quinta-feira, 17 de abril de 2014

BofA tem prejuízo no 1º tri após custos legais

BofA tem prejuízo no 1º tri após custos legais

O problema do Bank of America (BofA) com as hipotecas está durando mais tempo que o esperado, o que está levando alguns investidores a pensar na possibilidade de as enormes despesas que o banco está incorrendo terem se tornado um custo recorrente da realização de negócios, em vez de eles serem descartados como itens extraordinários. O banco anunciou ontem despesas de litígio de US$ 6 bilhões para o primeiro trimestre, superando em muito os custos de compensação de US$ 3,7 bilhões dos quais os investidores anteriormente tinham conhecimento.

O balanço no banco mostrou no primeiro trimestre do ano, em meio a esses encargos legais, um prejuízo de US$ 276 milhões, depois de lucro de US$ 1,48 bilhão no mesmo período de 2013.

Desde a crise financeira de 2008-2009, o Bank of America registrou cerca de US$ 50 bilhões a título de despesas com acordos em processos e custos legais relacionados, antes dos impostos. Sem essas despesas, seu lucro antes dos impostos teria sido três vezes maior.

As despesas resultam principalmente dos acordos ligados a hipotecas que o Countrywide Financial Corp emitiu durante o "boom" imobiliário e vendeu para investidores. O BofA comprou o Countrywide em julho de 2008, justo no momento em que o colapso das hipotecas desencadeava a crise. O BofA resolveu a maior parte dos litígios pendentes com investidores e está agora se concentrando nos acordos com o Departamento de Justiça e outras agências fiscalizadoras dos Estados.

Em uma conferência telefônica realizada ontem, analistas pressionaram o diretor financeiro do BofA, Bruce Thompson, a informar quando o banco vai parar de acumular custos relacionados a litígios. Thompson disse que o banco vem trabalhando em muitas questões pendentes, mas acrescentou: "Acho que precisamos ser realistas... é muito difícil prever isso".

Sua resposta foi mais branda que em outubro de 2013, quando ele disse em uma conferência telefônica com investidores: "Acho que a esta altura, estamos tentando sair na frente em relação aos nossos pares e superar alguns dos maiores acordos que fizemos".

As despesas legais têm sido um problema para os bancos de Wall Street desde a crise financeira, mas o BofA vem sendo particularmente afetado. Em dezembro de 2013, a firma de pesquisas SNL Financial calculou as despesas totais dos maiores bancos comerciais e de investimentos dos EUA com a crise de crédito e os litígios relacionados a hipotecas. O BofA foi responsável por mais da metade do total. O J.P. Morgan Chase, o próximo da lista, ficou com cerca de 30%.

Alguns gestores de recursos estão ficando impacientes. "Quando isso vai acabar? E como você considera isso na maneira como avalia uma companhia?", diz Ken Crawford, gerente de portfólio da Argent Capital Management, em St. Louis. A Argent não tem em carteira ações do Bank of America.

Geralmente, os investidores tentam avaliar uma companhia com base nos lucros de suas operações contínuas, frequentemente ignorando as despesas que são vistas como extraordinárias ou históricas. Durante muito tempo, os investidores colocaram os custos relacionados à crise das hipotecas na categoria de "custos históricos".

Mas isso pode estar mudando para o BofA e talvez até mesmo para outros bancos, segundo afirma Matt McCormick, um gerente de portfólio da Bahl & Gaynor Investment Counsel, que gerencia US$ 11 bilhões mas não tem ações do BofA.

"É como se esses caras tivessem se transformado na indústria do tabaco", diz McCormick, referindo-se aos pagamentos que os fabricantes de cigarros tiveram que fazer para por fim a processos movidos por consumidores. "Acabou virando uma irritação constante, porque parece que essas coisas não vão embora."

O Bank of America foi o responsável por boa parte dos próprios problemas ao comprar o Countrywide em 2008. Brian Moynihan, que foi nomeado executivo-chefe do banco mais de um ano após a conclusão do negócio, disse em 2011: "Obviamente não há muitos dias em que eu acorde e pense na aquisição do Countrywide de uma maneira positiva".



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