quarta-feira, 4 de abril de 2012

Cyrela ainda esclarece balanço

Clipping Express - Cyrela ainda esclarece balanço

Chiara Quintão | De São Paulo

A Cyrela Brazil Realty ainda se empenhava, ontem, para dissipar o mal-estar causado no mercado pela falta de abertura de informações, no release de resultados do quarto trimestre de 2011, de alguns pontos considerados relevantes, como o impacto da venda do empreendimento de lajes corporativas Thera Berrini Corporate na geração de caixa da companhia e o detalhamento dessa operação de comercialização. Desde a divulgação dos resultados do quarto trimestre, o vice-presidente financeiro da Cyrela, José Florencio Rodrigues, já participou de várias reuniões para esclarecer as questões.

Os resultados foram enviados à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) na noite de segunda-feira. De terça-feira até o fechamento de ontem, os papéis da Cyrela acumulam queda de 5,7%.

A venda do Thera Berrini Corporate, no quarto trimestre, resultou na entrada de R$ 156 milhões no caixa da Cyrela. Isso não estava detalhado no release de resultados, assim como a informação de que esse dinheiro é que possibilitou que a companhia registrasse geração de caixa operacional de R$ 130 milhões no período. "Realmente, não estava claro no release, mas falamos sobre isso na teleconferência com analistas e investidores", diz o executivo.

Ele reconhece que não haveria geração de caixa no período sem a venda do Thera Berrini Corporate, mas compara que a queima operacional de caixa no ano passado foi de R$ 7 milhões ante R$ 1,1 bilhão em 2010. "Nunca dissemos que íamos gerar caixa no quarto trimestre", acrescenta.

Dos R$ 156 milhões que entraram no caixa em decorrência da comercialização do Thera Berrini Corporate, R$ 128 milhões decorrem da venda de parte desse prédio em desenvolvimento para um fundo imobiliário estruturado pela Brazilian Mortgages e R$ 28 milhões de parcela para a Cyrela Commercial Properties (CCP).

A Cyrela possuía 45% do prédio, lançado no quarto trimestre de 2010, e a CCP, 55%. Em outubro de 2011, a CCP comprou 21,7% da parcela detida pela Cyrela, ficando com 66,6% do total. No quarto trimestre de 2011, a Cyrela vendeu o restante de sua participação para o fundo imobiliário, por R$ 137 milhões. O executivo ressalta que a venda de fatia para a CCP, em outubro, por R$ 56,7 milhões, foi divulgada no release do terceiro trimestre, como evento subsequente.

Essa comercialização para a CCP não foi submetida ao conselho de administração da Cyrela, devido à "pouca relevância no VGV (Valor Global de Vendas) do empreendimento e nas vendas totais da Cyrela", segundo ele. A companhia considerou que se tratava de operações dentro do curso normal dos negócios.

A torre de lajes corporativas já foi lançada como produto direcionado a investidores e empresas de renda, como a CCP, conforme Rodrigues. A estruturação a valor presente por metro quadrado foi a mesma na venda para a CCP e para o fundo.

Com os cotistas do fundo, a Cyrela assumiu compromisso de renda mínima garantida de 9% ao ano durante as obras e 12 meses depois da obtenção do habite-se. Isso ainda não foi contabilizado, e a companhia está avaliando qual será o melhor formato. Na avaliação de Rodrigues, a melhor opção é considerar esse desembolso como despesa financeira.

O mercado também sentiu falta de mais informações referentes ao reconhecimento de receitas de alguns projetos comercializados com margens mais altas. Alguns reconhecimentos de receita, como o do projeto Wave Ipanema - cuja evolução financeira foi de 78,9% no quarto trimestre, ou seja, no mesmo período do lançamento -, foram considerados elevados. O executivo diz que os reconhecimentos foram maiores nos casos em que o valor do terreno foi, proporcionalmente, maior em relação ao da obra e em que houve "sucesso de vendas".

Outro ponto que gerou dúvidas no material divulgado foi a despesa não operacional de R$ 36,2 milhões. Durante a teleconferência, Rodrigues esclareceu que o valor se refere a distratos de terrenos onde a Cyrela avaliou que lançamentos não seriam viáveis, a custos com processos jurídicos para os quais não havia contingenciamento e a doações para o Instituto Cyrela.



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