quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Analistas esperam ano difícil para mercado de capitais

DCI - São Paulo/SP - FINANÇAS - 21/12/2011 - 00:00:00

 

Ernani Fagundes

 

 

São Paulo - O presidente da Associação de Analistas e Profissionais de Investimentos do Mercado de Capitais (Apimec), Reginaldo Alexandre, espera um ano difícil e incerto para o mercado de capitais em 2012. "As grandes dúvidas sobre a crise europeia e a recuperação americana permanecem, e a China está desacelerando, o que afeta o setor de commodities", justifica o presidente da Apimec.

 

"Somente uma cena internacional mais tranquila, e redução da taxa de juros poderá estimular a atividade econômica e ajudar o mercado de capitais", argumentou Reginaldo Alexandre.

 

De fato, de acordo com dados divulgados ontem pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), o número de operações em mercado de capitais diminuiu muito nos últimos três meses. Das 23 operações de renda variável, apenas uma foi realizada nos últimos três meses. "Vejo 2012 com enorme cautela", avalia o presidente da Baker Tilly Brasil, Osvaldo Nieto.

 

Na opinião do executivo da auditoria britânica, o número de operações em renda variável poderá crescer somente a partir de 2013. "Há uma série de médias empresas brasileiras, com faturamento anual próximo de R$ 300 milhões, que precisam captar no mercado de capitais, mas essa preparação pode levar até um ano", prevê Nieto.

 

Ele argumenta que o caminho natural para essas médias empresas é o Bovespa Mais ou a abertura de capital no Novo Mercado. "Olhando países como o Canadá, o futuro do Bovespa Mais é promissor, mas só conseguiram captar capital, empresas que invistam em práticas de governança, como os exigidos pelo Novo Mercado", assegura Nieto.

 

Segundo o presidente, uma operação para abertura de capital é um processo entre 6 meses a um ano, e custa entre 4% e 5% do valor de captação. "São pouquíssimas das empresas de médio porte que lançam debêntures. É um instrumento caro até para as grandes empresas", compara Nieto.

 

Diante dessa realidade, o superintendente de negócios do Banco Fator, Valdery Alburquerque, diz que 2012 será o ano da renda fixa. "O rendimento está muito bom para o investidor", afirma.

 

Além da rentabilidade expressiva das debêntures, Alburquerque citou que Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) pulverizados pela Caixa, Bradesco ou incorporadoras estão pagando entre 7,5% e 8% ao ano mais índice de preços, e que o CRI da Petrobras, considerado de mínimo risco, pagou 5,8% ano mais índice de preços. "O incentivo fiscal do IR oferece uma rentabilidade que elas não teriam em renda variável", compara o superintendente.

 

Em onze meses de 2011, o Banco Fator participou de uma operação de renda variável, 4 de renda fixa consolidado, uma de renda fixa de longo prazo, 3 de securitização, 2 de CRIs, e uma de Certificados de Recebíveis Agrários (CRAs). "Cada operação leva de cinco a seis meses pela CVM 400, e um pouco menos pela CVM 476", detalha Alburquerque.

 

O superintendente informou que o Banco Fator está trabalhando na atração das fundações [fundos de pensão]. "Elas precisam melhorar a performance atuarial. Investir apenas em títulos públicos com a tendência dos juros em queda é uma estratégia muito conservadora", considerou.

 

Em relação aos custos das operações, ele contou que 50% são despesas de distribuição (corretoras e intermediários formais) e que a outra fatia é dividida entre estruturadores da operação, o originador da operação, auditoria legal, advogados e prestadores de serviços. "Para montar a oferta, é necessário um coordenador para fazer a gestão do cronograma, e a estrutura financeira, jurídica e operacional".

 

Renda Fixa

 

De acordo com dados da Anbima, nos últimos três meses (setembro a novembro), o número de operações de renda fixa consolidado foi de 65, ou 23% das 280 operações realizadas em 11 meses. Em renda fixa de curto prazo, foram 15 operações entre setembro a novembro, 20% do total de 73 operações no ano. No mesmo período, a renda fixa de longo prazo registrou 28 operações, ou 23% das 122 realizadas em 11 meses.

 

A securitização registrou 22 operações entre setembro e novembro, ou 25,88% das 88 operações realizadas em 11 meses. No mesmo período, a emissão de cotas seniores e subordinadas de fundos de investimentos em direitos creditórios (FIDCs) contou com 3 operações (25%), das 12 realizadas em 11 meses.

 

Entre setembro e novembro, a Anbima registrou 21 operações de emissões de CRIs, ou 32,81% das 64 operações em 11 meses. Ao mesmo tempo, a lista não cita nenhuma emissão de CRA, nenhuma de operações híbridas ou de títulos conversíveis permutáveis.

 

 

 

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