quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Câmara aprova a construção de mais prédios na av. Faria Lima

JOSÉ BENEDITO DA SILVA
DE SÃO PAULO

A Câmara de São Paulo aprovou ontem (30), em primeira votação, projeto do prefeito Gilberto Kassab (PSD) que libera a construção de mais prédios na região da avenida Faria Lima, uma das áreas mais valorizadas da cidade, na zona oeste.

Se o projeto passar em segunda votação, será a primeira vez que o município irá liberar prédios na região desde janeiro de 2009.

Kassab poderá emitir mais títulos públicos e negociá-los com o setor imobiliário dentro da Operação Urbana Faria Lima. Criada em 1994 por Paulo Maluf (PP) e atualizada em 2004 por Marta Suplicy (PT), ela prevê captar dinheiro da iniciativa privada para investir na região.

Para conseguir recursos, a prefeitura vende os Cepacs -títulos públicos municipais- em troca da autorização para a construção acima dos limites previstos no Plano Diretor ou para a modificação de uso (de residencial para comercial, por exemplo).

Dos 650 mil Cepacs que poderia emitir, Kassab já vendeu 637,5 mil. Embora não tenha títulos, ainda há área para negociar, já que só autorizou 692 mil m² do 1,5 milhão de m² que a lei lhe permitia.

O projeto aprovado permite emitir mais 500 mil Cepacs. A área acima do limite legal que ainda pode ser negociada equivale ao tamanho de sete edifícios como o Copan, que tem 32 andares e 120 mil m² e fica na região central.

As regiões que poderão receber mais prédios ficam no perímetro das avenidas Faria Lima, Pedroso de Morais, Eusébio Matoso e Frederico Herman Jr., e nas avenidas Hélio Pellegrino, Santo Amaro e Bandeirantes, incluindo o entorno das vias.

POLÊMICA

Apesar de aprovado sem voto contrário -foram 39 a favor e 10 abstenções-, houve muitas críticas da oposição à proposta e várias tentativas de obstruir a votação.

As principais reclamações eram que a região já é adensada, que o projeto é uma imposição do mercado imobiliário e que as contrapartidas sociais nunca ocorreram.

A oposição lembrou que a operação tem R$ 760 milhões em caixa -alegando que a prefeitura não investe em moradias populares, embora a região tenha favelas.

As principais obras feitas até agora pela prefeitura envolveram a revitalização do largo da Batata e melhorias habitacionais no Real Parque, bairro carente ao lado da marginal Pinheiros.

"Mais inexplicável do que não fazer nada é vir pedir mais dinheiro. Estamos transformando o Plano Diretor em letra morta com tanta operação urbana", afirmou José Américo (PT).

A cidade tem hoje quatro operações urbanas em andamento e três em projeto.

"Ali já é uma região muito adensada. Há outras regiões para onde São Paulo deve crescer, mas estão investindo na picanha, no filé mignon", disse Aurélio Miguel (PR).

Editoria de Arte/Folhapress

 

 

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