quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Investidor ainda foge de fundo imobiliário

Investidor ainda foge de fundo imobiliário

Foto: Agência Brasil

Lastro em tijolo sugeria a investidores que perda em FIIs era muito pouco provável

Os fundos imobiliários (FIIs) continuam a perder clientes, apesar de o setor dar sinais de recuperação. Em setembro, o número de investidores nesse tipo de aplicação, que crescera quase ininterruptamente até junho, recuou novamente, pra 101.710 mil, o menor número desde fevereiro deste ano. 

A fuga decorre do desempenho cambaleante que os FIIs têm tido ao longo de 2013. De janeiro a setembro, o Ifix – indicador que reflete o desempenho dos fundos imobiliários negociados em bolsa – caiu 11%, de acordo com dados da BM&FBovespa. Desde junho, o valor de mercado dos FIIs negociados em bolsa tem sido reiteradamente menor do que o patrimônio que eles têm nas carteiras – em agosto, ficou 11% menor.

E, como apontam analistas, as perdas têm sido generalizadas, o que dificulta a vida do investidor. De acordo com dados da Economática, entre os cinco FIIs com as piores quedas nos retornos neste ano estão um fundos que investem em outros fundos e títulos imobiliários (BTG Fundo de Fundos, -29,95% e Maxi Renda, -26,7%), em escritórios (BB Votorantim JHSF Cidade Jardim Continental Tower, -27,16%; Memorial Office, -26,33%) e shoppings (Floripa Shopping, -26,33%). 

Os produtos também têm se tornado menos líquidos. O volume negociado recuou 8% em setembro em relação a agosto, para R$ 471,2 milhões, o menor valor desde novembro de 2012.

Susto

O desempenho ruim dos FIIs ainda é melhor do que o das ações: neste ano, o Ibovespa já recuou 14% e o Imob, que reflete os títulos de empresas do setor imobiliário, 17%. Mas o tombo foi suficiente para assustar investidores que não contavam que os FIIs, por serem lastreados em tijolo (ainda que indiretamente, via fundos de títulos imobiliários), também poderiam cair.

"As pessoas pensavam 'em imóvel você não perde dinheiro'. E começaram a perder", diz Michael Viriato, professor de finanças do Insper, instituto de ensino e pesquisa. "Com imóvel você também perde dinheiro, mas no físico você não vê o valor flutuando [ como nos fundos imobiliários ]

."

Para Viriato, o que jogou contra os fundos foi a elevação das taxas de juros de mercado em antecipação das altas da Selic realizadas pelo Banco Central. Na última quarta-feira, data da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), a taxa básica da economia chegou a 9,5%, na 5ª elevação consecutiva.

O professor do Insper acredita, entretanto, que o pior já passou. Apesar da queda no conjunto do ano, em setembro o Ifix registrou a primeira alta após três meses consecutivos de recuo, segundo os dados da BM&FBovespa. Por isso, quem permaneceu com os títulos não deve se desfazer deles, aconselha Viriato.

"A visão do mercado hoje é de que pode haver mais um aumento [ da taxa Selic ]

e acabou. Dado isso e, se a economia brasileira não se deteriorar, pode haver uma elevação tanto do Idiv [ índice das ações que pagam bons dividendos, como os fundos imobiliários ]

como dos fundos imobiliários", diz o professor.

A saída de investidores também deve ser estancada. 

"Grande parte dos investidores que não entendiam o produto fundo imobiliário já saíram. Cada vez mais você verá menos pessoas saindo."




Alexandre Assolini
PMKA Advogados

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