quinta-feira, 15 de março de 2012

Analistas criticam comunicação do Citi

Clipping Express - Analistas criticam comunicação do Citi

Hugh Son e Donal Griffin | Bloomberg



Peter Foley/Bloomberg / Peter Foley/Bloomberg

O Citigroup, de Vikram Pandit, teve prejuízo grande com empréstimos não quitados, de 11,2%, segundo cenário de estresse adotado pelo Fed

O principal executivo do Citigroup, Vikram Pandit, não captou a lição aprendida pelo principal executivo do Bank of America, Brian T. Moynihan, referente aos testes de estresse do Federal Reserve (Fed, o BC dos Estados Unidos). As ações do Citigroup caíram 3,40%, negociadas a US$ 35,21 a ação no pregão de Nova York ontem depois que a instituição se tornou o maior banco americano a ser reprovado na prova do órgão regulador, devido aos planos de Pandit de aumentar os dividendos ou as recompras de ações da empresa.

O Bank of America, cuja solicitação de pagamento de dividendos foi rejeitada no ano passado, foi aprovado no teste de 2012 - que visava verificar se os bancos têm o capital suficiente para administrar um hipotético desaquecimento da economia - depois que Moynihan decidiu manter seus dividendos em US$ 0,01.

"Pandit interpretou muito mal a situação; simplesmente não se deve pedir alguma coisa quando não se sabe se é possível obtê-la", disse Greg Donaldson, presidente do conselho administrativo da Donaldson Capital Management, sediada no Estado de Indiana, que gerencia US$ 540 milhões em ativos, entre os quais ações do Bank of America. "Moynihan foi contido pelo que aconteceu no ano passado; ele não quis se expor de jeito nenhum ao risco de levar uma nova negativa."

A rejeição do Fed ao Citigroup é um revés para Pandit, que desde outubro de 2010 vem dizendo aos investidores que o banco poderia dar um retorno maior este ano.

O principal executivo, que nos últimos doze meses foi recompensado com pacotes salariais e de bônus plurianuais de retenção avaliados em até US$ 53 milhões, vai apresentar às autoridades reguladoras um novo plano de capitalização, enquanto concorrentes como o J. P. MorganChase e o Wells Fargo conquistaram aprovação para elevar seus dividendos.

Pandit, 55, preparou os acionistas da empresa, sediada em Nova York, para o aumento dos desembolsos já em 17 de janeiro, quando disse, em teleconferência, que "este será o ano em que começaremos a remunerar" os investidores. Os analistas concordaram, prevendo que o banco pagaria aos acionistas US$ 744 milhões em dividendos e que recompraria US$ 2,18 bilhões em ações, segundo pesquisa realizada pela "Bloomberg".

Os comentários de Pandit levaram os analistas a tirar suas próprias conclusões, disse Charles Peabody, analista da Portales Partners de Nova York. "Ele não deveria ter feito os comentários que fez, num momento em que a empresa estava ultrapassando a nota de corte", disse Peabody, que considera as ações do Citigroup "de desempenho superior à média do mercado. "Eles avaliaram mal seus próprios modelos."

O Citigroup e o Bank of America, sediado em Charlotte, na Carolina do Norte, foram os bancos que receberam os maiores montantes na operação de salvamento financeiro das instituições americanas, e cada um restituiu, desde então, US$ 45 bilhões em ajuda prestada com recursos do contribuinte. As ações das empresas sofreram significativa queda no ano passado, pressionadas pela preocupação de que a crise da dívida soberana europeia e a alta dos custos vinculados aos contratos de crédito imobiliário comprometeriam seus resultados.

O índice projetado de capitalização de nível 1 do Citigroup caiu para 4,9%, abaixo da exigência mínima do BC de 5% sob um cenário de grave desaquecimento econômico, segundo dados divulgados anteontem pelo Fed. O banco teria superado o limite se não tivesse pretendido promover um aumento de dividendo ou uma recompra de ações, disse o Citigroup em comunicado. O "coeficiente de alavancagem" do Citigroup também foi reprovado, ao despencar de 7% para 2,9% caso o plano de capitalização do banco fosse implementado sob o cenário desfavorável do Fed. O coeficiente, que mede o volume de capital de nível 1 de um banco em relação a seus ativos, foi o mais baixo dentre os dezenove bancos, e ficou aquém do mínimo exigido pelo BC, de 3%. Isso poderia ter levado o Fed a recusar o plano de Pandit, disse Peabody.

O total dos prejuízos com empréstimos não quitados, segundo o cenário de estresse adotado pelo Fed, foi de 11,2% para o Citigroup, uma taxa "vertiginosamente alta" de inadimplência, disse Glenn Schorr, analista da Nomura Holdings de Nova York. O nível de prejuízo projetado só perdeu para o da Capital One Financial, sediada em McLean, no Estado de Virgínia, que não solicitou aumento dos dividendos. "Foi um tipo de revertério para o Citigroup", disse David Knutson, analista de crédito da Legal & General Investment Management de Chicago, que detém títulos do Citigroup. "De repente, ele meio que entrou para a categoria dos marginais." Cerca de 23% dos empréstimos concedidos pelo Citigroup ao consumidor, excetuando-se crédito imobiliário e cartões de crédito, deixariam de ser quitados segundo o cenário desfavorável, mais que o dobro do percentual registrado por qualquer outro banco, conforme dados do Fed.

As projeções, ao que tudo indica, estão vinculadas ao CitiFinancial, o banco de crédito ao consumidor que Pandit tenta vender desde 2009, disse Peabody. O CitiFinancial, rebatizado de OneMain Financial em 2010, oferece empréstimos para fins como consertos de automóveis, pagamentos de contas médicas, festas de casamento e reformas de cozinha, segundo seu site.

Os empréstimos comerciais e industriais do banco registrariam uma taxa de prejuízo de 11%, também a pior dentre os bancos testados, segundo o Fed. Esse percentual pode estar ligado às "exposições internacionais com financiamento local", como a carteira de crédito de US$ 7,4 bilhões destinada a clientes de varejo e pequenas empresas da Grécia, Irlanda, Itália, Portugal e Espanha, disse Peabody. A maioria dos empréstimos é da Citi Holdings, a divisão criada por Pandit para deter ativos indesejados, disse o banco em documento anual encaminhado ao órgão regulador das bolsas.

O capital de nível 1 do Bank of America - um indicador da capacidade de uma empresa de fazer frente a prejuízos imprevistos - foi de 5,9%, sob um cenário de grave desaquecimento da economia e diante das medidas de capitalização tomadas pela empresa. Shannon Bell, porta-voz do Citigroup, e Jerry Dubrowski, do Bank of America, preferiram não comentar.



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