segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Capital estrangeiro e classe C manterão ritmo da construção

 

São Paulo - A crise internacional não está assustando a construção civil brasileira. Ao contrário, para o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), Paulo Safady Simão, há boas chances de o setor ser "o grande player" de 2012, com crescimento projetado de 5,2% no Produto Interno Bruto (PIB) do setor. Na cadeia, a expectativa é de crescimento ainda maior, entre 8,5% e 9%. Entre as empresas, a expectativa também não fica atrás, para players como Settin, Construtora Costa Feitosa e Brookfield o ano será promissor para a construção. E entre os motivos de confiança dos empresários para a crescente alta no número de obras está o fato do Brasil ainda não ter problemas de recursos financeiros. Para ele, o mercado imobiliário tem previsão de fechar 2011 com recursos superiores a R$ 110 bilhões, contando com os da poupança e do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS)

"Fundos voltados para a segunda etapa do Programa Minha Casa, Minha Vida, lançada em 2011 para a população de baixa renda, das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e dos investimentos para a Copa e Olimpíadas continuarão sustentando o financiamento deste setor", afirmou Simão.

E quando o assunto é crise, o executivo é enfático. "Somos avessos à crise. Vai ter crise, mas o setor pode ser uma saída para minimizar os impactos da crise no Brasil. Só que o governo vai ter que tomar iniciativa, fazendo com que o PAC e o programa Minha Casa, Minha Vida 2 andem. O ritmo do PAC ficou aquém das expectativas em 2011, mas a presidente Dilma está dizendo publicamente que vai voltar a ser prioridade", diz.

Safady lembrou que o setor de construção civil registrou um crescimento de 42% entre 2004 e 2010 - uma média de 5,18% por ano. "Nenhum outro setor cresceu tanto e mostra perspectivas tão positivas", afirmou. E todos os lançamentos imobiliários este ano não farão com o que os executivos da área pisem no freio para lançamentos em 2012, Simão afirma que a tendência do setor é dar continuidade ao bomritmo "O mercado não deverá passar por transformação radical, pois nada indica que o País vivenciará um período recessivo".


Visão do empresário

E as análises de Simão vão de encontro ao ponto de vista dos empresários. De acordo com Tercio Luis, presidente da Construtora Costa Feitosa, o País continua com bom fôlego para manter as obras. "O Brasil tem se tornado cada vez mais um grande canteiro de obras, basta cruzar qualquer rodovia para ver isso".

O executivo, que espera faturar R$ 100 milhões em 2012 afirmou que a entrada de capital estrangeiro no mercado de construção deverá manter o ritmo ano que vem. "As construtoras vivem agora uma grande oportunidade de conseguir recursos e lançar cada vez mais negócios, e a população está financeiramente ativa para este tipo de relação".

A construtora Costa Feitosa, especializada em construção industrial obteve em 2012 um crescimento de 38,7% nos negócios e a expectativa é um crescimento ainda maior para 2012 apoiado nos clientes estrangeiros. "Houve uma grande inversão no perfil do negocio, que a três anos tinha 70% de seus clientes brasileiros e hoje tem uma carteira quase que exclusivamente estrangeira", diz.

Na Settin o otimismo também está presente. Para o presidente do grupo, Antonio Settin o ano que vem será de consolidação no mercado. "Muito já foi lançado este ano, mas há ainda muito espaço para crescer, não apenas aqui em São Paulo, mas outros estados aguardam novos lançamentos e novas obras", disse. 

Quem também partilha das boas projeções é o Alexandre Dinkelmann, diretor de Relação com Investidores da Brookfield. De acordo com o executivo, o ano de 2012 será positivo, principalmente por ter havido em 2010 uma série de iniciativas e obras de infraestrutura em locais mais afastados das grandes metrópoles, o que dará ao setor uma abertura no leque de oportunidades. "A maioria das regiões onde atuamos será beneficiada pelos investimentos em infraestrutura em 2012, entre os quais destacamos os investimentos que serão feitos para sediar a Copa do Mundo e as Olimpíadas", diz.

O executivo conta ainda que o papel do governo federal foi importante para que as construtoras chegassem em locais mais afastados do País. "Iniciativas como o Programa Minha Casa Minha vida viabilizaram e tornaram atrativo para as incorporadoras o segmento de habitação popular que, há poucos anos, era praticamente inexplorado", e completa, "a Brookfield incorporações dedica até 20% de seu portfólio a este segmento, com produtos que vão até R$ 170 mil/unidade", diz.

Hoje a empresa conta com uma parceria com o International Finance Corporation (IFC), braço do Banco Mundial, que visa aumentar a oferta de habitações de alta qualidade para a população de baixa renda do Brasil.

 

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