quarta-feira, 31 de julho de 2013

Fundos imobiliários enfrentam pior mês desde a criação de índice

http://www.infomoney.com.br/onde-investir/fundos-imobiliarios/noticia/2850277/fundos-imobiliarios-enfrentam-pior-mes-desde-criacao-indice

SÃO PAULO – Junho foi um mês complicado para os investidores de fundos imobiliários. O Ifix, índice que mede o desempenho dos principais fundos negociados na BM&FBovespa, terminou o mês passado com queda de 7,23%, aos 1.437 pontos. Esta foi a desvalorização mensal mais expressiva desde a criação do índice – ele começou a ser divulgado em setembro de 2012, mas seus dados históricos estão disponíveis desde janeiro de 2011.

Para especialistas, a queda pode ser explicada por alguns motivos principais. Em primeiro lugar, a elevação da taxa básica de juros tem impacto negativo nas cotas dos fundos imobiliários – o preço recua para que os rendimentos fiquem em linha com o novo patamar da Selic. Na última reunião, encerrada dia 29 de maio, o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) aumentou a taxa básica em 0,5 ponto percentual, para 8% ao ano.

Eldorado Business Tower, prédio que está na carteira do fundo imobiliário BC Fund (Rodrigo Paiva)

Notícias relacionadas


No entanto, os analistas da XP Investimentos consideram essa correção do preço das cotas exagerada. “A principal deficiência na precificação correta está em olhar apenas para a remuneração atual do fundo e seu nível de risco, automaticamente comparando estas variáveis a ativos de renda fixa e à Selic esperada para o fim do ano. Neste processo é esquecido que fundos imobiliários têm diversas fontes de incremento de receita ao longo de períodos mais longos, que são variáveis dependendo de seu eixo de atuação”, disseram, em relatório.

Além da elevação da Selic, o advogado e especialista em fundos imobiliários, Arthur Vieira de Moraes, aponta que as incertezas do mercado em relação à economia acabaram afetando o desempenho dos fundos imobiliários. “O mercado está muito cauteloso. O PIB (Produto Interno Bruto) cresce pouco e isso afeta a confiança dos investidores de uma maneira geral”, afirma.

Segundo ele, ainda não existem eventos no setor imobiliário que justifiquem uma queda tão acentuada. A vacância dos imóveis comerciais está em níveis normais e a inadimplência dos locatários também não chega a preocupar. “Acredito que a desvalorização não está refletindo um cenário pessimista, mas sim antecipando alguns problemas como esse”, disse o especialista.

O que fazer
Segundo especialistas, o atual momento exige cada vez mais seletividade dos investidores de fundos imobiliários. Analisar onde o fundo investe, a qualidade dos inquilinos e a capacidade do gestor é fundamental para ganhar dinheiro neste cenário.

“Quem investe com objetivo de obter rendimento mensal precisa observar se existe risco real do fundo deixar de pagar esta renda, ou dela ficar muito menor. Isso aconteceria nos casos dos imóveis ficarem vagos, por exemplo”, aponta Moraes. Ele ressalta que fundos com apenas um imóvel na carteira oferecem mais riscos para os investidores – em caso de problemas com aquele imóvel, todo o fluxo de rendimento pode ser afetado. Os imóveis que possuem apenas um locatário são ainda mais problemáticos – caso de fundos de hospitais ou universidades, por exemplo. “Fundos monoativos e monousuários oferecem um risco muito maior”, alerta Moraes.

Em carta enviada aos seus cotistas no início deste ano, a Rio Bravo Investimentos já alertava sobre a importância da seletividade para conseguir bons resultados com os fundos imobiliários. “ Com o crescimento do mercado e a entrada de novos gestores, através de novos fundos, faz-se ainda mais essencial analisar cada fundo em particular, seus ativos, região-alvo e perspectiva de rentabilidade, tendo em vista que está cada vez mais difícil encontrar excelentes oportunidades, como nos últimos anos”, diziam os gestores.

 

Estoque de renda fixa cresce 2,9% em 1 ano, aponta Cetip

http://www.infomoney.com.br/onde-investir/renda-fixa/noticia/2884077/estoque-renda-fixa-cresce-ano-aponta-cetip

SÃO PAULO – O estoque de renda fixa da Cetip apresentou crescimento de 2,9% no período que compreende junho de 2012 à junho de 2013. De acordo com dados da instituição, em junho de 2012, o estoque acumulava R$ 2,281 trilhões, número que passou para R$ 2,347 trilhões no mesmo mês deste ano.

Acompanhe a cotação de todos os fundos imobiliários negociados na BM&FBovespa

Dentre os ativos incluídos no levantamento, as debêntures apresentaram crescimento de 24,7%, saindo de um estoque de R$ 445 bilhões em junho de 2012 para R$ 556 bilhões em junho de 2013. "Com o cenário macro econômico atual, somado ao incentivo do governo para emissões de debêntures de infraestrutura, configuram um ambiente propício para novas emissões desses
títulos", afirma a Cetip.

Estoque de renda fixa apresental alta em 1 ano, afirma Cetip (Getty Images)

Notícias relacionadas


No segmento de estoques imobiliários, as LCIs (Letras de Crédito Imobiliário) foram as que apresentaram maior crescimento (21,8%). Já as CCIs (Cédula de Crédito Imobiliário) e os CRIs (Certificado de Recebíveis Imobiliários) apresentaram incrementos de 17,24% e 14,29%, respectivamente.

publicidadeInvista em Fundos Imobiliários com uma das maiores empresas de investimentos do Brasil. saiba mais >

Nos estoques agrícolas que levam em conta LCAs (Letra de Crédito do Agronegócio), CRAs (Certificado de Recebíveis do Agronegócio) e CDCAs (Certificados de Direitos Creditórios do Agronegócio), o crescimento foi de 27,7%. “Equivalentes dos ativos imobiliários, os títulos do agronegócio ainda não possuem o mesmo sucesso. Ainda assim, observa-se um ligeiro crescimento no estoque, quando comparado ao mesmo período do ano anterior”, afirma a instituição.

Quer saber mais sobre os termos usados no mercado financeiro? Acesse o glossário InfoMoney

Quedas
Em contrapartida às altas demonstradas, uma classe que sofreu queda no estoque foi a de títulos de captação bancária, com redução de 1,1%, mesmo com a alta de 33% no estoque das LFs. O principal responsável por essa queda foram os CDBs (Certificado de Depósito Bancário), cujos estoques sofreram queda de 11,13%, enquanto os DPGEs (Depósito a Prazo com Garantia Especial) ficaram praticamente estáveis.

“Dentre os produtos de Captação Bancária, nota-se uma correlação negativa na evolução do volume em estoque de CDBs e de LFs. Isto nos leva a observar uma provável migração parcial do volume de CDBs pra LFs, em especial entre os investidores institucionais”, explica a Cetip.

Por último, o estoque de DI foi o que registrou a maior queda (9,6%).

 

 

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Informações transparentes geram mais segurança aos fundos imobiliários

Informações transparentes geram mais segurança aos fundos imobiliários

Pedro Candreva é diretor comercial da JLL | Foto: Juan Guerra

Pedro Candreva é diretor comercial da JLL | Foto: Juan Guerra

Nos últimos anos, os fundos imobiliários conquistaram a empatia dos investidores no Brasil. Frequentemente, observamos na imprensa uma série de notícias relacionadas ao tema, destacando-o, principalmente, como uma das mais promissoras alternativas de investimentos. Hoje, em decorrência da própria situação econômica, essa modalidade se encontra em um estágio mais equilibrado, sem registrar sucessivos recordes em seus resultados. Isso, no entanto, não significa que os fundos imobiliários já conquistaram a maturidade necessária no mercado.

Na verdade, estamos falando de um segmento extremamente novo, quando comparado, por exemplo, aos Estados Unidos. Mesmo mantendo-se como uma excelente alternativa de negócio – em relação às demais ofertas de investimento existentes atualmente no país –, os fundos imobiliários agora exigem que seus procedimentos sejam aprimorados. Devido ao boom ocasionado durante os meses após o seu lançamento, a maioria das carteiras acabou sendo montada aleatoriamente, deixando a transparência praticamente em segundo plano.

Para que os investidores, hoje mais acostumados com esse modelo de negócio, obtenham as informações necessárias sobre o empreendimento, creio que o primeiro passo seja a reformulação dos editais. As tradicionais letras minúsculas, nesse caso, podem facilmente ser substituídas por informações claras sobre o ativo do imóvel. Dados como endereço, locatário, características do imóvel, prazo de contrato de locação e metragem do espaço devem ser descritas com mais objetividade. A princípio essa mudança pode parecer irrelevante, mas certamente para o investidor faz toda a diferença.

Outra situação que contribui para que o investimento seja ainda mais seguro é a transparência nas informações relacionadas aos reais riscos desse investimento. Os índices de inadimplência em fundos imobiliários são raros, mas nada impede que eles ocorram. Nesse caso, tanto o investidor quanto os profissionais de agências bancárias, responsáveis por essa operação, devem estar totalmente conscientes e informados sobre a estrutura do negócio.

Tão importante quanto os itens mencionados acima, são as avaliações rotineiras. Os fundos imobiliários devem analisar constantemente a qualidade de seus produtos. Esse trabalho pode ser feito por empresas especializadas, que tenham boa reputação no setor imobiliário. Uma avaliação prévia e bem feita é uma garantia para qualquer tipo de operação. Gerar mais segurança e transparência a todos os envolvidos nessa transação é uma das garantias para um sucesso ainda maior desse modelo de investimento.

Links Relacionados:



Enviado via iPad

Geração Futuro inicia recomendação de fundos imobiliários;

Geração Futuro inicia recomendação de fundos imobiliários; veja carteira

SÃO PAULO - A corretora Geração Futuro iniciou a recomendação de investimentos em fundos imobiliários e divulgou sua primeira carteira mensal. A estratégia atual de escolha dos FIIs da corretora procura fundos que atuem em setores mais resilientes, como ativos de agência bancária, escritórios e logística.

"Procuramos não inserir fundos compostos por ativos relacionados ao varejo, dado o cenário de recente inflação, que tende a diminuir o poder de compra, podendo causar aumento da vacância nestes estabelecimentos", é o que afirmam os analistas em comunicado.

Fundos

Geração Futuro divulga sua carteira de fundos imobiliários para julho (Rodrigo Paiva)
Geração Futuro divulga sua carteira de fundos imobiliários para julho (Rodrigo Paiva)

Notícias relacionadas


Sp Downtown (SPTW11): Com dois imóveis comerciais e um único inquilino - a empresa de telemarketing Atento, presente em 17 países, o fundo possui uma reserva para remunerar os cotistas a uma taxa de 9,25% no primeiro ano; 9,50% no segundo ano; 9,75% no terceiro ano e 10,0% no quarto ano, tendo por base o valor de emissão da cota de R$ 100,00.

publicidadeInvista em Fundos Imobiliários com o maior shopping financeiro da América Latina. Saiba mais >

Santander  Agências Bancárias (SAAG11): O fundo investe em diversas agências bancárias locadas para o banco Santander, mediante a celebração de contratos de locação atípica.

BTG Pactual Corporate Office Fund (BRCR11): O fundo é dono do maior patrimônio dentre todos os fundos negociados na BM&FBovespa. São imóveis em São Paulo, Campinas e Rio de Janeiro que com contam com gestão ativa, ou seja, há compra e vendas de imóveis conforme parece conveniente. Entre os imóveis do fundo destacam-se em São Paulo o Eldorado Business Tower e o Brazilian Financial Center, na Marginal Pinheiros e Avenida Paulista, respectivamente e no Rio de Janeiro a Torre Almirante, no centro.

CSHG Logística FII (HGLG11): O fundo é mais voltado para empreendimentos voltados para atividades industriais e logísticas possuindo participação em imóveis em São Paulo, Rio Claro, Horlândia, Atibaia, Cotia e Joinville. Grandes empresas são locatários de alguns dos imóveis do fundo como DHL, IBM, British Telecom, Bosch Rexroth, por exemplo.

Brasil Plural Absoluto Fundos de Fundos (BPFF11): Esse fundo investe em outros fundos imobiliários e obtém, assim, valorização patrimonial e distribuição de renda mensal aos cotistas. Lançado em abril, o fundo, segundo a Geração Futuro, possui uma posição relevante de caixa 63,5% e negocia abaixo do valor patrimonial. "Isto deixa o fundo em uma posição privilegiada para a aquisição de diversos FIIs a preços atrativos, dada a recente desvalorização dos FIIs no período", afirma a corretora.

Aesapar (AEFI11): O Aesapar foca mais em investimentos a longo prazo e alugar empreendimentos para a Anhanguera Educacional. Segundo a corretora, o fundo possui renda fixa até 2017 e foi criado para levantar fundo para a criação de dois campus da estudantis, um em Campinas e outro em Cuiabá.

CSHG JHSF Prime Offices FII (HGJH11): O fundo possui dois imóveis no bairro do Itaim Bibi em São Paulo, o Metropolitan Offices e o Platinum Offices que possuem 18 e 11 andares de escritórios, respectivamente. Alguns dos locatários são: Votorantim, Lanx, RB Capital, Gávea e Pragma.

Cyrela Thera Corporate (THRA11B): Esse fundo é detentor de cinco andares do edifício Thera Corporate na avenida Luis Carlos Berrini, em São Paulo. O empreendimento terá 15 pavimentos com lajes de grande porte, heliporto e quatro subsolos e deve ser concluído em agosto de 2014. A rentabilidade mínima será garantida até 12 meses após a obtenção do Habite-se.

VBI Faria Lima 4440 (FVBI11B): 50% do edifício VBI Faria Lima 4440, localizado em São Paulo, é o patrimônio do fundo. O edifício está totalmente locado para o Bicbanco, Barclays e UBS, além de possuir estacionamentos da rede Netpark.

FII Vila Olímpia Corporate (VLOL11): O fundo adquiriu seis lajes do empreendimento Vila Olímpia Corporate, em São Paulo. O ativo está em fase de construção com previsão de conclçusão para julho de 2013. "O fundo firmou com  a incorporadora Odebrecht um contrato de rentabilidade mínima garantida, que oferece rentabilidade de 9% ao ano ao cotista até 12 meses após a obtenção do Habite-se", afirma a Geração Futuro.

Nome Código Peso
Yield Anualizado Preço da Cota
Sp Downtown
SPTW11 15,0% 11,1% R$84,90
Santander Agências Bancárias
SAAG11 15,0% 8,4% R$96,09
BTG Pactual Corporate Office Fund BRCR11 10,0%  8,7% R$136,56
CSHG Logística FII HGLG11 10,0% 9,0% R$1190,00
Brasil Plural Absoluto Fundos de Fundos BPFF11 10,0% 9,1% R$85,00
Aesapar AEFI11 10,0% 9,2% R$118,80
CSHG JHSF Prime Offices FII HGJH11 10,0% 9,2% R$1254,00
Cyrela Thera Corporate THRA11B 10,0% 9,7% R$92,50
VBI Faria Lima 4440
FVBI11B 5,0% 9,7% R$94,70
FII Vila Olímpia Corporate VLOL11 5,0% 10,2% R$86,99

Links relacionados



Enviado via iPad

Lucro da Blackstone mais que triplica no 2º trimestre

Lucro da Blackstone mais que triplica no 2º trimestre

Nova York - A Blackstone, maior gestora de fundos alternativos do mundo, disse nesta quinta-feira que o lucro do segundo trimestre mais que triplicou com a valorização de seus fundos e com a venda de parte dos ativos do portfólio, incluindo o SeaWorld.

Apesar do nervosismo do mercado na segunda metade do trimestre sobre o encerramento do programa de compra de títulos do Federal Reserve, o banco central norte-americano, os fundos imobiliários e de private equity da Blackstone se valorizaram em mais de 5 por cento, enquanto os fundos de crédito e de hedge registraram fortes ganhos.

A Blackstone, cujos investimentos incluem a The Weather Channel, Hilton Worldwide e Pinnacle Foods, registrou lucro líquido econômico (ENI) de 703 milhões dólares, acima dos 212 milhões de dólares de um ano atrás. O ENI leva em conta as variações no valor de mercado dos fundos.

O resultado superou a expectativa da maior parte dos analistas. O ENI foi de 0,62 dólar por ação, contra a projeção média de analistas de 0,49 dólar por ação, de acordo com uma pesquisa da Thomson Reuters.

"A realização robusta de lucros nos permitiu gerar retornos significativos para os nossos investidores de fundos e lucros maiores para os nossos cotistas", disse o presidente-executivo da Blackstone, Stephen Schwarzman, em um comunicado.

No final do trimestre, o SeaWorld Entertainment, que fez em abril uma oferta pública inicial de 702 milhões dólares, foi avaliado em três vezes o investimento feito pela BlackRock. Além disso, a Blackstone vendeu ações na PBF Energy, Travelport e na Nielsen Holdings a uma valorização média de 2,6 vezes o seu investimento.

Os ativos sob gestão da empresa totalizaram 230 bilhões de dólares no final de junho, um aumento de 21 por cento na comparação com o mesmo período do ano passado.



Enviado via iPad

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Os melhores fundos imobiliários do primeiro semestre de 2013

Os melhores fundos imobiliários do primeiro semestre de 2013

Por: Julia Wiltgen
Fonte: Exame

Fundos apanharam no semestre e poucos tiveram desempenho positivo; altas foram modestas


Berrini, onde se localizam alguns dos imóveis de fundos imobiliários campeões: contratos de aluguel longos e renda mínima garantida
Foto de Flickr

São Paulo – Os fundos de investimento imobiliário, fundos que investem em imóveis com cotas negociadas em Bolsa, apanharam no primeiro semestre de 2013. O Índice de Fundos de Investimentos Imobiliários (IFIX), que reúne os fundos imobiliários mais negociados e com maior valor de mercado, caiu 8,65% nos seis primeiros meses do ano.

Dos fundos mais rentáveis do semestre, nenhum teve um desempenho extraordinário, diferentemente dos últimos semestres. Os melhores fundos, portanto, foram aqueles que não caíram, e não os que deram uma grande rentabilidade.

Segundo o ranking do site fundoimobiliario.com.br, do especialista em fundos imobiliários Sérgio Belleza, dentre os 62 fundos mais líquidos, os dez melhores deram retornos entre 0,76% e 15,86%.

No primeiro semestre de 2012, os 10 melhores fundos imobiliários renderam entre 30,00% e 51,30%, e o IFIX teve alta de 22,31%. No segundo semestre de 2012, o IFIX acumulou alta de 7,66%.

De acordo com o agente autônomo Arthur Vieira de Moraes, especialista em fundos imobiliários, o que mudou foi a deterioração do cenário econômico, que agora afetou negativamente o mercado imobiliário.

"Quando os fundos se valorizavam, a taxa básica de juros estava em queda, a vacância dos imóveis era baixa e os aluguéis estavam em alta. Agora, a taxa de juros está subindo, a economia sofreu retração e a vacância está bem maior. Os aluguéis se mantêm ou caem", explica Vieira de Moraes.

Além de a alta da Selic estar novamente tornando a renda fixa atrativa em relação aos fundos imobiliários e a economia não estar mais aquecida, a onda de protestos que varre o país e as inúmeras discussões políticas que decorreram deles criaram um cenário de insegurança para o investidor, diz Moraes. "Ficou mais difícil fazer previsões. O pessimismo econômico finalmente pegou os fundos imobiliários", explica.

Ainda assim, os fundos que investem em imóveis e papéis atrelados a negócios imobiliários continuam com baixa correlação com a Bolsa, mantendo seu caráter de diversificação. Enquanto o IFIX caiu 8,65% no primeiro semestre, o Ibovespa despencou 22,14%.

Para Arthur Vieira de Moraes, o dinheiro não está circulando no Brasil de forma geral, e mesmo fundos que não tiveram problemas se desvalorizaram, uma vez que muitos investidores resolveram realizar seus ganhos preventivamente, antes que o pior acontecesse.

Um relatório recente da gestora Rio Bravo – que administra fundos imobiliários – sugere um certo exagero na recente desvalorização dos fundos: "É possível que a emoção tenha superado a razão na tomada de decisão do investidor, o que apontaria para um exagero na queda da cotação dos fundos imobiliários. Como consequência, os mesmos fundos oferecem hoje rendimentos superiores ao de ativos comparáveis". Veja nas páginas a seguir a lista dos melhores fundos do semestre e o porquê de seu desempenho positivo.

Os melhores fundos do semestre

O site fundoimobiliario.com.br elabora um ranking de retorno com os 62 fundos de maior liquidez, exceto aqueles que podem investir exclusivamente em papéis de renda fixa imobiliária, como Certificados de Recebíveis Imobiliários. Eles estão ordenados da maior pela menor Taxa Interna de Retorno (TIR), que considera não só a valorização ou desvalorização das cotas como também a remuneração dos fundos na forma de aluguéis, representando o retorno total do investimento.

Em média, os fundos acompanhados pelo site tiveram queda de 7,43% na TIR. Ao contrário do que ocorreu nos últimos balanços semestrais e anuais, os campeões do primeiro semestre de 2013 não estão no topo da lista dos mais líquidos, com exceção do Aesapar. O campeão, por sinal, é um dos menos líquidos.

Algumas características compartilhadas por esses fundos podem explicar seu retorno positivo: o fato de terem sido negligenciados pelo mercado, de muitos terem contratos de locação de longo prazo (o que impede o aluguel de cair) e o de alguns pagarem uma renda mínima garantida.

Trata-se de uma remuneração garantida que cessa após certo prazo para atrair os investidores para um negócio que ainda é uma aposta, como um imóvel em construção. A renda mínima garantida não é um risco em si, mas o investidor deve estar consciente de que, se o negócio não vingar, haverá uma brusca queda de rentabilidade quando essa renda cessar.

"O impacto da alta da Selic nesses fundos foi menor, pois eles garantem um ganho de 8% a 10% ao ano em relação ao preço de lançamento da cota no mercado, o que ainda gerou ganhos acima da taxa básica de juros", explica Arthur Vieira de Moraes.

"A renda mínima parece ter segurado as cotações desses fundos. Mas o investidor deve lembrar que um dia ela acaba e que, em casos extremos, a instituição responsável por efetuar os pagamentos pode não conseguir arcar com eles", completa Moraes.

Segundo ele, alguns desses fundos não tiveram um desempenho fora do normal para justificar as altas em um cenário em que boa parte dos fundos sofreu desvalorização. No ranking do site fundoimobiliario.com.br, apenas 13 fundos dos 62 tiveram desempenho positivo no semestre.

A seguir, veja uma explicação para a alta de cada fundo, elaborada com o auxílio de Arthur Vieira de Moraes:

1. Rep 1 CCS FII (RCCS11): +15,86%

Detentor de 40% de um Centro de Conveniência e Serviços (CCS) no bairro da Lapa, em São Paulo, esse fundo da CSHG tem uma parceria com a empresa Rep Centros Comerciais, empresa responsável pelo desenvolvimento do modelo de negócios CCS, baseado no formato dos strip malls ou "one-stop-shop" americanos. Entre os locatários do empreendimento estão empresas como Subway, Empada Brasil, McDonald's, Hering e Kopenhagen.

No primeiro semestre deste ano, o rendimento pulou de 5,50 reais em janeiro para 11,50 reais em abril, em função do início do pagamento de renda mínima garantida até julho. Houve também redução da vacância de 12% para 9% e, a partir de maio, o fundo passou a ter a propriedade direta do empreendimento, aproveitando as vantagens tributárias.

Na última reunião de cotistas foi aprovada a alienação do único imóvel da carteira para a liquidação do fundo por, no mínimo, 9.102.000 reais. As cotas, que vinham sendo negociadas abaixo de seu valor patrimonial, sofreram valorização, mas depois tornaram a cair. O efeito do anúncio, portanto, foi limitado.

2. Aesapar FII (AEFI11): +8,64%

O fundo do Citi investe em dois campi estudantis em construção, um na cidade de Campinas, no interior de São Paulo, e outro em Cuiabá. Cada um abrigará mais de 5 mil alunos da Anhanguera Educacional. No semestre, os rendimentos do fundo subiram de 86 centavos para 90 centavos, e houve reavaliação para cima dos ativos da carteira, resultando na elevação do patrimônio líquido e do valor da cota patrimonial.

3. Banrisul FII (BNFS11): +8,10%

O fundo investe em agências do Banco Banrisul, locatário por meio dos chamados contratos de locação atípica, válidos por dez anos, sem revisional de aluguel durante a vigência, apenas correção por um índice de inflação.

De acordo com Arthur Vieira de Moraes, o desempenho do fundo em si não apresentou nenhuma alteração no semestre. Ele chama atenção para o fato de que no dia 28 de junho houve algumas movimentações atípicas, realizadas pela corretora Banrisul, que elevaram a cotação de 102,50 reais para 110,50 reais. No pregão seguinte, já em julho, as cotas abriram a 100 reais e fecharam a 99,05 reais.

"Por causa do último dia de junho, o fechamento do semestre foi elevado. Não vi nada mais que justifique a alta. Se não fosse por esse dia, esse fundo talvez nem estivesse na lista", diz Moraes.

4. Multigestão Renda Comercial FII (DRIT11B): +7,73%

Esse fundo da Rio Bravo investe em escritórios e lajes corporativas menores e mais baratas que os imóveis de "alto padrão" ou "triple A". É o caso de unidades no Edifício Berrini 1511, no Edifício Pedra Grande e do Edifício das Nações Unidas 20.000, todos em São Paulo.

Não houve mudança no valor dos rendimentos pagos no semestre, mas o fundo fez alterações na carteira, vendendo um escritório no Rio e comprando uma loja e uma sobreloja em um edifício na Faria Lima, em São Paulo. "Essa troca de ativos deve ter agradado aos investidores", acredita Arthur Vieira de Moraes.

5. Kinea Rendimentos Imobiliários (KNCR11): +4,26%

O fundo do Kinea é um "fundo de papel", pois investe em ativos de renda fixa imobiliária, como Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI), Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e Letras Hipotecárias (LH), podendo, contudo, também investir em imóveis.

Para Arthur Vieira de Moraes, a valorização se deveu ao fato de o fundo ter sido constituído recentemente (novembro de 2012) e ter composto sua carteira ao longo do semestre deste ano. Isso fez com que o potencial de rentabilidade crescesse.

Em janeiro, 45% do patrimônio estava alocado em CRIs, e o restante estava em LCIs e títulos públicos. Em junho, o percentual de CRIs já chegava a 81% da carteira.

6. Cyrela Thera Corporate (THRA11B): +4,24%

Esse fundo do BTG Pactual será dono de cinco andares do Edifício Thera Corporate, Green Building de alto padrão atualmente em construção pela Cyrela. Localiza-se na Avenida Engenheiro Luís Carlos Berrini, 105, em São Paulo, e tem previsão de entrega para agosto de 2014. São lajes de grande porte, com heliponto e quatro subsolos.

Como o imóvel ainda está em construção e sem aluguéis, o fundo tem uma renda mínima garantida de 75 centavos por mês, o que equivale a 9% ao ano em relação ao preço de lançamento da cota. Essa renda garantida será mantida por até 12 meses após a expedição do Habite-se, quando então os futuros locatários poderão se instalar no local. Uma renda mínima como essa, que supera a Selic, ainda é interessante para os investidores.

7. Mercantil do Brasil FII (MBRF11): +4,16%

Outro fundo da Rio Bravo na lista, o Mercantil é dono de três imóveis locados para o Banco Mercantil do Brasil: sua sede e o conjunto de imóveis que abrigam seu complexo de tecnologia, ambos em Belo Horizonte, e uma agência no Centro do Rio de Janeiro.

No primeiro semestre as cotas tiveram uma ínfima valorização de 0,52%, mas a remuneração se manteve em 9,20 reais por cota. Não houve eventos marcantes, mas os investidores não fugiram deste fundo.

8. RB Capital Renda II (RBRD11): +1,72%

Administrado pela Votorantim, o RB Capital Renda II investe em empreendimentos imobiliários comerciais construídos e locados na modalidade "built-to-suit" (especificamente para um determinado locatário). Os contratos de locação são atípicos – de dez anos e sem revisional, apenas correção pela inflação. São quatro imóveis em carteira, sendo duas megalojas, um centro de distribuição e um edifício corporativo.

De acordo com Arthur Vieira de Moraes, os reajustes dos aluguéis no primeiro semestre fizeram os rendimentos aumentarem de 36 centavos por cota para 40 centavos por cota.

9. Campus Faria Lima FII (FCFL11B): +1,59%

O fundo do BTG Pactual detém 100% de um imóvel localizado na Vila Olímpia, em São Paulo, e que recentemente passou por uma expansão para praticamente dobrar sua área útil, de 10 mil metros quadrados para quase 20 mil metros quadrados, locados para o Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper).

No primeiro semestre foi expedido o "Habite-se" para a expansão, e a locação da nova área começou em junho. Apesar disso, a renda mínima garantida de 8,30 reais por cota (9,96% ao ano em relação ao preço inicial de 1.000 reais da cota) ainda vai vigorar até maio do ano que vem.

10. SD Logística Rio (SDIL11): +0,76%

O fundo do Citi foi constituído para comprar a empresa Betel SPE e explorar o galpão logístico Multi Modal Duque de Caxias, no município de Duque de Caxias, no Rio. O empreendimento está locado para as empresas BR Foods, CBA, Royal Canin e Telelok.

Esse fundo assistiu a uma redução da vacância no primeiro semestre, e agora em julho foi completamente locado. Além disso, tem renda mínima garantida de 75 centavos por cota.

Comentários



Enviado via iPad

Melhores práticas para o mercado de FII

Melhores práticas para o mercado de FII

Boa notícia para os investidores dos FII que agora contam com mais uma entidade regulando e fiscalizando a indústria, o que confere mais segurança a todos os participantes do mercado.

Em julho de 2013 a Anbima (Associação brasileira das entidades dos mercados financeiros e de capitais) anunciou a inclusão do anexo III, que trata dos FII, ao código de regulação e melhores práticas para fundos de investimento.

A partir de 01/06/2013 todas as ofertas públicas de cotas de FII, sejam iniciais ou follow ons deverão ser também registradas na Anbima a fim de obter o selo da associação e, para tanto, deverão cumprir as regras do referido Anexo III.

Site da Anbima

Os fundos constituídos antes dessa data poderão, optativamente, fazer as devidas adequações para fins de obtenção do selo, mas não serão obrigados a fazê-las.

Para a obtenção do registro o fundo deverá submeter à apreciação da Anbima todos os documentos da oferta (desde o prospecto até o anúncio de encerramento), que poderá solicitar a alteração ou adequação do material aos padrões do novo código.

As exigências visam principalmente a maior abertura de informação no prospecto e dar diretrizes para a contratação de prestadores de serviço, em especial o consultor imobiliário.

No que diz respeito às informações do prospecto ressalta-se a obrigatoriedade de demonstrar quem são os prestadores de serviço do fundo, desde o administrador, gestor, custodiante, distribuidor, escriturador de cotas, auditor, até o consultor imobiliário e controladoria.

Além disso, nos casos de novas emissões de cotas o prospecto deverá trazer informações sobre o histórico de negociação das cotas já existentes nos últimos 5 anos; explicitar os conflitos de interesse existentes no FII e incluir a informação nos fatores de risco; apresentar estudo de viabilidade do fundo e laudo de avaliação dos ativos alvo.

 

Destaque para a questão da rentabilidade

Fundos lançados com rentabilidade pretendida deverão disponibilizar a metodologia usada para o seu cálculo.

Já os FII que sejam estruturados com "renda mínima garantida" terão que explicitar detalhes no prospecto inicial, como informar a fonte pagadora da receita, o percentual ou montante, a periodicidade e o prazo oferecido (se você ainda não sabe como funciona a renda mínima garantida clique aqui para entender).

A seção de fatores de risco passa a ter diversos tópicos obrigatórios, dentre eles:

risco operacional; risco de governança; riscos do setor imobiliário e específicos do negócio imobiliário tais como: atraso ou não conclusão das obras dos empreendimentos imobiliários, aumento nos custos de construção, vacância dos imóveis, revisão ou rescisão dos contratos de locação ou arrendamento, risco de sinistro, risco de desapropriação e risco de regularidade dos imóveis (documental).

Por fim devem constar as regras de tributação tanto da carteira do fundo quanto dos cotistas do FII.

Sobre a administração dos ativos imobiliários o código busca fortalecer e parametrizar a figura do consultor (ou consultoria) imobiliário, definindo as atividades que poderão ser por ele desenvolvidas e formalidades para a contratação.

As atividades previstas são:

Análise e seleção de ativos imobiliários; participação nas negociações e propositura de negócios para a carteira do fundo; administração de locações ou arrendamentos, exploração de direito de superfície e comercialização de imóveis; análise e acompanhamento de projetos imobiliários.

Para ter acesso ao código de regulação e melhores práticas para fundos de investimento clique aqui.

 

Leia o prospecto do fundo

Perceba que o prospecto passa a ser ainda mais importante e detalhado. Mas você lê os prospectos? No site da BM&FBovespa é possível ter acesso a todos os prospectos dos FII. Leia!


Links relacionados



Enviado via iPad

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Especialistas enxergam queda exagerada de fundos imobiliários; "Melhor hora para comprar"

http://economia.uol.com.br/noticias/infomoney/2013/07/10/especialistas-enxergam-queda-exagerada-de-fundos-imobiliarios-melhor-hora-para-comprar.htm

SÃO PAULO – Os fundos imobiliários caíram forte nos últimos meses. Só em junho, a desvalorização do Ifix, índice que mede o desempenho dos principais fundos negociados na BM&FBovespa, foi de 7,23%. No ano, as perdas já ultrapassam os 9%.

Entretanto, os analistas da XP Investimentos apontam que a desvalorização recente dos fundos imobiliários não reflete os reais fundamentos do setor. "Temos poucas dúvidas em afirmar que o mercado de fundos imobiliários nunca esteve tão subprecificado quanto se encontra agora. São inúmeras as divergências, incoerências e oportunidades de adquirir verdadeiras barganhas. Desde que o mercado ganhou uma mínima robustez não tivemos hora melhor para se posicionar", disseram, em relatório divulgado aos clientes.

Os analistas da XP apontam dois motivos para a queda dos fundos imobiliários nos últimos meses. O primeiro é o forte crescimento pelo qual o mercado passou no segundo semestre de 2012, especialmente após o sucesso da estreia do fundo BB Progressivo II (BBPO11).

"Esta oferta abriu a porta do mercado de FIIs para muitos e atraiu uma série de investidores desalinhados com o que o produto oferecia. Destaca-se ai o efeito extremamente nocivo das estratégias de flipagem dos IPOs e follow-ons. A partir do momento que os IPOs deixaram de dar lucros (muito em função destas estratégias), houve uma fuga de alguns investidores do mercado, o que resultou no inicio das quedas dos FIIs de forma mais expressiva", apontam os analistas.

O segundo motivo para a queda dos fundos imobiliários, de acordo com a XP, foi a elevação dos juros básicos. Na sua última reunião, o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) decidiu aumentar a Selic em 0,5 ponto percentual, para 8% ao ano. Com a Selic em um nível mais alto, uma correção nos preços das cotas dos fundos imobiliários sempre é esperada pelo mercado – assim os rendimentos pagos também se ajustam em relação ao CDI (Certificado de Depósito Interbancário). No entanto, a XP considera esta correção exagerada.

"A principal deficiência na precificação correta está em olhar apenas para a  remuneração atual do fundo e seu nível de risco, automaticamente comparando estas variáveis a ativos de renda fixa e à Selic esperada para o fim do ano. Neste processo é esquecido que fundos imobiliários têm diversas fontes de incremento de receita ao  longo de períodos mais longos, que são variáveis dependendo de seu eixo de atuação", diz o relatório.

Queda pode ser exagerada, diz Rio Bravo
A Rio Bravo Investimentos aponta que o spread atual entre  o yield dos fundos imobiliários e o retorno do CDI nunca foi visto anteriormente, o que sugere uma depreciação exagerada dos fundos imobiliários.

"É possível que a emoção tenha superado a razão na tomada de decisão do investidor, o que apontaria para um exagero na queda da cotação dos fundos imobiliários. Como consequência, os mesmos fundos oferecem  hoje rendimentos superiores ao de ativos comparáveis", apontam os gestores, em carta aos cotistas.

 

terça-feira, 9 de julho de 2013

Autuação de R$ 20 milhões contra WTorre é mantida

Autuação de R$ 20 milhões contra WTorre é mantida


O Conselho Municipal de Tributos (CMT) de São Paulo manteve ontem uma autuação fiscal de aproximadamente R$ 20 milhões contra a WTorre. O valor é referente ao Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis (ITBI) não recolhido sobre a aquisição do prédio da Daslu em 2006, mais multa, juros e correção monetária. Cabe recurso da decisão.

Para o órgão administrativo, houve irregularidades na forma como a WTorre Properties, gestora de imóveis comerciais da WTorre, adquiriu o edifício. Na época, a construtora optou por incorporar a dona do prédio, a Ergi Empreendimentos, o que, de acordo com a fiscalização, seria uma forma de evitar o pagamento do ITBI.

No julgamento, o relator do caso, Jonathan Vita, da 3ª Câmara do CMT, destacou que, nos meses anteriores à compra, ocorreram diversas mudanças societárias na Ergi e em empresas relacionadas a ela. Para o conselheiro, essas movimentações seriam um indicativo de que a real intenção da WTorre ao adquirir a Ergi era ter a posse do imóvel. Durante a sessão, Vita afirmou ainda que a WTorre deixou de pagar, à época, quase R$ 8 milhões de ITBI.

Para o relator, a situação discutida no processo administrativo se encaixaria no artigo 19 da Lei nº 14.133, de 2006, que cria o Programa de Modernização da Administração Tributária. De acordo com a norma, operações feitas "pela forma mais complexa ou mais onerosa para os envolvidos" são um indicativo de que o ato jurídico tem como objetivo reduzir, evitar ou postergar o pagamento de tributos. "A forma utilizada pela empresa foi muito complexa. Usaram vários passos diferentes para fazer uma aquisição", disse Vita.

Para o advogado que representa a construtora, Alexandre Tadeu Navarro, do Navarro Advogados, o fato de a Ergi ter uma atividade operacional anterior à compra pela WTorre comprova que a operação não teve como objetivo o não recolhimento do ITBI. Ele afirmou, durante o julgamento, que a Ergi estava em atividade e tinha funcionários antes de ser vendida.

Navarro destacou ainda que a compra da Ergi envolveu empresas em Portugal e nos Estados Unidos, o que gerou à construtora o pagamento de outros impostos. "A WTorre estaria economizando 2% [alíquota do ITBI], mas pagando tributos federais. Seria o planejamento tributário mais burro do mundo", disse. O advogado informou que irá recorrer da decisão no próprio CMT ou na Justiça.

Para Navarro, a decisão gera insegurança jurídica. "Se seguirem por esse caminho, haverá pagamento de ITBI diariamente, sempre que houver troca de controle de empresas", afirmou.

No processo administrativo, a WTorre questionou também a forma como o Fisco obteve o valor que utilizou como base de cálculo para autuar a empresa. A fiscalização alegou na autuação que a construtora desembolsou, ao todo, R$ 385 milhões na operação de compra da Ergi. O montante foi veiculado em uma matéria publicada pelo Valor em 2006.

Para o relator do caso, porém, uma matéria jornalística não poderia embasar uma autuação fiscal. "Uma notícia de jornal poderia motivar uma fiscalização, mas utilizá-la para embasar um auto de infração é incabível."

Entretanto, Vita defendeu que o valor de R$ 385 milhões deveria ser mantido para o recolhimento do ITBI. Ele afirmou que cálculos baseados em um laudo da WTorre demonstraram que o valor final da operação seria um pouco maior, de R$ 405 milhões. Assim, o montante arbitrado foi mantido. Uma norma processual determina que não é possível alterar uma autuação se o novo valor for prejudicial à parte que recorreu da decisão.

Por meio de sua assessoria de imprensa, a WTorre informou que não irá se manifestar por não ter sido notificada oficialmente da decisão.

 



Enviado via iPad