segunda-feira, 19 de março de 2012

A aplicação de baixo risco mais rentável

Portal Exame - São Paulo/SP - SEU DINHEIRO - 19/03/2012 - 07:32:00

Corretoras permitem montar uma carteira de LCI e obter um retorno bem maior que a poupança, o Tesouro Direto, os CDB e os fundos DI - correndo o mesmo risco




João Sandrini, de



D. Sharon Pruitt/Stock.XCHNG


Dinheiro: carteira diversificada de LCI é a aplicação de baixo risco mais rentável do país

São Paulo – A sinalização clara do Banco Central de que a taxa básica de juros deve cair para cerca de 9% neste ano embolou os rendimentos oferecidos pela caderneta de poupança, os CDB, os fundos DI e as LFT vendidas pelo Tesouro Direto. Com o cenário econômico atual, todas essas aplicações vão garantir uma rentabilidade líquida de 6,5% a 7,5% ao ano nos próximos 12 meses – já descontados os custos de impostos ou taxas de custódia e administração.

A única forma de bater esses retornos sem incorrer em mais riscos são as LCI (Letra de Crédito Imobiliário) e as LCA (Letra de Crédito do Agronegócio). Algumas corretoras começaram a distribuir LCI aos clientes com rendimentos próximos a 100% do CDI (hoje 9,45%, mas em tendência de queda para cerca de 9% nos próximos meses). A diferença mais importante é que os ganhos com LCI são isentos de Imposto de Renda. Então nem é preciso usar uma calculadora para ter certeza que essa é a única forma de garantir um retorno líquido pouco superior a 9% ao ano correndo um risco muito baixo.

A única diferença é que as LCI exigem alguma astúcia do investidor. Esses papéis são emitidos pelos bancos com lastro em financiamentos imobiliários concedidos. O risco de crédito para o investidor é de o banco quebrar e não honrar o pagamento desses papéis. No Brasil, muitos bancos pequenos e médios enfrentaram problemas de liquidez e fecharam as portas ou foram absorvidos por outros na última década. Então se trata de um risco que não deve ser desprezado.

A astúcia do investidor entra na montagem da carteira de LCI. Quando um banco quebra e o investidor possui até 70.000 em depósitos ou investimentos em papéis da instituição, esse dinheiro é devolvido pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC). Respeitando esse limite, portanto, o investidor corre o risco de o FGC quebrar (muito baixo), e não de o banco ir à lona.

A boa notícia é que uma única corretora já pode distribuir LCI de diversos bancos pequenos e médios – o que facilita o trabalho de montar uma carteira diversificada. Na corretora SLW, por exemplo, o investidor pode investir 300.000 reais em LCI de cinco diferentes instituições financeiras, com as taxas abaixo:

6 meses (% do CDI)1 ano (% do CDI)Banco Pine9496Banco BVA100103Brazilian Securities9393Banco Máxima100102Banco ABC9395

A corretora Gradual também oferece taxas interessantes. Por enquanto, apenas são vendidos papéis do banco BVA. As taxas oferecidas na última sexta-feira eram de 103% do CDI para aplicações de 188 dias e de 105% do CDI para 364 dias.

Na corretora Souza Barros, é possível comprar LCI dos bancos Ourinvest, ABC Brasil e BVA. Os papéis pagam entre 90% e 92% do CDI para aplicações de ao menos seis meses. À medida que o prazo da aplicação e o volume de recursos crescem, é possível obter taxas maiores.

Pequeno investidor

Muitas corretoras só oferecem LCI para clientes interessados em aplicar ao menos 50.000 reais. Para quem tem menos dinheiro, uma solução interessante é o Sofisa Direto, que não tem nenhuma exigência de aplicação inicial mínima (veja aqui mais detalhes). É necessário abrir uma conta no Sofisa, mas tudo pode ser feito pela internet. As taxas oferecidas estão resumidas na tabela abaixo:

3 meses (% do CDI)6 meses (% do CDI)9 meses (% do CDI)12 meses (% do CDI)Banco Sofisa91939394

Outras instituições financeiras que oferecem LCI em pequenas quantias são a Brazilian Mortgages (mínimo de 10.000 reais), o Santander (mínimo de 30.000 reais) e a Caixa Econômica Federal (50.000 reais). Em nenhum desses casos, entretanto, a rentabilidade será tão boa quanto nas corretoras.

É importante notar que todos os investimentos comparados com as LCI são de baixo risco. O investidor brasileiro possui diversas opções de aplicação que podem render mais do que isso. Entre elas, estão os fundos de renda fixa, os fundos multimercados, os fundos imobiliários, as NTN-B e as LTN vendidas no Tesouro Direto e os produtos que incluem ações.

Todos esses investimentos, no entanto, possuem uma volatilidade bem maior. Isso significa que, dependendo de quando o investidor entrar e sair da aplicação, pode ter um retorno inferior ao do CDI e, em alguns casos, até mesmo negativo.

A LCI é um título garantido por hipotecas ou financiamentos imobiliários. Na prática, o banco concede esse tipo de crédito aos clientes e depois o repassa a investidores – ganhando um spread. O título foi criado para aumentar as fontes de financiamento dos bancos para a concessão de crédito imobiliário. Hoje a principal fonte de recursos é a caderneta de poupança, já que 65% desses depósitos precisam ser direcionados para empréstimos relacionados a imóveis ou então são recolhidos junto ao Banco Central sem remuneração.

Sempre que uma instituição financeira concede mais crédito que o obrigatório ao setor imobiliário, pode usar esses empréstimos como lastro para a emissão de LCI. Como o banco consegue captar recursos a uma taxa de 90% a 100% do CDI, o negócio acaba sendo bem interessante tanto para a instituição financeira (que paga juros menores que os de mercado) quanto para o investidor (que consegue uma rentabilidade líquida superior devido à isenção de IR). Apenas registrados na Cetip há mais de 55,5 bilhões de reais em LCI. O principal emissor é a Caixa Econômica Federal, banco líder em crédito imobiliário.

Assim como outros papéis de renda fixa, a LCI pode pagar um percentual do CDI, uma taxa prefixada ou a inflação mais juros prefixados. Para o investidor, o menor risco está em papéis indexados ao CDI – ainda que esses títulos se tornem menos rentáveis sempre que o Banco Central iniciar um ciclo de queda dos juros.

 

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