quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Mercado de fundos deve ter um 2012 com mais espaço para o setor imobiliário

Gestores também apostam em fundos multimercados e de renda fixa, mas cenário econômico preocupa gestores

·         Fonte: InfoMoney

·         Data: 14/12/2011 10:13

SÃO PAULO - Após captações recordes por dois anos consecutivos, a indústria brasileira de fundos caminha para fechar 2011 com um ritmo bem mais modesto. No ano anterior, houve um ingresso líquido de R$ 105,9 bilhões nesta modalidade de investimento; já no acumulado até novembro deste ano, as captações somam R$ 63,01 bilhões.

Os investimentos conservadores ganharam preferência em um ano conturbado. Os fundos de renda fixa e de previdência tiveram captações líquidas de R$ 70,3 bilhões e R$ 20,7 bilhões no acumulado até novembro, segundo os dados da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais). As categorias lideraram a preferência dos investidores no ano e devem continuar em alta em 2012.

"A renda fixa e os títulos pré-fixados podem ter a continuidade do bom momento deste ano", afirma Guilherme de Morais Vicente, gestor de renda variável da Mauá Sekular Investimentos. Vicente projeta bons rendimentos também para os fundos multimercados, já que a bolsa pode ter um rali de recuperação no próximo ano após a desvalorização de 16,6% acumulada desde janeiro.

Instabilidade foi o grande desafio em 2011
O mercado esteve bastante ruim para os gestores neste ano, admite o gestor da Mauá Sekular Investimentos. A oportunidade mais importante aconteceu no segundo semestre, com a queda da taxa de juro pré-fixada - a Selic.

"Poucos gestores foram capazes de capturar os outros movimentos, como a queda do euro, a piora internacional e o estouro do dólar, por conta da característica errática do mercado neste movimento mais curto prazista", explica Vicente.

Além disso, outros instrumentos de crédito competiram por uma parcela da poupança dos indivíduos. A forte valorização dos imóveis nos últimos anos fez com que crescesse a atratividade de produtos ligados ao setor imobiliário, como o CRI (Certificado de Recebíveis Imobiliários) e a LCI (Letra de Crédito Imobiliário). A vantagem destes investimentos em relação aos fundos é a isenção do Imposto de Renda, a exigência de quantias de investimento menores, mas que resultam em uma rentabilidade anual de cerca de 10%.

Algumas tendências foram percebidas em 2011. Entre elas, a dificuldade de praticar taxas de administração elevadas após a redução das captações deste tipo de investimento. "Neste cenário, destaque para o ligeiro aumento de fundos agressivos em relação aos fundos conservadores", segundo Vicente. Os fundos conservadores são aqueles indexados a índices, moedas e outros instrumentos financeiros.

As sugestões dos gestores

Modalidade

Por quê investir?

Quem indica?

Fundos Imobiliários

Comprar um fundo imobiliário é a mesma coisa que comprar um ativo real. A modalidade fica mais distante do sistema financeiro, que negocia o dinheiro como um bem líquido, subjetivo, e pode ser uma opção defensiva diante da crise soberana europeia.

Com o CDB (Certificado de Depósito Bancário) em queda, a modalidade fica ainda mais atrativa. A rentabilidade média é de 9% a 10% ao ano, corrigida pelo IGP-M.

Saulo Sabbá, diretor da Máxima Asset

Fundos de Renda Fixa

Dentre os fundos de renda fixa, destaque para aqueles com títulos pré-fixados na carteira, que capturam o movimento que precifica a convergência da Selic.

Estes fundos ganham no processo de queda dos juros, mas depois que a taxa cai têm menor rentabilidade. A modalidade deve continuar atrativa em 2012.

Guilherme de Morais Vicente, gestor da Mauá Sekular Investimentos

Fundos Multimercados

No próximo ano, a taxa de juros menor reduz a rentabilidade da renda fixa. Se o cenário externo mostrar um pouco mais de tranquilidade, a bolsa traz boas oportunidades de negócios. Empresas voltadas ao setor doméstico devem despontar em 2012.

Maurício Pedrosa, sócio da Queluz

Em 2012, um pouco mais de 2011
"É difícil ver um cenário melhor para o próximo ano", diz Sabbá. O diretor da Máxima Asset acredita que 2012 tende a ser parecido com este ano, mas com a probabilidade de que a desaceleração mundial traga um risco generalizado ao mercado.

"Na melhor das hipóteses, teremos uma recessão prolongada na Europa, sem nenhuma ruptura e sem nenhum país deixar o euro. Ao mesmo tempo, a China corre um sério risco de desaceleração. Mesmo o cenário positivo não é bom", afirma Sabbá.

Na renda variável o mercado apresenta múltiplos e ações com preços atrativos, levando em conta uma projeção de crescimento para a economia brasileira entre 3,5% e 4% no próximo ano, diz Pedrosa. O cenário, entretanto, ainda depende da resolução dos problemas europeus, sem que aconteçam defaults ou eventos negativos. "A volatilidade continua até que os governos tomem medidas que o mercado interpretar como suficientes para conter os riscos de contágio", afirma.

Estratégias para captação de cotistas
Para investimentos tradicionais, o investidor pode fazer uma comparação apenas por preços. No entanto, para fundos de investimento, a estratégia também é um ponto chave. "Antes a competição era por qual gestora obtinha a maior rentabilidade operando em 1 ou 2 mercados. Com o avanço no mercado de capitais brasileiro, há um sem número de métodos que os gestores podem utilizar", diz Vicente.

A Mauá busca a diferenciação através de estratégias de nicho de mercado, formulando fundos complementares à uma carteira adicional. A Máxima Asset planeja lançar no próximo ano fundos atrelados ao mercado imobiliário e às operações de private equity em empresas de capital aberto. Por fim, a Queluz está focada em interpretar o cenário econômico e dimensionar o risco para as estratégias de investimento, a fim de obter boas rentabilidades mesmo em momentos ruins.

 

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