sábado, 12 de março de 2011

Empresas captam o dobro no mercado em relação a 2010

DCI - São Paulo/SP - FINANÇAS - 11/03/2011
Eduardo Puccioni

São Paulo - As incertezas em relação ao cenário externo, com a preocupação dos conflitos no norte da África e Oriente Médio, têm feito com que as empresas brasileiras prefiram emissões de renda fixa. De acordo com dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), até fevereiro de 2011, foram emitidos R$ 9,768 bilhões em renda fixa, contra R$ 4,522 bilhões em títulos de renda variável. O total de R$ 14,3 bilhões captados nos dois primeiros meses deste ano representa quase o dobro do mesmo período do ano passado, que registrou R$ 7,2 bilhões.

"As empresas têm preferido o alongamento de prazo e custos menores. Isso justifica a maior captação por meio da renda fixa, principalmente em debêntures", explica Alberto Kiraly, vice-presidente da entidade. No ano, foram realizadas 59 emissões.

As operações realizadas em fevereiro deste ano, que representam R$ 10 bilhões desse montante, apresentaram uma distribuição relativamente equilibrada entre os segmentos de renda fixa - com participação de 54,7% - e o de renda variável, que respondeu por 45,3% das ofertas. No mercado de ações, dos R$ 4,5 bilhões ofertados até fevereiro, 88,6% corresponderam a emissões primárias. As ofertas iniciais de ações (IPO, na sigla em inglês), com quatro operações, apresentaram volume de R$ 3,1 bilhões, 121,1% superior ao mesmo período de 2010.

"A Anbima não faz projeções em relação ao montante que o mercado pode captar ao longo de 2011, mas acredito que, em número de operações, os IPOs devem superar as ofertas de follow on", acrescenta Kiraly. O follow on é uma emissão de ações para companhias brasileiras que já possuem papéis negociados na BM&F Bovespa.

Kiraly disse ainda que os investidores estão com maior apetite em IPOs de menor volume, ou seja, de empresas menores. "Os investidores estão preferindo a baixa liquidez com maior risco", diz o executivo da entidade.

No segmento de renda fixa, as ofertas distribuídas com esforços restritos permanecem na liderança, com 84,8% dos registros em 2011. Em fevereiro de 2011, os títulos de renda fixa responderam pela captação de R$ 5,5 bilhões, liderados pelas notas promissórias e debêntures. "Em notas promissórias tivemos duas operação pontuais, mas que mostra o potencial deste mercado", afirma o vice-presidente da Anbima.

Ainda em renda fixa, outro destaque ficou por conta das captações por meio dos Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI). No mês, foi registrado R$ 1,4 bilhão em operações com este título, elevando o volume total de 2011 a R$ 2,7 bilhões, distribuídos em 22 operações. As emissões de CRI em 2011 responderam por 18,9% do total das ofertas, na distribuição por instrumentos - no primeiro bimestre de 2010, o percentual de participação dos CRIs havia sido de apenas 4,7%.

Também seguem aquecidas as captações de recursos por parte das empresas brasileiras no mercado internacional. Confirmando as expectativas do início do ano, em janeiro foram captados US$ 10,4 bilhões em títulos de dívida no mercado externo, com destaque para a oferta de US$ 6 bilhões da Petrobras.

Em comparação ao mesmo período de 2010, as captações externas de 2011, em volume, já apresentam elevação de 159%. "Podemos ter uma leve queda neste tipo de emissão para os dados de março, por conta das incertezas no mercado externo. Neste momento os investidores estão pedindo remunerações maiores", revela Kiraly.

Na participação dos investidores nas ofertas brasileiras, apenas do mês de janeiro de 2011, os estrangeiros ficaram com 64,8% do total, seguido pelos investidores institucionais, com 26,98% e a pessoa física, com 8,3%. Dentro da participação dos estrangeiros, 56% é a fatia apenas dos norte-americanos, seguido pelos europeus com 38% e demais países da América Latina, com 6%.

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