quarta-feira, 1 de junho de 2011

Construtora de shopping busca crédito alternativo

Valor Econômico - São Paulo/SP - FINANÇAS - 01/06/2011

 

Paola Moura | Do Rio

 

Preocupadas com a possibilidade de redução da oferta de crédito de bancos privados para seus empreendimentos, empresas que administram e constroem shoppings centers estão procurando no mercado financeiro opções de financiamento. É o caso da Multiplan e BR Malls, empresas rentáveis que operam no setor. Já construtoras como Gafisa e PDG acreditam que ainda há financiamento suficiente para atender a demanda e que o setor está longe de uma crise.

 

No dia 25 de maio, Teotônio Rezende, consultor da vice-presidência de governo da Caixa, disse que, no fim do primeiro trimestre de 2012, os bancos estarão superaplicados no direcionamento básico da caderneta. Isso porque o Banco Central determina que 65% das aplicações da poupança sejam direcionados ao financiamento imobiliário. Só que a captação da poupança está negativa no ano: até o dia 19 de maio, havia saída líquida de R$ 2 bilhões.

 

Leandro Bousquet, diretor financeiro da BR Malls, explica que a companhia olha cada dia mais para os mecanismos de securitização de dívida, principalmente para os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs). Hoje, a BR Malls tem 45% da dívida bruta (R$ 2,6 bilhões) financiada por bancos privados. Bousquet explica que a redução do crédito com base na poupança levará os shoppings a procurarem ainda mais o mercado financeiro. O diretor da BR Malls diz que, no entanto, que é necessária uma redução das taxas de juros para que o investidor seja mais atraído a disponibilizar dinheiro para esses financiamentos. "Sem incentivos, esse mercado não vai se desenvolver como esperamos, embora já seja uma opção de financiamento", diz.

 

Henrique Cordeiro Guerra, CEO da Aliansce, diz que a empresa considera o CRI uma boa opção de financiamento caso haja redução de credito bancário. Mas, por enquanto, o executivo ainda considera que o financiamento de bancos privados com base na TR, que corrige as aplicações em poupança, é o melhor tipo de crédito disponível para o setor. A Aliansce tem 70% de sua dívida de R$ 700 milhões financiados pelos bancos privados. "A TR ainda é a taxa mais estável", afirma.

 

Já na Multiplan, Armando dAlmeida Neto, diretor de RI da empresa, conta que sempre olhou para o mercado como forma de diversificar as captações. Apesar disso, também possui 48% da dívida bruta (R$ 533,2 milhões) do grupo atrelada a TR, segundo o último balanço. DAlmeida explica que a companhia está sempre olhando o mercado e procurando mecanismos que possam reduzir os custos. Em junho, a empresa terá um vencimento de R$ 100 milhões em debêntures que foram captados em 2005. A empresa não fará nova emissão no curto prazo. O diretor de RI afirma que hoje faz mais sentido captar através do mercado de dívidas do que no de ações, já que o objetivo e sempre de menor custo.

 

No setor imobiliário, os executivos planejam as estratégias sem pensar em escassez de financiamento. "Não há crise, nem problemas nesse sentido. O dinheiro está disponível para utilizarmos", afirma o presidente da Gafisa, Duilio Calciolari. A opinião é compartilhada pelo presidente da PDG, Zeca Grabowiski. "Não vemos problema no setor, nem crise nem bolhas".

 

Mesmo assim, as duas grande construtoras planejam este ano um crescimento mais planejado focado em rentabilidade.

 

O CEO da PDG explica que o foco de 2011 é a classe média. Segundo o executivo, a inflação e a alta ainda maior dos custos da construção civil reduziram muito a margem dos empreendimentos voltados para a baixa renda, imóveis de até R$ 250 mil. "Enquanto a inflação deve fechar o ano em 6%, o INCC deve chegar a 8%”, afirma.

 

Este ano, a construtora prevê lançar entre R$ 9 bilhões e R$ 10 bilhões, dos quais 50% voltados para a classe média, imóveis entre R$ 250 mil e R$ 500 mil. No ano passado, esse percentual de lançamentos era voltado para a baixa renda.

 

CEO da Gafisa, Duilio Calciolari, também afirma que a empresa reduzirá o ritmo de crescimento em busca de investimentos mais seletivos. Enquanto em 2010 o crescimento de lançamentos chegou a 100%, este ano, deve ser de 20%. "Também é bom lembrar que a base de 2009 era muito fraca", explica. "Agora queremos um crescimento sustentável". O executivo da Gafisa afirma que será mais seletivo para crescer com maior rentabilidade.

 

Os dois presidentes das construtoras afirmaram que, mesmo com a alta dos preços, não houve arrefecimento a demanda. O maior problema do setor continua sendo mão de obra, mas por excesso de procura. Os executivos participaram de um painel no seminário Rio Investors Day, no Rio.

 

 

 

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