quinta-feira, 7 de março de 2013

Com alta da inflação, juro real deve cair

Com alta da inflação, juro real deve cair

Com a manutenção da taxa de juro em 7,25% ao ano e a expectativa de preços em alta nos próximos meses, o ganho real - rentabilidade descontada a inflação - para o investidor pode ficar cada vez mais achatado. Neste cenário, especialistas indicam os títulos indexados a índices inflacionários como uma das poucas aplicações que ainda conseguem garantir a manutenção do poder de compra do valor acumulado.

"É um das poucas opções que atingem este objetivo. Além disso, o juro do papel (entre 3% e 4% ao ano) oferece uma boa rentabilidade se imaginarmos que, quando o BC voltar a aumentar o juro, a taxa não voltará aos níveis anteriores mais elevados", comenta o diretor do Easynvest, da Título Corretora, Amerson Magalhães.

"É um juro real interessante, algo que você não consegue no exterior. Nos Estados Unidos, por exemplo, títulos de 10 anos estão com juro nominal de 2% ao ano. Empata com a inflação histórica, que gira nesse patamar", afirma o diretor de Multi-Assets & Portfolios (MAP) da Rio Bravo Investimentos, Beto Domenici.

O cenário de alta da inflação sugere que, em algum momento, o Banco Central vai elevar a taxa Selic. No boletim Focus dessa semana, com a projeção de 100 analistas, a expectativa é de que o ciclo de alta comece em janeiro de 2014. "O mercado futuro, no entanto, já sinaliza altas do juro ainda em 2013. Nós também acreditamos que já no primeiro semestre deste ano a Selic suba, mas não retornará ao patamar anterior", diz Domenici.

Opções

Atualmente, o Tesouro Direto negocia dois títulos públicos de inflação: as Notas do Tesouro Nacional Série B (NTN-B) e as Notas do Tesouro Nacional Série B principal (NTN-B Principal). Ambas remuneram o investidor em um juro fixo mais variação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). A diferença é que, no caso da NTN-B Principal, todo o valor é pago no vencimento do papel. Nas NTN-Bs, o valor principal, investido inicialmente na compra, é pago no vencimento, e os juros, semestralmente.

Cada título custava entre R$ 934,18 e R$ 3.089,61 na terça-feira, 5, mas o investidor tem a opção de comprar frações de 10% do papel. Ou seja, o investimento mínimo era de R$ 93,42. Os valores são atualizados diariamente. Há ainda a opção de aplicar via fundo de investimento de renda fixa inflação. "Há a vantagem da diversificação em vários prazos, o que mitiga o risco de ter de sacar o dinheiro em um momento que o título esteja desvalorizado, mas também há o custo da taxa de administração", compara Magalhães. Em geral, no atual cenário de juro baixo não é indicado aplicar em fundos que cobrem mais que 1% de taxa de administração.

Além do Tesouro Direto, Domenici lembra que há ainda papéis corrigidos pela inflação que oferecem a vantagem de serem isentos de Imposto de Renda, os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs). "Há fundos com estes títulos que oferecem um juro real mais IGP-M ou IPCA. A vantagem é a diversificação e a isenção de IR", explica. A opção, no entanto, é algo bem mais cara, exigindo um investimento mínimo entre R$ 300 mil e R$ 500 mil, segundo Domenici.

O investimento em títulos de inflação é indicado com duas ressalvas. A primeira, sobre o prazo. Para especialistas boa parte do ganho real é perdida se o prazo for muito curto, já que o IR é o maior. Para até seis meses, cobra-se 22,5% da rentabilidade e o IR cai para 15% para prazos acima de dois anos. Além disso, recomenda-se que o investidor não saque o título antes do vencimento, pois ele é muito volátil. Há o risco de sair da aplicação com perda antes do vencimento, pois a negociação pode ocorrer em um momento no qual o papel esteja desvalorizado.






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