mercado, há cerca de um ano, os executivos manifestaram o interesse em sair da holding e voltar a ter apenas a companhia que fundaram. Já o grupo LDI - que reúne a construtora Adolpho Lindenberg, de alto padrão, a incorporadora Lindencorp e a REP, empresa de centros comerciais - estaria mais interessada em se concentrar no mercado de incorporação.

Procurada pelo Valor, a Prosperitas negou a informação. A gestora, que já tem R$ 2,7 bilhões em ativos sob gestão, captou recentemente um novo fundo de R$ 1 bilhão com investidores estrangeiros. O foco principal da Prosperitas é a incorporação imobiliária, principalmente de shoppings center, loteamentos e logística. Hoje, na área de loteamento residencial, a gestora acumula um estoque de terrenos com potencial de R$ 1 bilhão em vendas. Já é sócia, por exemplo, do projeto Lagoa Serena, em Campinas (SP), juntamente com a loteadora Swiss Park. Em outros empreendimentos, a Prosperitas apenas fez uma parceria com a Swiss Park.

Procurada, a Cipasa não confirmou a informação. Criada em 1989, a companhia já lançou mais de 38 empreendimentos. Tem cerca de 21 mil unidades comercializadas e 22,5 milhões de metros quadrados em loteamentos espalhados pelo Estado de São Paulo. Têm empreendimentos de alto padrão, como Quinta do Golfe, em São José do Rio Preto, duas parcerias com Alphaville e, na maioria, empreendimentos para classe média baixa.

Em entrevista recente ao Valor, a Cipasa falou do interesse de expandir sua atuação para o Rio de Janeiro e a região Sul do país e da parceria com incorporadoras para lançar projetos com casas prontas e acelerar o processo de expansão da companhia. A previsão de vendas é de R$ 100 milhões este ano.

O mercado de loteamentos tem uma forma de atuação que difere do restante do setor. Além de ser muito restrito. São poucas empresas - Alphaville, Scopel (único investimento do fundo Carlyle na área imobiliária) e Cipasa são as maiores - e exigem "kow-how" para aprovação dos projetos, além da implantação de infraestrutura. As empresas nunca compram terras. Como os processos de aprovação são longos e morosos, o risco seria muito grande. Por isso, fecham permuta financeira com o dono da terra, que costuma ficar com uma participação que varia entre 30% e 50% da venda dos lotes.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Kinea pretende levantar até US500 milhões para private equity

Plantão
Publicada em 18/10/2010 às 11h57m

Reuters/Brasil Online

SÃO PAULO (Reuters) - A Kinea, braço de investimentos do Itaú Unibanco, se prepara para decolar no efervescente mercado de private equity com um fundo de até 500 milhões de dólares.

A ideia é comprar participações minoritárias em empresas médias em segmentos como varejo, educação, saúde ou que se beneficiem da melhora da infraestrutura, algumas das quais exibem ritmo de crescimento de dois dígitos por ano, disse à Reuters o responsável pela área de private equity da Kinea, Cristiano Lauretti.

"Mesmo que as taxas de juros de hoje não se mantenham baixas nesses níveis por muito tempo, o investimento em private equity no Brasil é muito positivo nos próximos anos por causa da expectativa de crescimento da economia", disse.

Antes de levantar o fundo, a instituição já deve anunciar nas próximas semanas a compra de uma fatia numa empresa de médio porte por cerca de 200 milhões de reais, já adiantando qual a dimensão dos negócios que a Kinea pretende fazer.

"Não vamos ter transações com valor menor que 60 milhões de reais", afirmou Lauretti.

O plano é reproduzir o modelo da AIG Capital Partners, onde o executivo atuou desde 2000, com investimentos em companhias hoje conhecidas como Gol, Fertilizantes Heringer e Providência.

De lá veio a equipe de cinco profissionais liderados por Lauretti que toca a área de private equity, a mais jovem da Kinea, hoje com cerca de 250 milhões de reais sob gestão.

É uma fatia pequena em relação aos 2,2 bilhões de reais da carteira total da Kinea, considerando segmentos como hedge funds e fundos imobiliários.

A estratégia de comprar participações minoritárias em empresas médias com alto potencial de crescimento baseia-se no diagnóstico de que o controle desse tipo de negócio ficou muito caro, devido à forte competição de outros grupos de private equity, incluindo estrangeiros, dado que o Brasil é visto hoje como uma das melhores apostas no mundo para investimentos de longo prazo.

Em vez do controle, disse Lauretti, a tática será ter uma participação menor no capital das empresas, mas suficiente para permitir influência na gestão do negócio, seja indicando o diretor financeiro ou um membro do conselho de administração.

"Temos a placa do Itaú, que é uma vantagem importante", afirmou o executivo.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

WTorre vai pagar R$ 75 milhões ao Santander para pôr fim à disputa

Daniela D'Ambrosio

18.10.2010

A WTorre e o banco Santander, sócio da companhia com 8,55% do seu capital social, chegaram a um acordo sobre o atraso de seis meses na entrega da sede da instituição financeira. Segundo o Valor apurou, o valor acertado entre os sócios ficou em R$ 75 milhões, pouco acima da metade do montante que era pedido pelo banco. Antes do acordo, o Santander cobrava multa de R$ 135 milhões e a construtora estava disposta a pagar R$ 18 milhões.

A instituição financeira espanhola havia retido os R$ 135 milhões que ainda tinha a pagar pelo edifício, referente ao atraso de cerca de seis meses. O prédio - localizado na região sul da capital paulista - foi vendido pela WTorre por R$ 1,06 bilhão em junho de 2008. Antes do acerto, a construtora alegava que a multa deveria ser de R$ 18 milhões (valor relativo a dois meses de atraso) e inclusive havia provisionado esse valor no balanço. O compromisso de compra e venda previa multa de mais de R$ 700 mil por dia pelo atraso.

As partes sentaram para conversar há cerca de três meses e resolveram negociar diretamente, dispensando a Câmara de Arbitragem Brasil-Canadá, onde tramita o processo. A escolha da Câmara - na qual não há possibilidade de uma das partes recorrer à instância superior - havia sido feita por ambas e estava prevista no contrato de compra e venda.

O Valor apurou que a transação incluiu, ainda, a venda de uma área adicional para o Santander no valor de R$ 20 milhões. Trata-se de uma metragem adicional dentro do complexo para que o banco possa ampliar suas instalações.

A entrega da nova sede do Santander, que integra o Complexo JK na Marginal Pinheiros, estava prevista para dezembro de 2008, mas só aconteceu em junho de 2009. Antes desse acordo, a WTorre admitia sua responsabilidade pelo atraso na obra até fevereiro de 2009. Os outros meses, no seu entender, referiam-se à demora na entrega do "habite-se" - alvará concedido pela prefeitura para que qualquer edifício possa ser ocupado, após o cumprimento de todas as exigências previstas. A empresa assinou acordo com a prefeitura para execução de obras viárias na região.

Com alto endividamento de curto prazo no balanço do segundo trimestre e sem fazer a abertura de capital, a WTorre elaborou um plano de reestruturação para se capitalizar. Seguiu com a venda de ativos - estratégia iniciada no fim do ano passado - irá criar fundos imobiliários com lastro em seus empreendimentos e deve fechar parcerias com sócios.

A última transação da companhia foi à venda das duas torres de escritórios do Complexo JK, previstas para serem entregues no final do próximo ano para o BTG Pactual, que tem feito vários investimentos na área imobiliária. O complexo inclui, além das duas torres, a sede do Santander, o shopping JK Iguatemi e a Villa Daslu, que será totalmente reformada. A WTorre também fez parceria com o BTG para desenvolvimento de um edifício comercial, com 160 mil metros quadrados, que deve ser o maior do país.

Governo facilitará uso de recebíveis para aumentar crédito à habitação

O Globo - Rio de Janeiro/RJ - ECONOMIA - 16/10/2010 - 03:54:58

Medida em estudo prevê regra de transição para exigência de aplicação da poupança


Martha Beck

BRASÍLIA. Preocupado com o risco de a poupança não ter fôlego para atender toda a demanda por crédito habitacional nos próximos anos, o governo vai anunciar em breve medidas para estimular os bancos a utilizarem outras fontes de financiamento para essa área. Uma delas será o incentivo à securitização, ou seja, a venda de títulos vinculados a contratos imobiliários no mercado. Esse tipo de operação é comum em países com mercado imobiliário desenvolvido, mas ainda engatinha no Brasil. Enquanto a poupança responde hoje por mais de 70% do financiamento habitacional no Brasil, os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) — papéis emitidos na securitização — são apenas 2%.

Os bancos têm hoje que aplicar 65% dos depósitos na poupança em habitação. O problema é que, quando securitizam um crédito, esse valor deixa de ser contabilizado dentro do percentual obrigatório.

Por isso, se uma instituição decidir investir pesado na securitização de uma vez, ela corre o risco de ficar desenquadrada e não conseguir cumprir o limite de 65%.

— Tem muita gente querendo securitizar créditos. Por isso, a ideia é criarmos uma regra de transição pela qual essas operações não deixem os bancos desenquadrados — disse um técnico do governo.

O governo vai fixar um prazo para que a securitização seja contabilizada nos limites da caderneta.

Se um banco securitizar R$ 10 bilhões, por exemplo, esse valor vai aparecer na exigibilidade da poupança gradualmente, num período que pode chegar a cinco anos. No primeiro, seriam apenas R$ 2 bilhões, no segundo mais R$ 2 bilhões e assim por diante.

Para o presidente da Companhia Brasileira de Securitização (Cibrasec), Fernando Brasileiro, a medida é importante para desenvolver o mercado imobiliário. Segundo ele, o estoque de CRIs chega hoje a R$ 20 bilhões, o que equivale a cerca de 2% do funding (fonte de recursos) de habitação no Brasil. Na Colômbia, por exemplo, essa participação chega a 30%.

— Mas aos poucos esse quadro está mudando. Em 2005, o total de CRIs emitidos somou R$ 2 bilhões, mas este ano, devemos chegar a R$ 7 bilhões — disse Brasileiro.

Brasil precisará, até 2013, de R$ 100 bi extras para o setor A poupança já financiou em 2010 até agosto 263.701 mil unidades, num montante que soma R$ 34,019 bilhões. Esse volume representa um crescimento de quase 74% sobre o mesmo período em 2009. No entanto, a previsão da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) é que o Brasil necessite, já em 2013, de R$ 100 bilhões de recursos adicionais para financiar o setor. O déficit habitacional brasileiro é hoje de quase seis milhões de unidades.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

PDG quer captar R$ 405 milhões com recebíveis

DCI - São Paulo/SP - CAPA - 14/10/2010
PanoramaBrasil


SÃO PAULO - A PDG Securitizadora emitirá 1.350 certificados de recebíveis imobiliários (CRIs) da terceira série da terceira emissão com valor unitário de R$ 300 mil, perfazendo o montante total de R$ 405 milhões.

Os créditos imobiliários vinculados à emissão baseiam-se em cédulas de crédito bancário emitidas pela Goldfarb Incorporações e Construções e pela Agra Empreendimentos Imobiliários. Os CRIs terão prazo de 95 meses e 20 dias a partir da data de emissão e remuneração de 107% dos DI (Depósitos Interfinanceiros) de um dia. Não haverá amortização programada do valor nominal unitário dos CRI, que será pago integralmente na data de vencimento.

A oferta tem como público-alvo investidores qualificados, incluindo pessoas físicas e jurídicas cujas ordens específicas de investimento representem valor superior a R$ 300 mil, fundos e clubes de investimento, carteiras administradas, fundos de pensão, entre outros. O coordenador da distribuição é o Itaú BBA.

A PDG Securitizadora emitirá 1.350 certificados de recebíveis imobiliários (CRIs) da terceira série da terceira emissão com valor unitário de R$ 300 mil, totalizando R$ 405 milhões.

Alvo agora deve ser operação cambial na BM&F

Valor Econômico - São Paulo/SP - FINANÇAS - 14/10/2010

Luciana Otoni e Claudia Safatle

De Brasília

Mantega diz que ainda é cedo para avaliar o impacto da elevação do IOF para investidores estrangeiros

O governo está preocupadíssimo com a valorização do real diante do dólar, moeda que tem se desvalorizado sistematicamente nas últimas semanas, e continua preparando medidas para frear esse processo. O alvo, agora, são as operações na BM&F. Uma das alternativas é aumentar a margem de garantia "intra-day" (operações realizadas ao longo do dia) nos contratos de derivativos cambiais. Ontem o ministro da Fazenda, Guido Mantega, retornou da reunião do Fundo Monetário Internacional, em Washington, e foi diretamente para um encontro com o presidente Lula., onde a questão cambial foi um dos temas conversados. O ministro disse que ainda é cedo para avaliar o impacto do aumento de 2% para 4% no IOF de investimento estrangeiro em renda fixa e adiantou que novas ações poderão ser adotadas.

Das três medidas já anunciadas pela Fazenda em menos de um mês para conter a valorização do real - elevação do IOF, liberação do Fundo Soberano para a compra de dólares e ampliação de limites de compra de moeda estrangeira por parte do Tesouro Nacional - somente o fundo ainda não foi efetivamente utilizado.

O governo prepara, também, o anúncio das medidas de aperfeiçoamento da estrutura de financiamento de longo prazo para as próximas três semanas. A data será definida pelo ministro Guido Mantega em acerto com o presidente Lula, e levará em consideração a conveniência ou não de se aguardar o resultado do segundo turno da eleição presidencial. O Ministério da Fazenda informou que o presidente quer detalhes das ações e avaliará as medidas de estímulo ao crédito de longo prazo quando estiverem concluídas e com os impactos das renúncias tributárias.

Entre as medidas em análise para implementação imediata consta a redução do Imposto de Renda no lançamento de debêntures, de debêntures vinculadas a projetos específicos de infraestrutura e para pessoas jurídicas que adquirirem Letras de Crédito Imobiliário. A finalidade é conferir liquidez a esses papéis para que sejam mais movimentados no mercado financeiro.

O governo também anunciará a criação da Agência Brasileira de Garantias, um órgão de regulação que terá a atribuição de administrar os fundos garantidores existentes, e o Eximbank.

Como uma parte dos estímulos depende de escolhas sobre desonerações que podem reduzir a receita tributária de forma expressiva e que implicam na seleção de segmentos produtivos a serem beneficiados, será apresentada na forma de recomendações ao próximo governo.

Dessa forma, a Fazenda deixará pronto para a próxima administração federal um estudo no qual recomendará a desoneração da folha de pagamento. A proposta é que seja feita uma redução gradual da Contribuição Previdenciária focada em alguns nichos de negócios, podendo abranger os segmentos da cadeia do petróleo.

Além de concluir a formulação das medidas do pacote de estímulo ao crédito de longo prazo e de monitorar o dólar na agenda de prioridades imposta pelo câmbio, a Fazenda prepara o boletim de conjuntura referente a agosto e setembro, que conterá projeções atualizadas da pasta para a economia e indicações sobre o comportamento do PIB no último trimestre e o "carry over" a ser transferido para 2011.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Mercado financeiro quer restringir IOF de 4%

 Objetivo é excluir das hipóteses de alíquotas quatro tipos de investimentos: em ações, em empresas emergentes, em fundos imobiliários e de participações

utor(es): Fabio Graner e Adriana Fernandes

O Estado de S. Paulo - 09/10/2010

O mercado financeiro pressiona o governo a alterar o decreto que elevou para 4% o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre capital estrangeiro e retirar algumas modalidades de investimentos da tributação mais alta adotada nesta semana.

A Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (Anbima) enviou ao Ministério da Fazenda um ofício pedindo que quatro tipos de investimentos sejam excluídos da taxação mais alta: fundos de ações, fundo de investimentos em empresas emergentes, fundos de investimentos imobiliários e fundos de investimentos em participações.

"Ainda que compreendamos as razões que levaram o governo a adotar a medida ora citada (IOF de 4%), entendemos que a manutenção do cenário de crescimento sustentável no longo prazo não pode prescindir da participação do capital estrangeiro na forma de investimentos diretos em companhias ou em setores-chaves da economia - tais como os de infraestrutura e imobiliário", diz a Anbima no documento obtido pela Agência Estado.

"Assim, entendemos que enquadrar essas modalidades de investimentos na alíquota de 4% acarreta prejuízos ao processo de financiamento do investimento direto de longo prazo", acrescenta a entidade. "Ademais, classificar essas modalidades de forma distinta ao próprio investimento em renda variável nos parece um tratamento assimétrico entre produtos que guardam características semelhantes.

Exceções. Pela nova regra do IOF, todas as formas de aplicação financeira estão sujeitas à alíquota de 4%. Só ficaram tributados em 2% os investimentos diretos em ações e no mercado de derivativos. Mesmo fundos de ações, que só compram papéis de empresas negociados na Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa) estão sujeitos ao tributo maior, porque, como regra geral definida pelo governo, qualquer fundo de investimento está enquadrado na alíquota de 4%.

Uma fonte do governo disse à Agência Estado que há espaço para negociações em torno do assunto, mas evitou entrar em detalhes sobre as reais chances de os pedidos serem aceitos.

Ao governo interessa sentar com o setor privado para discutir esse tema porque está pronta na área técnica uma série de medidas para estimular o mercado de crédito de longo prazo.

O objetivo dessas propostas, que ainda serão apresentadas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, é não deixar o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) sozinho no esforço de viabilizar os empreendimentos de longo prazo.

Mas, ao impor o IOF de 4% em debêntures (títulos de dívida privada) e em qualquer fundo de investimento (mesmo os que só aplicam em ações ou os que têm caráter de longo prazo, como os de empresas emergentes), o governo deu um sinal considerado contraditório pelo mercado.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

IOF atinge também investimento em capital

Cristiane Perini Lucchesi e Carolina Mandl

Valor Econômico - 07/10/2010

Câmbio: Alíquota passa de 2% para 4% do ingresso externo também para fundos de ações

O aumento da alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), de 2% para 4%, no ingresso dos recursos externos vai atingir inclusive o investimento, na forma de capital, em participação em projetos de infraestrutura ou do setor imobiliário. O dólar que vem ao Brasil para compra de fatia em empresas nos chamados fundos de "private equity" também passará a ser tributado em 4%.

"Essa medida é um desastre. É um problema porque eu imaginava que teria um valor para investir e agora vou ter menos dinheiro para comprar os ativos", afirma Luciano Lewandowski, sócio da Prosperitas, com foco em fundos de "private equity" imobiliários. A gestora ainda tem no exterior R$ 300 milhões do fundo Prosperitas II de R$ 1 bilhão levantado em 2007. Pelas regras anteriores, o IOF comeria R$ 6 milhões do ingresso. Agora, serão R$ 12 milhões.

Embora o ministro da Fazenda, Guido Mantega, tenha dito inicialmente que o imposto maior só recairia sobre transações de renda fixa, o investimento em fundos de ações e multimercados também será afetado. O ingresso de dólares para compra de debêntures e outros títulos privados e públicos de renda fixa paga 4%.

Essa é a interpretação dos escritórios de advocacia, bancos e fundos do decreto sobre o IOF, que foi republicado anteontem, na calada da noite, em edição especial do "Diário Oficial" ao qual o mercado só teve acesso na manhã de ontem. A primeira versão do decreto era completamente outra e trouxe muitas dúvidas.

O aumento do tributo para os investimentos em Fundos de Investimento em Participações (FIP), os fundos de private equity, e para Fundos de Investimento Imobiliário (FIP) vai no sentido contrário do que o governo vinha propagando, de reduzir a tributação para investimentos de mais longo prazo para financiar infraestrutura.

O mercado financeiro e integrantes de suas principais entidades não acreditam mais que o pacote para estimular o investimento de longo prazo no país saia tão cedo, pelo menos no que diz respeito ao investidor externo. Medidas como a desoneração do Imposto de Renda de 15% para a compra pelo estrangeiro de papéis privados de renda fixa, como debêntures, que chegaram a ser cogitada pelo governo, se torna cada vez mais improváveis, visto que a ordem do dia é tributar cada vez mais o dinheiro externo que entra no Brasil.

Economista de banco estrangeiro que preferiu não se identificar acredita que o governo poderia mesmo vir a voltar a aumentar o IOF, se o dólar continuar a derreter. E aposta até mesmo na volta do Imposto de Renda sobre o rendimento para títulos públicos.


Segundo Andrea Bazzo, sócia do escritório Mattos Filho, só continuará a ser tributado com 2% de IOF o ingresso de recursos para a compra pelo estrangeiro de ações no mercado primário ou secundário em bolsa. Cotas de fundos negociadas em bolsa também continuam pagando 2%. Transações de derivativos negociadas em bolsa, segundo ela, também serão tributadas com 2%, excluindo "operações que resultem em rendimentos predeterminados", que pagam 4%, explica ela. Isso significa que transações de derivativos de juros e câmbio pagam 2%, quando não resultarem em "rendimento predeterminado", diz Andrea Bazzo.

No caso dos Fundos de Investimento em Participações (FIPs), a mudança no pagamento do IOF atinge não apenas a captação de novos fundos, mas também daqueles que já foram levantados. Isso porque em "private equity" os aportes são feitos conforme as oportunidades de investimento.

O dinheiro para FIPs não vem todo na largada. Por isso, quem já captou um fundo vai ter de trabalhar muito mais para conseguir gerar a rentabilidade antes prometida, diz o executivo de uma gestora que só capta recursos do exterior.

Ontem, o Valor conversou com seis gestoras de fundos de "private equity". Entre todas elas há pelo menos dois pontos de consenso. O primeiro é que gerar a rentabilidade esperada para esse tipo de investimento se tornou bem mais difícil e o segundo, que o aumento da alíquota em si pode não afugentar o investidor, mas a insegurança que ela traz em relação a novas medidas do governo pode trazer esse efeito. Isso traz um fator insegurança para o mercado, diz um gestor.

A avaliação do advogado tributarista Renato Coelho, associado do escritório Souza, Cescon, é que o governo acabou atingindo com a medida algo bem diferente do capital especulativo. "Fundos de participações não são investimentos de curto prazo. E mais, eles são direcionados para o setor produtivo, investem em indústrias por muitos anos."

Para Marcelo Michaluá, da RB Capital, o que vai amenizar o efeito do novo IOF nos fundos imobiliários e de participações é o fato de essa ser uma classe de ativo que tende a ter retornos mais altos do que o investimento em títulos de renda fixa, já que também embutem um risco maior. "Isso faz com que o reflexo do imposto não seja tão grande para essas classes de ativo", diz .

Segundo dados da Comissão de Valores Mobiliários, só neste ano, foram levantados R$ 2,3 bilhões em fundos de investimento em participações, considerando recursos de brasileiros e estrangeiros. Outros R$ 513 milhões ainda estão em análise pela autarquia. Em fundos imobiliários, foram R$ 4,2 bilhões, com outros R$ 5 bilhões em fase de captação.

Segundo Andrea Bazzo, os novos fundos de private equity vão repensar sua estratégia e passar a ingressar no país na forma de uma nova empresa, um investimento externo direto, que paga IOF de 0,38% e Imposto de Renda de 15% na hora da saída, mas só sobre o ganho efetivo. "Abrir um fundo custa mais do que abrir uma empresa", completa.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

BTG Pactual compra prédios da WTorre em SP

AE – Agência Estado


06.10.2010

SÃO PAULO - O banco BTG Pactual fechou na tarde de ontem a aquisição de duas torres do Complexo JK, da construtora WTorre. O valor do negócio não foi revelado. Ao mesmo tempo, o banco comprou 40% de participação em um terreno da construtora próximo ao shopping Morumbi, em São Paulo, onde será construído um edifício comercial de 96 mil metros quadrados? Esses negócios fazem parte da nossa estratégia de investir em grandes prédios comerciais no eixo Rio-São Paulo?, diz Carlos Fonseca, sócio do BTG Pactual. ?Queremos ter um portfólio relevante de edifícios?

As duas torres vendidas têm, juntas, 35 mil metros quadrados. Trata-se de menos da metade do tamanho da principal torre do Complexo JK, vendida para o banco Santander em 2008 por mais de R$ 1 bilhão - a maior transação do tipo já realizada no País. Com as obras já concluídas, os escritórios dos dois novos prédios do BTG devem começar a ser alugados para clientes em novembro.

Já no caso do terreno próximo ao shopping Morumbi, o BTG, do banqueiro André Esteves, tornou-se sócio da WTorre em projeto para construir um prédio de 96 mil metros quadros - maior que o do Santander. As obras devem começar em breve. A negociação não envolveu dinheiro. Para participar do projeto, o banco adquiriu Certificados de Potencial Adicional de Construção (Cepacs), títulos emitidos pela Prefeitura de São Paulo que permitem a uma construção extrapolar os limites de zoneamento para uma região. Esses certificados foram trocados pela participação de 40% no projeto.

Ambos os negócios foram realizados pela área de Merchant Banking do BTG Pactual, com dinheiro próprio do banco. Trata-se da mesma área que realizou aquisições de uma série de empresas fora do setor financeiro, como uma rede de estacionamentos, postos de gasolina, hospitais e participações nas montadoras de veículos Mitsubishi e Suzuki no Brasil. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Prosperitas capta R$ 1 bi para imóveis


Valor Econômico - São Paulo/SP - BRASIL - 05/10/2010



Carolina Mandl | De São Paulo


A Prosperitas, gestora de recursos com foco na área imobiliária, acaba de concluir a captação de um fundo de investimentos em participações de R$ 1 bilhão. Esse é o terceiro fundo da Prosperitas, que já possui R$ 2,7 bilhões em ativos sob gestão.
De acordo com Luciano Lewandowski, sócio da Prosperitas, o principal alvo dos investimentos é a incorporação de shoppings center, loteamentos residenciais e logística. O fundo também poderá erguer prédios comerciais. Apesar do boom da casa própria no país, o gestor quer passar longe dos projetos residenciais mais tradicionais, de apartamentos. "Não queremos áreas que já tenham muita concorrência.". Em termos geográficos, a Prosperitas tem procurado diversificar. A gestora investiu, por exemplo, num shopping center em Rio Branco, o Via Verde. Em Maceió, ergueu o shopping Pátio.
A carteira do fundo já conta com um primeiro projeto, que é a incorporação de um centro de distribuição de produtos em uma área de 85 mil metros quadrados em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo. Outros dois empreedimentos, ainda sigilosos, já foram assinados, segundo ele, e mais quatro devem ser fechados até o fim do ano. O fundo Prosperitas III tem um prazo de quatro anos para realizar seus investimentos e outros seis anos para vendê-los.
Segundo Lewandowski, cerca de 75% dos recursos do novo fundo vieram de investidores que já possuem aplicações na casa. O primeiro fundo, que já está em fase de desinvestimento, está pagando aos cotistas uma taxa de 25% ao ano.