terça-feira, 4 de setembro de 2012

BB lança fundo de R$ 1,6 bilhão para expandir agências

Por Silvia Rosa | De São Paulo

 

O Banco do Brasil pretende captar R$ 1,592 bilhão por meio do Fundo Imobiliário BB Progressivo II, que terá uma carteira composta por agências bancárias que serão alugadas para o BB. A operação representa a maior emissão de fundo imobiliário realizada neste ano e pode colocar o portfólio como o terceiro maior do mercado em valor de patrimônio, se as cotas forem integralmente subscritas.

A oferta, coordenada pelo BB Investimentos, compreende a compra de 64 agências bancárias de propriedade do banco que serão transferidas ao fundo. Os imóveis serão locados para o BB por meio de contratos de locação de 120 meses, renováveis por tempo indeterminado. O período de reserva da oferta vai de 7 de novembro a 18 de dezembro, e a aplicação mínima é de R$ 2 mil. De acordo com o prospecto da emissão, pelo menos 50% da oferta serão direcionados para investidores não institucionais. O portfólio será gerido pela Votorantim Asset Management.

O BB informou na semana passada que o lançamento do fundo deverá resultar em um ganho fiscal líquido de R$ 710 milhões com a desimobilização, depois de totalmente vendido para investidores no mercado. Ao pagar aluguel para o fundo, o banco consegue abater a despesa do imposto de renda. O banco subscreveu todas as cotas na oferta primária do fundo, sendo R$ 190 milhões por meio de aporte em dinheiro e R$ 1,4 bilhão via transferência dos imóveis ao portfólio. Agora o banco fará uma oferta secundária, aos investidores, das cotas que comprou.

O banco tem adotado a estratégia de desimobilização imobiliária como forma de ampliar a rede de agência sem investir recursos próprios e, assim, melhorar a rentabilidade da instituição. O banco contava, em março, com 5.267 agências bancárias e um índice de imobilização de 31,5%, de acordo com dados do Banco Central. "Vejo a estratégia da instituição como uma possibilidade de criação de novos negócios para aumentar a rentabilidade", diz Aloisio Lemos, analista da Ágora Corretora.

Em junho do ano passado, o banco lançou o fundo BB Renda Corporativa, voltado para aquisição de imóveis para posterior locação para o banco, que contava com patrimônio de R$ 153,617 milhões e reunia 13 imóveis em julho.

O banco ainda tem outro fundo imobiliário, o BB Progressivo, que conta com dois imóveis no portfólio, um localizado em Brasília e outro no Rio de Janeiro, sendo ambos locados para o BB. Em julho, o fundo contava com patrimônio de R$ 197,7 milhões.

A Caixa também tem optado por essa estratégia e lançou em junho a oferta de um fundo imobiliário, batizado de Agências Caixa, com a previsão de captar R$ 300 milhões. O portfólio terá como foco a aquisição de imóveis que poderão ser de propriedade da Caixa ou de terceiros. Os pontos serão transformados em agências e alugados para a própria instituição.

Com a queda da taxa básica de juros tem crescido a demanda por fundos imobiliários, que contam o benefício da isenção de Imposto de Renda sobre os rendimentos para pessoas físicas.

O número de investidores em fundos imobiliários negociados na BM&FBovespa cresceu 140% desde janeiro de 2011, somando 47.798 (99% pessoas físicas). Neste ano, a quantidade de aplicadores aumentou 35% até agosto, com a listagem de 14 novos fundos.

Com o objetivo de criar uma ferramenta para que os investidores possam acompanhar o desempenho dessas carteiras, a bolsa iniciou ontem a divulgação do Índice de Fundos de Investimento Imobiliário (IFIX). "O lançamento desse 'benchmark' deve atrair novos investidores para esse mercado, como fundos de pensão", afirma Rodrigo Machado, presidente da câmara consultiva do mercado imobiliário da BM&FBovespa. O índice também permitirá a criação de fundos de índices, conhecidos como Exchange-Traded Funds (ETF, na sigla em inglês). O lançamento desses produtos depende, no entanto, de regra para estender o benefício fiscal para os ETFs.

Hoje há 159 fundos imobiliários registrados na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que somam patrimônio líquido de R$ 26,046 bilhões. Desse total, 80 são negociados na bolsa, totalizando valor de mercado e R$ 18,1 bilhões. No ano, foram registradas 26 ofertas de fundos imobiliários, que somam R$ 5,749 bilhões, aumento de 17,26% em relação ao mesmo período do ano passado.

 

 

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