quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Petrobras capta R$ 405 milhões com CRI

Valor - 28/12/2011

De São Paulo

Em mais um sinal do apetite dos investidores por títulos privados, a Petrobras fechou uma captação de R$ 405 milhões no mercado doméstico com a emissão de certificados de recebíveis imobiliários (CRI). A estatal pagará pelos papéis uma taxa de juros inferior à dos títulos do governo federal com vencimento semelhante.

Ainda assim, a empresa captou além dos R$ 300 milhões inicialmente previstos e precisou emitir os lotes extras para atender a demanda. Como o CRI conta com isenção de imposto de renda, o rendimento líquido para o investidor acaba sendo superior ao dos papéis públicos.

A Petrobras pretende usar os recursos captados para construir um laboratório de fluidos na cidade de Macaé, no norte do Rio de Janeiro, e a sede administrava da companhia em Santos, no litoral paulista. Procurada, a Petrobras confirmou a operação e o valor. Segundo a companhia, a operação deverá ser finalizada nas primeiras semanas de janeiro, quando receberá os recursos.

A emissão de CRI foi realizada em três séries, com prazos de 12, 15 e 17 anos e corrigidas pela inflação medida pelo IPCA. Os papéis da primeira série renderão juros de 5,17% ao ano, a segunda pagará anualmente 5,39% ao investidor e a terceira, 5,37%. As taxas foram definidas pelo mercado em processo de coleta de intenções de investimento (bookbuilding, no jargão de mercado). Apesar de a taxa bruta ter ficado abaixo dos títulos públicos comparáveis, o rendimento líquido de imposto dos papéis ainda apresenta um prêmio em relação aos do governo.

Além do investidor, a empresa também obtém um benefício fiscal com essa estrutura, conhecida no mercado como "built-to-suit", já que o pagamento do aluguel entra como despesa no balanço e reduz o imposto de renda devido. Outra operação bastante usual no mercado é o "sale-and-lease-back", quando a empresa capta recursos com a venda de um imóvel já existente, vinculada a um contrato de aluguel com o comprador.

A operação possui uma estrutura complexa, que envolve a cessão dos terrenos e o aluguel dos edifícios da Petrobras para um fundo imobiliário, que tem a própria estatal como principal cotista, pelo prazo de 18 anos. Os contratos de locação servirão de lastro para os CRI, que serão emitidos pela RB Capital e vendidos ao investidor final. O Itaú BBA é o coordenador líder da oferta e atua ao lado do Bradesco BBI e da própria RB Capital. A emissão recebeu classificação de risco AAA, em escala nacional, da agência Fitch.

Nenhum comentário:

Postar um comentário