quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Captação via títulos privados deve se recuperar em 2010

DCI - São Paulo/SP - FINANÇAS - 23/12/2009

César Felício, de Belo Horizonte


Kátia Lombardi/Valor Teixeira de Souza, que comando as operações do banco: "O Intermedium compete pelo crédito ao cliente que não é elegível para os programas da Caixa"

Sob o controle acionário da mesma família proprietária da construtora MRV, que deve faturar R$ 2 bilhões em vendas este ano, o Banco Intermedium finalmente começa a se preparar para atuar no ramo imobiliário. A instituição, que é tocada por João Vitor Menim Teixeira de Souza, 28 anos, filho do controlador da MRV Rubens Menim, deve aumentar o financiamento para os compradores de imóveis da construtora que estejam fora do perfil financiado pela Caixa Econômica Federal. A MRV tornou-se uma das maiores do setor imobiliário, com imóveis para baixa e média renda. É a maior parceira do banco federal no programa "Minha Casa Minha Vida".

"O Intermedium compete pelo crédito ao cliente que não é elegível para os programas da Caixa, em razão de ter renda acima dos padrões estabelecidos ou de já ter um imóvel, por exemplo", afirmou Teixeira de Souza.

Convertido de financeira em banco múltiplo no início do ano passado, o Intermedium ainda tem operação imobiliária incipiente. Dos R$ 195 milhões em operações de crédito que o Intermedium realizou este ano, apenas R$ 25 milhões foram para o setor imobiliário. A maior parte , ou R$ 110 milhões, ainda se destinou para crédito consignado, enquanto o financiamento de capital de giro para pequenas e médias empresas ficou em R$ 60 milhões.

Para 2010, a composição da carteira deve mudar. O Intermedium projeta um crescimento do crédito imobiliário de R$ 25 milhões para R$ 60 milhões e do chamado "middle market" para R$ 100 milhões, mantendo o consignado. Cerca de 35% da carteira de consignado do Intermedium foi cedida desde a crise. Foram R$ 73 milhões no final do ano passado e R$ 64 milhões ao longo deste ano.

"O diferencial será na área imobiliária. No financiamento de capital de giro, estaremos apenas repondo o patamar que tínhamos antes da crise", disse Teixeira de Souza. Em cinco anos, a expectativa é que o financiamento imobiliário torna-se a principal ocupação.

As operações começam a ser lastreadas na captação pela venda de letras de crédito imobiliário (LCI), iniciadas no mês passado. Em quinze dias, foram captadas R$ 10 milhões, ou 40% do lastro. Ainda é pouco frente à captação conseguida por CDBs, que devem fechar 2009 em R$ 195 milhões.


A crise econômica global estremeceu o pequeno banco. O lucro líquido no ano passado ficou em apenas R$ 260 mil. No primeiro semestre deste ano, em comparação com o mesmo período em 2008, os financiamentos concedidos recuaram de R$ 176 milhões para R$ 145 milhões e a captação caiu de R$ 150 milhões para R$ 145,5 milhões. A instituição só não teve um grande impacto porque havia acabado de fazer um aumento de capital que mais que dobrou o patrimônio líquido do banco - passou de R$ 45 milhões para R$ 92 milhões em agosto de 2008, apenas algumas semanas antes da quebra do banco Lehman Brothers, nos Estados Unidos, que desencadeou a crise.

"Nosso objetivo na ocasião era reduzir um pouco a alavancagem. Mas o aporte serviu para que ficássemos relativamente blindados ao que se sucedeu depois", disse o diretor. No primeiro semestre de este ano, o banco fechou com um patrimônio líquido de R$ 101 milhões. Teixeira de Souza afirma que o resultado do segundo semestre deve proporcionar um aumento de 10%.

Na ocasião do aporte, a meta do Banco Intermedium era captar este ano R$ 230 milhões em CDBs e LCIs e terminar 2009 com R$ 450 milhões em operações de crédito, com R$ 100 milhões em crédito imobiliário. "Como todo o mercado, evidentemente tivemos que rever nossos objetivos e estabelecer metas conservadoras mesmo para os anos seguintes", afirmou Teixeira de Souza.

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