segunda-feira, 28 de maio de 2012

Fundos de pensão vão buscar mais risco - Panorama Brasil

Fundos de pensão vão buscar mais risco

Ante a perspectiva de redução da taxa básica de juros (Selic), os fundos de pensão se movimentam para buscar rentabilidade em títulos privados e informar seus investidores da nova realidade.

"Quem buscar rentabilidade terá que ser mais imaginativo. Os controles de risco terão que ser mais acentuados para identificar títulos privados como debêntures e CDBs", diz  o diretor-presidente da Associação Brasileira das Entidades de Previdência Privada (Abrapp), José de Souza Mendonça.

"No momento, a Bolsa não dá muita segurança às fundações pequenas e médias. Só as grandes participam da gestão das companhias e buscam dividendos. Portanto, Bolsa só para o longo prazo, uma característica dos fundos de pensão", argumenta Mendonça.

Outro caminho a ser trilhado pelas fundações será o investimentos em imóveis, fundos imobiliários e fundos de investimentos em direitos creditórios (FIDCs) do setor imobiliário. "Apenas meia dúzia de fundações está investindo em infraestrutura, que exige muito cuidado na segurança dos recursos e na análise fundamentada do risco", afirma o diretor-presidente.

De acordo com dados do relatório consolidado de 2011, dos R$ 573,73 bilhões detidos pelas fundações, a composição em renda fixa representa 61%, sendo 15,8% ou R$ 99,44 bilhões diretamente me títulos públicos, 4,8% ou R$ 27,5 bilhões em créditos privados e depósitos (inclui debêntures, CDBs e letras financeiras), e 40,4% ou R$ 231,81 bilhões em fundos de renda fixa.

A renda variável aparece com 30% do total, sendo 14% ou R$ 80,4 bilhões diretamente em ações e 16% ou R$ 92,01 bilhões em fundos de investimentos em renda variável.

Entre os diversos, os investimentos estruturados representam 2,3% ou R$ 13,34 bilhões; títulos de dívida externa com 0,1% ou R$ 313 milhões; imóveis em 3,6% ou R$ 20,685 bilhões; operações com participantes com 2,6% ou R$ 14,91 bilhões, e a categoria outros com 0,4% ou  R$ 2,07 bilhões, que inclui derivativos. 

Fundação Cesp

No próximo dia 28 de maio, segunda-feira, a Fundação Cesp vai buscar convencer seus participantes que os bons tempos de juros altos terminaram e que isso exigirá mudança na meta atuarial de seus planos de previdência.

"Teremos que convencer patrocinadores da necessidade de contribuições e os participantes da expectativa de ganhar menos. Mas eles mostraram-se bastante resistentes às mudanças", disse o diretor de previdência da Fundação Cesp, Eusébio Bomfim.

Até 2010, os 10 diferentes planos da Fundação Cesp prometiam a remuneração do Índice Geral de Preços ao Mercado (IGP-M) mais 6% ao ano. "Manter um patamar de rentabilidade alta exigirá rever a política de investimentos e ser menos otimista."

Em 2011, o fundo iniciou sua política de esclarecimento e conquistou a adesão parcial da maioria dos planos. Atualmente o plano PAP Fundação CESP adota a taxa real de 5% ao ano, PSAP Transmissão Paulista e PSAP Elektro adotam 5,75%, PSAP Duke Energy adota 5,5%, e PSAP Eletropaulo (em BD/CD), PSAP EMAE e PSAP Tietê adotam taxa de juros de 5,25%. Os demais permanecem com taxa real de juros de 6% ao ano.

A fundação tem como patrocinadoras as seguintes empresas — Grupo AES Brasil (AES Tietê , AES Eletropaulo e AES Eletropaulo Telecom); Grupo CPFL Energia  (CPFL Paulista, CPFL Brasil, CPFL Piratininga e CPFL Geração); Companhia Energética de São Paulo (Cesp); ISA CTEEP; Elektro; EMAE e Duke Energy International   e Geração Paranapanema — e atende cerca de 30 mil assistidos, 15 mil contribuintes ativos e 55 mil dependentes.

"Um dos pontos é que o indexador adotado pela Fundação Cesp é o IGP-M, mas o próprio governo federal não emite mais títulos públicos com este indexador, mas com o IPCA [Índice de Preços ao Consumidor Amplo]", argumenta Bomfim.

Ele conta que até o ano passado, os títulos públicos vinculados ao IPCA, as Notas do Tesouro Nacional série-B (NTN-B) com vencimento em 2040 e 2045 pagavam 5,5% ao ano. "Agora existe a expectativa de que estes títulos longos vão pagar IPCA mais 4,5% ao ano", justifica Bonfim sobre o cenário de longo prazo.

"A queda da Selic mexe com toda a cadeia de investimentos. Damos preferência aos títulos públicos vinculados ao IPCA e por títulos privados indexados ao IGP-M, mas acredito que a meta atuarial mais adequada será de 5% ao ano", propõe Bomfim. "A proposta é chamar uma contribuição maior dos planos de benefício definido e transferir esse conhecimento", completou o diretor.



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