sexta-feira, 4 de março de 2011

Corte no Minha Casa, Minha Vida não afeta emissão de CRI

DCI - São Paulo/SP - FINANÇAS - 04/03/

Eduardo Puccioni

 

São Paulo - Os mercados de Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRI) e outros ativos imobiliários não serão afetados pelo corte de R$ 5,1 bilhões no programa Minha Casa, Minha Vida, segundo o advogado Carlos Ferrari, especialista nas áreas de Mercado de Capitais e setor Imobiliários, do Lobo & de Rizzo Advogados. O corte foi anunciado na 2ª feira pela ministra do Planejamento, Miriam Belchior. "O que deve ter ocorrido foi um pequeno erro de calculo no montante destinado na primeira fase do programa. O mercado não precisava de todo o montante dos recursos. O que ocorreu foi um ajuste no valor", afirma Ferrari.

 

O advogado se mostrou muito otimista com as ofertas que virão em 2011. "Acabamos de fechar uma operação da MRV Engenharia no valor de R$ 248 milhões. Acabamos de publicar na CVM [Comissão de Valores Mobiliários]", revela o especialista.

 

Ferrari afirma ainda que no escritório tem 5 operação para sair, contando com a da MRV, que juntas, chegam próximo de R$ 600 milhões. "O mercado está com uma velocidade de emissões que jamais vi", acrescenta Ferrari. O advogado diz ainda que só neste início de ano a CVM já concentra um estoque de emissões no montante de R$ 2 bilhões. "Este foi o volume que fechou o ano inteiro de 2010", lembra o especialista.

 

De acordo com os valores divulgados pela CVM, 2010 finalizou com R$ 2,1 bilhões em ofertas registradas, contra R$ 1,223 bilhão em relação ao ano anterior, correspondendo a um crescimento de 74,8% no período. Em 2008, o montante foi de R$ 830 milhões e, em 2007, o volume financeiro foi de R$ 868 milhões.

 

Ferrari lembrou ainda que a demanda dos investidores também tem sido fundamental para o crescimento deste mercado. "Além do interesse do investidor, estamos tendo uma alta no mercado secundário deste título, coisa que não tínhamos no passado", explica o especialista, dizendo ainda que investidor estrangeiro também está demonstrando grande interesse nos CRIs. "Temos de lembrar que o estrangeiro não paga Imposto de Renda sobre esta operação. Para eles é bem vantajoso", explica Ferrari.

 

Considerados importantes fontes de financiamento para o crédito imobiliário, os ativos como Cédula de Crédito Imobiliário (CCI), Letra de Crédito Imobiliário (LCI) e CRI registraram um volume de R$ 58,8 bilhões em 2011 na Cetip. Esses ativos, juntos, acumularam um crescimento de cerca de 40%, de 2009 para 2010. A Cetip detém quase que a totalidade do mercado de registro desses papéis, com 96% do mercado.

 

O crédito imobiliário no mercado de securitização foi o assunto da palestra que Carlos Ratto, diretor executivo Comercial e de Produtos da Cetip, apresentou no Encontro de Executivos dos Mercados de Securitização e Crédito Imobiliário. O encontro reuniu aproximadamente de 80 profissionais ligados a instituições financeiras do setor de crédito imobiliário e securitização.

 

Ainda sobre o programa Minha Casa, Minha Vida, Ferrari explica que tem contato com diversos agentes de mercado e que não ouviu ninguém questionando o corte. "Este é um mercado de títulos com cada vez mais segurança no lastro, isso atrai investidores".

 

O cenário atual e o mercado secundário também fizeram parte da apresentação de Ratto. Para o executivo, é necessário o desenvolvimento do mercado. "O estímulo ao mercado secundário será extremamente importante para que investidores do mercado primário saibam que esses ativos poderão ser negociados futuramente", explica o diretor da Cetip.

 

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