quinta-feira, 7 de abril de 2011

Aumenta restrição ao crédito externo

 

Claudia Safatle, Luciana Otoni e Fernando Travaglini | De Brasília

07/04/2011

O governo estendeu a incidência do IOF de 6% aos empréstimos externos com prazos de até dois anos, assim como para operações de repactuação e assunção de dívidas no exterior por empresas e bancos. Na semana passada, quando resolveu tributar os empréstimos em moeda estrangeira, o governo havia estabelecido que os contratos com prazos superiores a 360 dias estariam isentos. Ontem, apertou um pouco mais a medida e agora só operações acima de dois anos é que deixarão de recolher o imposto.

Essa é mais uma das ações que o governo vem adotando desde outubro do ano passado na tentativa de impor freios à apreciação do real. Este ano, até ontem, a moeda teve valorização de 3,22% em relação ao dólar. Se, por um lado, a apreciação pode ajudar o Banco Central na política de controle da inflação, por outro reduz a competitividade dos exportadores brasileiros e coloca o ministro da Fazenda sob pressão.

Ontem, no início da tarde, a assessoria do ministro Guido Mantega anunciou que às 18h30 ele divulgaria novas medidas cambiais. O dólar, que caía, interrompeu a queda e encerrou em R$ 1,6140, com alta de 0,31%. Os operadores de câmbio ficaram em estado de alerta. Após conhecer a medida, o mercado respirou e considerou-a de pouco efeito sobre o fluxo de dólares, que no primeiro trimestre atingiu espetaculares US$ 35,6 bilhões, 46% mais que todo o ingresso de 2010. "Foi o maior fluxo de dólares para o país em todos os tempos e isso exige do governo medidas para amenizar o impacto na economia", disse Mantega.

Mesmo a queda de US$ 16,8 bilhões para US$ 8,8 bilhões na posição vendida dos bancos este ano foi incapaz de segurar a cotação. "A medida é para desencorajar a tomada de crédito externo para os que fazem arbitragem", disse Mantega.

Ao reduzir o crédito externo, o governo está também diminuindo o fluxo de recursos para a expansão do crédito doméstico que, por sua vez, financia o aumento do consumo.

Apesar de o conjunto de medidas adotado pelo governo não impedir a alta do real, para o ministro, o fato é que se nada fosse feito, o dólar já estaria valendo R$ 1,50 ou menos.

A estratégia de agir a conta-gotas no mercado de câmbio se justifica, segundo Mantega, para preservar os dólares dos investimentos diretos no país e, em última instância, para não comprometer o financiamento do balanço de pagamentos.

 

 

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