terça-feira, 15 de maio de 2012

Impacto negativo no balanço da Brookfield vai continuar no 2º tri

Clipping Express - Impacto negativo no balanço da Brookfield vai continuar no 2º tri

Chiara Quintão e Renato Rostás | De São Paulo



Silvia Costanti/Valor / Silvia Costanti/Valor

Reade, presidente da companhia, diz que conclusão da revisão de orçamentos deve ocorrer entre 30 e 45 dias

Os resultados da Brookfield Incorporações do segundo trimestre poderão sofrer os impactos negativos das revisões de orçamento em curso, assim como ocorreu no primeiro trimestre. "Temos de reconhecer a possibilidade", diz o presidente da companhia, Nicholas Reade. Ainda não é possível estimar valores, mas o número pode ser expressivo em relação ao resultado do trimestre, segundo ele.

A companhia realizou revisão de orçamento, no primeiro trimestre, em parcela de projetos que representa apenas 15% a 20% do total, o que significa que a maior parte da carteira ainda precisa ser reavaliada. A conclusão do processo deve ocorrer no prazo de 30 a 45 dias, de acordo com Reade. Recentemente, a incorporadora implantou melhorias nos processos de orçamentos, assim como padronização em todas as regiões.

Os custos adicionais não esperados em alguns projetos tiveram impacto de R$ 21,4 milhões nos resultados da Brookfield do primeiro trimestre, conforme o executivo. Foram identificados estouros de orçamento em doze projetos, sendo dois deles de loteamentos. Segundo Reade, o maior ajuste foi feito em projeto antigo de loteamento em Paulínia (SP), com impacto de mais de R$ 5 milhões.

Os estouros de orçamento estão entre as principais razões para a incorporadora ter apresentado queda de 94% no lucro líquido, no primeiro trimestre, ante o mesmo período de 2011, para R$ 4 milhões.

Os resultados tiveram efeito negativo também do aumento dos distratos ante os três primeiros meses do ano passado, devido ao aumento das vendas e das entregas. No momento em que ocorre o distrato, a operação se reflete em baixa do lucro contábil referente àquela venda. Quando a unidade é comercializada, outra vez, a companhia obtém lucro maior com a venda do que o anterior, devido à alta dos preços.

Cerca de metade das unidades que retornaram às mãos da empresa em 2011 já foram, novamente, comercializadas. A Brookfield dá início ao processo de repasses seis meses antes da entrega dos empreendimentos e faz os distratos quando avalia que o banco não aceitará o cliente e, na maioria das vezes, há inadimplência. O maior rigor nas vendas feitas desde 2010 deve se refletir em menos distratos a partir de 2013.

Outro problema enfrentado pela Brookfield no trimestre foi o aumento das despesas. De janeiro a março, as despesas totais - entre custo de vendas, gerais e administrativas - cresceram 5%, para R$ 619,2 milhões.

A margem bruta caiu de 30,2%, no primeiro trimestre de 2011, para 25,1%. A margem dos resultados a apropriar caiu de 40,4% para 37,2%. No segundo trimestre, a rentabilidade dependerá dos resultados da revisão dos orçamentos, de acordo com Reade, mas a partir do segundo semestre, a tendência é que as margens retomem os patamares de 2011.

Ontem, em função dos resultados do trimestre, as ações da Brookfield fecharam em queda de 14,86%, cotadas a R$ 4,18, menor valor desde julho de 2009.

No trimestre, a companhia vendeu parte dos terrenos que possuía em Tamboré (SP), por R$ 46 milhões, como parte de sua estratégia de reduzir a parcela de terrenos destinada a projetos de longo prazo. O impacto da venda no lucro foi de R$ 4,6 milhões. Na prática, sem essa venda, a Brookfield teria prejuízo de R$ 600 mil. No fim do trimestre, o banco de terrenos da Brookfield correspondia ao Valor Geral de Vendas (VGV) de R$ 17 bilhões, patamar que deve ser mantido, com a venda de outras áreas para projetos de longo prazo e compra de terrenos para desenvolvimento mais rápido.

No trimestre, a Brookfield emitiu R$ 421 milhões em certificados de recebíveis imobiliários (CRIs). Está prevista securitização de R$ 262 milhões para o segundo trimestre. A incorporadora teve consumo operacional de caixa de R$ 296 milhões, no período, valor que deve cair nos próximos trimestres, conforme Reade.



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