segunda-feira, 4 de abril de 2011

Fundos imobiliários podem ser saída para negociar CRIs

DCI | Eduardo Puccioni, Renato Carvalho

04.04.2011

 

A volatilidade do mercado acionário brasileiro deve abrir caminho para que os investidores busquem alternativas de investimento, como é o caso dos fundos imobiliários. Quem ganha com este tipo de aplicação são os emissores de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI), que passam a compor os fundos.

 

Para Ricardo Almeida, professor de Finanças do Insper, ainda há uma dificuldade de os pequenos investidores entenderem onde os fundos imobiliários estão aplicando seus recursos. "O pequeno investidor acaba optando por este tipo de investimento pelo nome do banco que vem por trás da operação", explica Almeida.

 

De acordo com Daniela Mesquita, diretora Financeira da Brazilian Finance Real Estate (BFRE), grupo que controla as empresas BM Minha Casa, Brazilian Securities, Brazilian Capital e Brazilian Mortgages, os negócios com CRI devem ficar ainda mais aquecido para 2011. "Os especialistas projetam que a poupança não será suficiente como fonte de recursos para o crédito imobiliário já a partir de 2012. E então, o papel do CRI será crucial para manter o crescimento desta linha de financiamento", afirma a executiva.

 

Apesar de ainda ser um instrumento de difícil acesso para o pequeno investidor, o CRI está mais próximo do varejo agora do que há alguns anos, afirma Daniela. "Depois que os fundos imobiliários foram autorizados a incorporar os CRIs ao patrimônio, os pequenos investidores podem investir indiretamente nestes títulos", explica Mesquita.

 

A (BFRE) registrou um lucro líquido de R$ 117 milhões no ano passado, um crescimento de 125% em relação ao ano anterior. Segundo Mesquita, o volume de CRIs emitidos em 2010 pela empresa foi de R$ 3,7 bilhões. "Este valor é cinco vezes o volume emitido no ano anterior, e supera a soma de todas as emissões feitas desde que começamos a operar, há oito anos", revela. Ela acredita que este número possa ser superado neste ano.

 

De acordo com os dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), o patrimônio líquido dos fundos imobiliários encerrou fevereiro em R$ 3,082 bilhões, com participação de 0,17% do mercado total.

 

Almeida acredita que os fundos imobiliários podem popularizar os CRIs. "Hoje, o grande investidor precisa comprar CRI de três empresas diferentes para pulverizar o risco, e com a entrada dos CRIs em fundos é possível diluir o risco gastando menos", acrescenta o professor do Insper.

 

A BFRE também tem um braço de gestão de recursos, que atua somente com fundos imobiliários. A Brazilian Capital registrou lucro líquido de R$ 11,690 milhões em 2010, um avanço de 75% em relação ao resultado apurado em 2009. "Temos R$ 2 bilhões em recursos administrados pela Brazilian Capital, que responde por uma gestão mais ativa dos recursos", explica a executiva da BFRE. Ela conta que um desses fundos de gestão ativa conta com ativos de 12 imóveis com patrimônio de R$ 367 milhões. "E neste fundo temos mais de mil pessoas físicas."

 

O professor de Finanças diz ainda que apesar de poder comprar participação em fundos imobiliários por meio do home broker, a falta de informação leva o pequeno investidor à aquisição de ações. "Pelo fato de o pequeno investidor não saber onde o fundo aplica, é mais fácil para ele aplicar seus recursos na compra de ações", diz Almeida.

 

A Brazilian Capital possui outros fundos, que são negociados na Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros (BM&F Bovespa). As duas categorias somam R$ 4,9 bilhões em recursos. "Este valor corresponde a 38% do mercado de fundos imobiliários no Brasil." Daniela conta que a BFRE tem fundos para todo tamanho de investidor, com investimento inicial mínimo R$ 1.000,00. "Por ser uma boa opção para os investidores, acreditamos que os fundos imobiliários ainda têm grande potencial de crescimento." Para completar o ciclo de atuação no mercado imobiliário, a BFRE aposta no BM Sua Casa e na Brazilan Mortgages, braços de financiamento de imóveis do grupo. O BM Sua Casa teve lucro líquido de R$ 29,835 milhões em 2010, um avanço de 16% na comparação com o ano anterior. O crescimento do lucro neste segmento foi menor, o que se explica pelo bom resultado alcançado já em 2009, quando o BM Sua Casa puxou o lucro da BFRE, respondendo por praticamente 50% do resultado final. Já a BR Mortgages registrou ganhos de R$ 29,350 milhões, um crescimento de 51% em relação a 2009.

 

E os planos para o BM Sua Casa são ambiciosos. Somente no ano passado, foram abertas 28 novas lojas, o que resultou em 47 unidades abertas ao fim do ano passado, em 30 cidades. "As operações estão mais concentradas em São Paulo, no interior e na capital", explica Daniela. A financeira de imóveis fechou 2010 com crescimento expressivo na carteira de crédito. Já o BM Sua Casa, que atende somente pessoas físicas, registrou um salto de 82% na carteira em 12 meses. "Registramos um ritmo de concessão de crédito no ano passado de R$ 50 milhões por mês", conta Daniela.

 

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