segunda-feira, 4 de outubro de 2010

'Vai faltar dinheiro para tudo', afirma especialista

Leandro Modé

O Estado de S. Paulo - São Paulo/SP - ECONOMIA - 04/10/2010


Mantido o atual ritmo de expansão, estima-se que o FGTS e a poupança vão[br]secar até 2012 para o financiamento de imóveis

"Vai faltar dinheiro." É com essa frase taxativa que o presidente do Instituto para o Desenvolvimento da Cultura do Crédito (IDCC), Fernando Blanco, refere-se às perspectivas para o mercado de crédito imobiliário brasileiro nos próximos anos.

"O Brasil precisa investir no pré-sal, na infraestrutura, precisa fazer Copa do Mundo e Olimpíada. Onde vamos encontrar recurso para tudo isso?", indaga o especialista, que durante anos trabalhou em comitês de crédito de grandes bancos.

A preocupação de Blanco é compartilhada por outros profissionais da área financeira. A diferença é que ele tem como foco as limitações macro, enquanto outros chamam a atenção para questões específicas do segmento imobiliário.

Só duas fontes. No Brasil, há basicamente duas fontes para os empréstimos do setor: os depósitos da caderneta de poupança e os recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).

Mantido o atual ritmo de expansão dos negócios, estima-se que ambas as fontes vão secar, no máximo, até 2012. A partir daí, o mercado terá de desenvolver alternativas para manter o ritmo de crescimento.

O presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), Luiz França, estima que o problema vai aparecer entre 2012 e 2013. Por isso, afirma, a entidade e os bancos estão empenhados na busca de uma solução. Uma delas é a securitização, que permitiria o "empacotamento" dos financiamentos e sua venda a investidores.

Outra são os chamados "covered bonds", um tipo de papel financeiro que, segundo ele, permitiria um "casamento" melhor dos prazos da operação.

Hoje, a caderneta de poupança é uma aplicação de curto prazo que banca transações de longo prazo (empréstimos imobiliários), o que aumenta o risco para os bancos. Segundo França, o governo tem se mostrado sensível às demandas do setor de crédito imobiliário.

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