sexta-feira, 18 de março de 2011

Rossi e Even negociam fusão de ativos

Valor Econômico - São Paulo/SP - EMPRESAS CITADAS - 18/03/2011 - Daniela DAmbrosio | De São Paulo

A Even, construtora focada no mercado residencial com receita anualizada de R$ 1,7 bilhão em 2010 e valor de mercado de R$ 1,9 bilhão, está em fase avançada de negociações para a venda do controle. Segundo o Valor apurou, o nome mais cotado para adquirir a companhia é a Rossi Residencial. A união das duas empresas forma a quarta maior incorporadora em valor de mercado, avaliada em R$ 5,5 bilhões, atrás de PDG, MRV e Cyrela. A receita líquida anualizada até setembro das duas companhias soma R$ 4 bilhões, atrás apenas de Cyrela (R$ 4,7 bilhões) e muito perto da PDG (R$ 4,1 bilhões).

A Even está procurando um parceiro há algum tempo e a Rossi já esteve na mesa de negociações com a empresa em 2008, mas o acordo não evoluiu. Outra companhia que chegou perto de levar a Even foi a Brookfield em meados de 2009, mas tanto o preço quanto uma indefinição em relação ao nome do executivo que ficaria no comando da nova empresa impediram a evolução do negócio. Com tamanho menor, a João Fortes Engenharia, com forte atuação no Rio de Janeiro, também já surgiu como possível parceira da Even.

Segundo fontes do setor, agora é o melhor momento para a venda da Even pelos bons resultados recentes. O modelo que deve ser adotado na negociação é o de troca de ações, a exemplo do que a PDG Realty fez com a Agre - última grande aquisição do setor.

A Even é uma empresa de capital pulverizado, com 63% das ações no mercado. Para comprar o controle da companhia, é necessário adquirir apenas 25,3% da empresa. O Spinnaker Capital Group - fundo hedge que atuam em mercados emergentes -, por meio do FIP Genoa, tem 16,38% da empresa. E a família Terepins (Carlos Eduardo e Luis) é dona de 8,95% da companhia. Segundo o Valor apurou, o Spinnaker, que está na companhia desde abril de 2006, tem interesse em sair do negócio.

A Rossi informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que está em período de silêncio por conta da divulgação do balanço do quarto trimestre de 2010. A Even nega a informação.

A união das duas empresas forma uma companhia robusta e com mais liquidez. Trata-se de uma nova etapa da consolidação do setor, que reúne empresas saudáveis.

As duas empresas foram parceiras em vários projetos e têm atuações consideradas complementares: enquanto a Even está muito concentrada em São Paulo, a Rossi é a companhia com a maior distribuição geográfica do país - está em 80 cidades e pretende atingir 120 até o fim do terceiro trimestre de 2011. As cidades de São Paulo e Rio representam cerca de 8% das vendas totais da Rossi. A empresa já é forte em mercados onde a Even sequer está presente.

Dona do Plano 100, a Rossi fez fama como empresa de imóveis econômicos na década de 90 e está aumentando cada vez mais sua participação na baixa renda, que já representa cerca de 50% do negócio. A Even, por sua vez, atua principalmente na média e alta renda.

A Even surgiu em 2002 da fusão entre Terepins & Kalili e ABC Investmob. O sócio originário da ABC, Abrahão Muszkat, saiu da Even no ano passado e fundou sua própria incorporadora, a You, Inc. Fundada há 30 anos, a Rossi é considerada no setor como "empresa de dono", nome dado pelo mercado a companhias como MRV e Cyrela - que embora tenham capital aberto, a presença do fundador ainda é forte. A Rossi, fundada por João Rossi, apostou fortemente na profissionalização da companhia nos últimos dois anos. Os últimos membros da família Rossi, que ainda trabalhavam na companhia, saíram. Ficou apenas Renata Rossi na área de recursos humanos.

Nos nove primeiro meses do ano passado - ambas ainda não divulgaram balanço do quarto trimestre -, a Rossi lançou R$ 2,25 bilhões e a Even, R$ 1,28 bilhão. A Even foi a única companhia do setor que vendeu mais do que lançou até setembro: suas vendas somaram R$ 1,62 bilhão. A Rossi, no mesmo período, vendeu R$ 2,17 bilhões. A margem líquida da Even até setembro foi de 13% e a da Rossi, de 15%, para uma média setorial também de 15%.

Considerada por algum tempo como uma empresa que "andava de lado", a Rossi tem feito esforço para aumentar sua velocidade de vendas, que atingiu 27% no terceiro trimestre. A companhia registrou o sétimo trimestre consecutivo de alta. A velocidade de vendas da Even foi de 37%, a mais alta do setor.

A Even acaba de emitir duas séries de debêntures, de R$ 125 milhões cada uma - o que garante fôlego financeiro para a companhia.

No mês de março, ações da Even subiram 7,7% e as da Rossi, 6,2%. No mesmo período, o Ibovespa acumula queda de 1,7%. O Imob, índice de empresas do setor imobiliário, teve alta de 1,45% no período.

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