segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Com juro menor, título imobiliário se destaca - Yahoo! Notícias

Com juro menor, título imobiliário se destaca

RIO - A redução dos juros básicos de 11% para 7,5% ao ano desde janeiro está fazendo as Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) ganharem mais espaço neste ano no bolso do investidor brasileiro em busca de uma remuneração maior na renda fixa. No último semestre, aumentou em 42% o número de clientes e em 21% o volume aplicado, para R$ 56 bilhões, em relação a dezembro de 2011, segundo o último Censo do Banco Central. Apesar de também afetadas pela queda da Taxa Selic, essas aplicações conseguem oferecer rendimentos superiores aos Certificados de Depósito Bancário (CDBs) e aos fundos DI, porque são isentas de Imposto de Renda (IR). No entanto, especialistas recomendam cuidado já que, dependendo do banco emissor, o papel tem maior risco. Além disso, é uma aplicação com menor liquidez: só é possível reaver o investimento após o vencimento do título.

As LCIs são títulos emitidos por bancos com garantia em créditos imobiliários. Um papel de uma grande instituição - ou seja, com menor grau de risco, mas também menor rendimento -, por exemplo, rende, em média, 6% ao ano, livres de IR. Já um CDB de emissor do mesmo porte, que pague 80% do CDI e que sofre o desconto de 15% a 22,5% de IR ao fim da aplicação, tem ganho líquido anual de 4,65%, se o investimento for resgatado em prazo inferior a seis meses, e de 5,10% em aplicações por mais de dois anos. As simulações foram feitas pelo professor Samy Dana, da Fundação Getulio Vargas, e por Alex Del Giglio, sócio da Prime Finance Investimentos.

- Bancos pequenos oferecem um rendimento melhor de LCI, mas têm maior risco - destaca Dana, da FGV.

Assim como a poupança e os CDBs, as LCIs também são cobertas em até R$ 70 mil pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC), caso o banco emissor quebre. Especialistas sugerem, portanto, que o investidor deixe no máximo R$ 70 mil investidos por instituição. É o caso do bancário Victor Marques, de 27 anos, que começou a investir em LCIs há cerca de dez meses, quando as principais ações da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) sofreram fortes perdas com a fase mais crítica da crise europeia. Ele também não aplica em LCIs com prazo de vencimento superior a 12 meses, porque redireciona seus investimentos de ano em ano.

- Procuro filtrar pelo rendimento médio que está dando e pelo rating (avaliação de risco de crédito) - diz Marques.

Investimento a partir de mil reais

O administrador de empresas Matheus Massari, de 33 anos, sacou seus investimentos em CDBs e aplica em LCIs há cerca de dois anos. O objetivo é guardar dinheiro para a aposentadoria. Já o funcionário público Leonardo Jamus Batista, de 44 anos, aplica em LCIs que expirem em no máximo seis meses. Busca um rendimento para ajudar a comprar um imóvel:

- Prefiro prazos curtos, porque sempre quis ter liquidez rápida para qualquer imprevisto.

É possível aplicar em LCIs com R$ 1 mil e vencimento em um mês. Mas esses títulos mais baratos e curtos costumam ser distribuídos por corretoras e emitidos por bancos pequenos ou médios. Nos grandes bancos de varejo, só costumam ser oferecidos aos clientes de alta renda.

- Como é um título muito disputado pelo segmento private, sobra pouco para o investidor de menor poder aquisitivo - diz Myrian Lund, professora da FGV.

- O ideal é ter LCIs e CDBs de vários emissores e isso o cliente de prateleira de banco não consegue. Só em corretoras - diz Ricardo Corrêa, analista da corretora Ativa.

Certificados de recebíveis imobiliários em alta

No Itaú, por exemplo, a LCI só é oferecida aos clientes de alta renda ou private, segundo o superintendente de Private Banking da instituição, Charles Ferraz. Ele diz, no entanto, que a procura já dá sinais de queda.

- A procura por LCI caiu, porque o cliente questiona ativos ligados ao CDI. Mas, dentre eles, continua sendo bem atraente por conta da isenção tributária - diz Ferraz.

De acordo com o executivo, a procura dos clientes mais abastados tem aumentado por outro tipo de título de crédito imobiliário, o Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRI), tipo de papel que só costuma ser oferecido para investidores qualificados, com patrimônio superior a R$ 300 mil, que normalmente é também o preço mínimo para comprar o produto. Os CRIs também têm lastro em créditos imobiliários, mas são emitidos apenas por companhias securitizadoras e não têm cobertura do FGC. Além disso, os riscos são mais elevados, assim como os rendimentos. Apesar de contar com um mercado secundário negociado pelas corretoras e bancos na Cetip ou na BM&FBovespa, é difícil repassar o produto para outros compradores, segundo analistas. Autoridades costumam recomendar aos investidores observar a origem e a diversificação dos créditos ao analisar um CRI, especialmente a seção "fatores de risco".

- É importante conhecer quem são gestores e administradores, o histórico de atuação e qual é a destinação dos recursos - diz Paulo Cirulli, gerente de Produtos da BM&FBovespa.



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