segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Broedel deixa diretoria e CVM terá diversas trocas em 2012

23 de dezembro de 2011

Por Graziella Valenti | De São Paulo| Valor Econômico

Alexsandro Broedel: cargo para terminar regulação do IFRS e também atuações importantes em Sadia e Tractebel

Por razões pessoais, o professor de contabilidade e finanças da Universidade de São Paulo Alexsandro Broedel deixará a diretoria da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no dia 2 de janeiro. Com a saída do especialista, a autarquia acumulará três modificações de peso em 2012, para um colegiado composto por cinco membros.
O mandato da presidente, Maria Helena Santana, expira em 14 de julho. Nos primeiros meses do próximo ano já devem começar os comentários e as especulações a respeito de um sucessor.
Eli Loria, diretor da CVM desde maio de 2007, também encerra sua atuação no fim deste mês. Para seu posto, conforme o Valor apurou, deve ser indicado o atual superintendente-geral, Roberto Tadeu Antunes Fernandes.
Broedel assumiu a diretoria deixada pelo professor Eliseu Martins, também especialista em contabilidade. Ambos atuaram fortemente no processo de normatização da contabilidade, para adoção do padrão internacional IFRS no Brasil.
Agora, a avaliação de pessoas próximas à direção da CVM, é que não há mais a mesma premência por um especialista da área contábil.
Não é a primeira vez que a dança das cadeiras ocorre na maioria dos cargos do colegiado na mesma época. Quando Maria Helena Santana assumiu a autarquia também houve diversas modificações simultâneas ou quase. Na época, saíram o presidente Marcelo Trindade e o diretor Pedro Marcílio. A ida de Maria Helena, até então na diretoria, para a presidência, deixou duas vagas no colegiado.
O sucessor de Broedel terá mais três anos inteiros de mandato. Segundo pessoas próximas ao colegiado da autarquia, o prazo mais longo em aberto do mandato torna a vaga mais atrativa, pois permite a realização de um trabalho mais profundo.
O restante do colegiado da CVM é composto por Otavio Yazbek, que fica no cargo até dezembro de 2013, e por Luciana Pires Dias, que assumiu no início deste ano, com mandato até o fim de 2015.
Apesar das modificações, os trabalhos do colegiado não sofrem interrupção porque a CVM, por ser uma autarquia, possui a figura do diretor substituto – um rodízio de seis meses entre três superintendentes – que podem assumir posições vagas.
Broedel deixou sua marca na CVM especialmente na atuação como relator do caso dos derivativos da Sadia, que resultou na condenação dos conselheiros que estavam à frente da empresa em 2008 – quando houve perda de R$ 2,55 bilhões com derivativo cambial de alto risco. Foi a primeira condenação de conselheiros por descumprimento do dever de diligência.
Mais uma atuação importante do diretor foi a decisão a respeito da companhia Tractebel, em 2010. Como relator do caso decidiu, e foi acompanhado por mais três membros do colegiado, que a Tractebel não poderia votar na assembleia sobre a aquisição de uma empresa do mesmo grupo.
Com essa decisão, a CVM pôs fim à dissonância histórica na autarquia a respeito da permissão do voto dos controladores em assembleias que tratem de contratos entre partes relacionadas.

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