quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Cibrasec propõe comprar ações de bancos

Valor Econômico - São Paulo/SP - FINANÇAS - 15/12/2011 - 01:04:48

Vinícius Pinheiro | De São Paulo

 

Após a desistência do processo de fusão com a Brazilian Secutities, a Cibrasec, empresa de securitização de recebíveis imobiliários que tem como acionistas os maiores bancos brasileiros, deve partir para uma solução caseira para resolver o imbróglio societário que a impede de operar com seus principais sócios.

O conselho da companhia aprovou a recompra das participações acionárias excedentes via tesouraria, de acordo com documentos encaminhados à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A operação, que ainda precisa ser aprovada em assembleia de acionistas, deve ser combinada com um aumento de capital dos demais sócios, com o objetivo de diluir a participação máxima dos bancos na empresa para atender as exigências regulatórias.

De acordo com normas do Banco Central, as instituições financeiras são proibidas de financiar ou adquirir títulos de empresas nas quais detêm mais de 10% do capital. Com o processo de consolidação no setor nos últimos anos, três bancos acabaram aumentando a participação na Cibrasec e estouraram esse limite: Itaú Unibanco, Santander e Banco do Brasil.

Como resultado, nenhuma das três instituições atualmente pode comprar Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) emitidos pela Cibrasec, o que coloca a empresa em uma situação de desvantagem frente aos principais concorrentes.

A solução para a questão societária parecia ter sido encontrada quando a companhia anunciou acordo para um processo de fusão com a Brazilian Securities. As empresas, porém, acabaram desistindo do negócio após quase um ano de discussões.

Embora nenhum compromisso formal tivesse sido assinado, o revés na união surpreendeu o mercado, já que as negociações estavam em avançada de auditoria, a chamada "due diligence". Na ocasião, as empresas atribuíram a desistência a diferenças de "práticas e modelos operacionais".

O formato final da operação para a readequação das participações societárias deve ser finalizado nos próximos dias, segundo o presidente da Cibrasec, Fernando Brasileiro. Para realizar a recompra das ações dos bancos, a companhia deverá reter os lucros deste ano. De janeiro a setembro, a empresa registrou lucro líquido de R$ 5,8 milhões, alta de 44% em relação ao mesmo período de 2010.

De acordo com a ata da reunião do conselho, a recompra deve ser realizada pelo valor patrimonial da ação. Caso haja uma venda posterior para um novo sócio, a diferença entre os preços será repassada aos bancos que abrirem mão dos papéis. Além da aprovação dos acionistas, a recompra deve passar por aval da CVM, segundo Brasileiro.

Mesmo com as restrições, o executivo destaca que a Cibrasec passa por um bom momento. Segundo Brasileiro, a expectativa é de que o volume de emissões de CRI da companhia atinja até R$ 3,5 bilhões neste ano.

Apesar de a regulação proibir a venda de CRI para os bancos com participação societária excedente, a regra não se aplica à negociação de carteiras securitizadas das instituições para terceiros. A empresa está perto de fechar a venda de cerca de R$ 1 bilhão de CRI com lastro em créditos imobiliários de Itaú e Santander para o FGTS, nos moldes da operação realizada pela Gaia em outubro deste ano. Questionado, o presidente da Cibrasec preferiu não comentar o negócio.

 

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