terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Captação local deve atingir R$ 7 bi

Clipping Express - Captação local deve atingir R$ 7 bi

Vinícius Pinheiro | De São Paulo

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Daniel Wainstein/Valor / Daniel Wainstein/Valor

"Com o aumento da volatilidade, está mais difícil para os gestores obterem retorno em mercados de risco", afirma Alexandre Aoude, diretor do Itaú BBA

Com um volume previsto de mais de R$ 7 bilhões em pelo menos 15 operações nos próximos dois meses, o mercado doméstico de emissões de renda fixa continua no embalo de 2011, sem paradas. Ao contrário das captações externas, restritas a pouquíssimos nomes e sujeitas a curtas janelas de oportunidade em meio à crise externa, as operações com títulos de dívida locais devem seguir a tendência de forte movimento observada nos últimos meses do ano passado. Se confirmado, o valor captado deve representar um recorde para o período.

Os negócios continuam concentrados nos emissores tradicionais, como empresas do setor elétrico, de saneamento e de concessão de rodovias. Mas o período será marcado por novidades, como a primeira emissão no chamado Novo Mercado de Renda Fixa.

A estreante deve ser a Cemig, que estuda realizar uma emissão em debêntures conforme as regras criadas pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) para estimular as captações. A operação deve ser realizada para rolar uma emissão de notas promissórias atualmente em andamento. Outra estatal mineira, a empresa de saneamento Copasa, também está no mercado com uma emissão de R$ 400 milhões em debêntures. A operação deve concorrer com a da Sabesp, que pretende levantar R$ 850 milhões.

Com a boa aceitação dos investidores, os bancos também devem testar novas emissões de prazo mais longo neste início de ano. As concessionárias Via Rondon e Rodovias do Tietê, que representam os trechos leste e oeste da Rodovia Marechal Rondon, pretendem captar R$ 300 milhões cada, por um prazo de 12 anos.

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Em meio ao processo de consolidação pelo qual passa o setor, as empresas de shopping centers também aproveitam a demanda em alta para captar. Além das operações já anunciadas - BR Malls e Iguatemi -, a expectativa é de que companhias do segmento de consumo venham a mercado neste início de ano.

O momento favorável é atribuído à demanda dos investidores, como fundos de investimento e de pensão. Além de não afetar o apetite pelos papéis, a crise é apontada como um fator de estímulo às emissões locais, em consequência da migração de recursos alocados na bolsa para a renda fixa, em busca de um porto mais seguro.

Mesmo os fundos multimercado - que podem investir em ativos de diferentes classes, como bolsa, câmbio e juros - têm alocado uma parcela maior da carteira em títulos privados para melhorar o desempenho. "Com o aumento da volatilidade, está mais difícil para os gestores obterem retorno em mercados de risco", diz o diretor executivo da área de renda fixa do Itaú BBA, Alexandre Aoude.

A expectativa é que as captações de títulos de dívida neste início de ano se concentrem em janeiro e fevereiro, mais precisamente até a semana do dia 20 do próximo mês, quando acontece o Carnaval. Ninguém quer correr o risco de ter a operação "esquecida" ou sujeita a uma piora repentina no mercado nesse período. Em seguida, com a temporada de divulgação de balanços, o ritmo de captações deve diminuir e ser retomado em abril.

Como já se tornou praxe, a maior parte das operações ocorrerá conforme a instrução 476 da Comissão de Valores Mobiliários, que permite a participação de até 20 investidores. O volume de R$ 7 bilhões considera apenas emissões que efetivamente irão a mercado, ou seja, exclui as operações de crédito que são realizadas pelos bancos via debêntures, que contam com isenção do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

Embora o número de novos emissores tenha aumentado, o mercado brasileiro ainda é restrito às chamadas empresas de primeira linha. Ao menos no curto prazo, essa realidade deve se manter, segundo João De Biase, responsável pela área de mercado de capitais de dívida do Itaú BBA. "O investidor tem mostrado um maior interesse, mas ainda não há demanda suficiente para operações com ratings mais baixos", diz.

A alternativa encontrada pelos emissores considerados de maior risco ou com pouco histórico no mercado tem sido a securitização de seus recebíveis, via fundos de investimento em direitos creditórios (FIDC) ou certificados de recebíveis imobiliários (CRI).

Para Ignacio Lorenzo, responsável pela área de distribuição de renda fixa do Santander, o mercado brasileiro tem tudo para alcançar um novo patamar com a iminente chegada do investidor estrangeiro. Com o objetivo de estimular o financiamento de projetos de infraestrutura e de longo prazo, o governo isentou no ano passado a entrada de capital externo para títulos privados de renda fixa do IOF. Os estrangeiros contam ainda com alíquota zero de imposto de renda.

"Com a legislação pronta, falta agora levar projetos que se enquadrem nos incentivos concedidos pelo governo ao mercado internacional", afirma Lorenzo, que está em Cancún, no México, em encontro com investidores e empresas clientes do banco.



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