quarta-feira, 25 de maio de 2011

CEF banca aposta na securitização

Valor Econômico - São Paulo/SP - EMPRESAS CITADAS - 25/05/2011 - 01:04:15

 

De São Paulo

 

A Caixa Econômica Federal não se arrepende da aposta que fez no aprofundamento do mercado brasileiro de securitização, que consiste, basicamente, na transformação da carteira de crédito em um ativo financeiro. Sua primeira emissão de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) para o varejo, lançada em janeiro deste ano, num volume de R$ 232,7 milhões foi uma experiência de êxito: rendeu a subscrição de 1.675 investidores, a maioria pequenos investidores, pessoas físicas e jurídicas, com um resultado de R$ 110,2 milhões, fruto da aplicação mínima de R$ 10 mil; o restante do pacote ficou com investidores institucionais e a própria Caixa, que levou R$ 107,7 milhões em CRIs da classe sênior, além da parcela subordinada de emissão de R$ 25,9 milhões, que serve de garantia contra eventuais inadimplências, protegendo investidores.

 

"Foi uma primeira iniciativa plena de sucesso", define Márcio Percival Alves Pinto, vice-presidente de finanças da CEF. "Testamos esse produto no balcão, sentimos o apetite do investidor, inclusive dos pequenos investidores, e vamos dar sequência a esse processo com uma nova oferta no futuro", indica o executivo.

 

Os CRIs são valores mobiliários lastreados em cédulas de crédito imobiliário, representativas de venda de imóveis residenciais, comerciais ou de lotes urbanos, aluguéis de shopping centers e prédios comerciais. É um segmento em franco crescimento. Conforme dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (Anbima), com o aquecimento do mercado imobiliário, houve uma expansão de oito vezes no volume de CRIs nos primeiros meses de 2011.

 

Enquanto em fevereiro do ano passado as emissões haviam somado R$ 337 milhões, no mesmo período deste ano elas saltaram para R$ 2,7 bilhões, ou seja, um salto este ano de 701% em relação ao mesmo período de 2010. O número de operações passou de 17 para 22 no período.

 

Para Alves Pinto, o banco está consciente da necessidade de dinamizar cada vez mais o mercado de securitização. Não é que a CEF trabalhe com uma percepção de escassez dos recursos das principais fontes para o financiamento no setor imobiliário. Ao contrário, diz ele: "As fontes de recursos estão se diversificando e a estratégia da Caixa é apresentar várias alternativas de financiamento", afirma. "O CRI é um produto ainda pouco desenvolvido, mas muito importante para o funding do mercado imobiliário".

 

A rentabilidade é de 10% ao ano mais TR (taxa referencial de juros), com vencimento previsto para 10 de novembro de 2018. Para a pessoa física, essa rentabilidade é líquida, por conta da isenção do imposto de renda. É bastante atrativa, se comparada ao CDI, na faixa de 12% anuais brutos, avalia a instituição emissora Brazilian Securities. Se descontado um imposto de 20%, esse percentual cai para 9,60%, abaixo do CRI.

 

A estratégia da CEF, de acordo com Alves Pinto, é criar um novo mercado, que vai ampliar as condições de funding para impulsionar a construção imobiliária. A CEF não faz projeções sobre a participação que espera ter nesse segmento. A Caixa tem hoje uma carteira de crédito imobiliário de R$ 70 bilhões. "Não vamos securitizar tudo, mas nosso próximo passo é colocar no mercado recebíveis em torno de R$ 1,5 bilhão", afirma.

 

Segundo Alves Pinto, a securitização é uma tendência que a maioria dos bancos brasileiros já está seguindo. "Mas isso precisa ser muito bem monitorado e controlado, para evitar o que aconteceu nos EUA, onde esse negócio explodiu em crise, em 2008 e 2009", diz. (G.C.)

 

 

 

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