quinta-feira, 20 de outubro de 2011

FGTS compra R$ 2,8 bilhões em créditos de Santander, Itaú e Caixa

Valor Online - São Paulo/SP - FINANÇAS - 20/10/2011 - 01:09:20

 

Mônica Izaguirre e Carolina Mandl | De Brasília e São Paulo

 

O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) vai comprar até o fim do ano R$ 2,84 bilhões em Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) lastreados em financiamentos habitacionais concedidos por diversos bancos, principalmente Caixa Econômica Federal, Santander e Itaú. A tranche da Caixa será fechada hoje, na maior operação de securitização de créditos imobiliários já feita no Brasil, onde o mercado secundário desses papéis ainda é incipiente.

A aquisição dos CRI será anunciada hoje pela Caixa, na condição de agente operador do FGTS. Do total liberado pelo fundo, R$ 1,535 bilhão ficarão com o próprio banco estatal, também o maior agente financeiro da habitação. O Santander ficará com R$ 700 milhões e o Itaú com R$ 578 milhões. O restante será pulverizado entre diversos bancos, entre eles o Citibank, informou o vice-presidente de fundos da Caixa, Fábio Ferreira Cleto.

Segundo ele, a emissão dos certificados da Caixa será feita pela Gaia Securitizadora, uma vez que essa modalidade de título não pode ser emitida diretamente por bancos. Os papéis vão render ao FGTS 6,38% ao ano além da Taxa Referencial (TR). O prazo total é de 239 meses, mas haverá pagamentos durante esse período, de acordo com o fluxo das operações de crédito que os lastreiam.

A demanda das instituições financeiras pelos recursos do FGTS chegou a R$ 5,5 bilhões, perto do dobro, portanto, do que foi disponibilizado. O fundo não podia ir além de R$ 2,84 bilhões porque esse foi o teto autorizado pelo seu conselho curador, explicou Cleto.

Diante da enorme distância entre o volume proposto pelos bancos e o que o FGTS podia comprar, a Caixa, como agente operador, estabeleceu um critério de corte das propostas. Conseguiram mais recursos as instituições que tinham em carteira mais financiamentos para imóveis de até R$ 200 mil, faixa à qual o FGTS dá prioridade.

Criado para ser um instrumento de mercado secundário de créditos imobiliários, embora não seja recente, só agora o CRI começa a ser utilizado em escala maior pelas instituições financeiras, como fonte alternativa de "funding" do setor imobiliário. A poupança ainda é a principal fonte. "Mas não está mais dando conta", afirma o vice-presidente de fundos da Caixa.

A entrada do FGTS no mercado de CRIs visa justamente a fomentar o mercado secundário. Segundo ele, os bancos não estão obrigados a reaplicar em novos financiamentos os recursos obtidos com a securitização. Mas ele acredita que essa é a tendência. Mais do que isso, o dinheiro novo deverá ser aplicado em imóveis de até R$ 200 mil, por causa da perspectiva de que essas novas operações também venham a ser securitizadas pelo FGTS.

A operação de hoje não é a primeira do tipo para o FGTS. Outras vinte já tinham sido feitas nos últimos nove anos, mas em valores muitíssimo inferiores. No total, o fundo já tinha adquirido R$ 130, 6 milhões em CRI até então.

 

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