sexta-feira, 23 de maio de 2014

Investimentos em hotéis vão chegar a R$ 12,2 bi até 2016

Valor Econômico, Onildo Cantalice, 23/mai

O "campeonato" das redes de hotéis no Brasil vai além da Copa do Mundo. De 2013 a 2016, estão previstos investimentos de R$ 12,2 bilhões. Serão 422 hotéis inaugurados, cerca de 70 mil novas unidades habitacionais (UH's) e mais de 33 mil empregos diretos, segundo informações da consultoria BSH International.

 

Uma tendência que se consolida é a da interiorização, como comprova o "Valor Análise Setorial Indústria Hoteleira", lançado esta semana. As cidades secundárias e terciárias contam com menos opções de hospedagem e seu desenvolvimento é fator-chave para impulsionar o turismo corporativo. Além disso, o interior representa uma oportunidade diante da baixa oferta de terrenos nos grandes centros, e como consequência, de seus preços altos.

 

Um dos principais objetivos da rede Accor, que lidera o setor no Brasil, é justamente expandir a família de hotéis econômicos Ibis para o interior em 2014. O mercado brasileiro é prioritário nos planos da companhia - é o seu quarto maior mercado mundial em receita. No ano passado, 43 dos 56 contratos para novos hotéis na América Latina foram assinados no Brasil. No total, os empreendimentos representam investimentos de R$ 2 bilhões, considerando também os parceiros do grupo.

 

"A hotelaria brasileira cresceu muito mais para dar suporte ao avanço da economia, com destaque para os mercados secundários", apontou Chieko Aoki, presidente da rede Blue Tree. Ela ressaltou que "esse processo foi impulsionado pelo desenvolvimento socioeconômico de outros Estados [fora de São Paulo], amparado principalmente pelo crescimento do agronegócio". Sua rede tem acordos assinados que preveem a inauguração de 14 empreendimentos nos próximos três anos. O plano é acrescentar, até 2017, mais 32 hotéis à sua base atual (23 unidades).

 

"O mercado está aquecido e há muito espaço para expansão", afirmou Guilherme Paulus, fundador da CVC e atual presidente da GJP Hotels & Resorts. Ele estima que o país tenha um potencial de 75 milhões a 100 milhões de viajantes efetivos. O empresário avalia que a Copa do Mundo elevará a procura, já que "as 12 cidades-sede poderão mostrar seus atrativos a bilhões de pessoas". Com o montante de R$ 1 bilhão, Paulus planeja para a rede GJP um salto das atuais 14 para 48 unidades até 2018, com presença em 22 cidades. Sua rede registrou taxa de crescimento composto (CAGR) superior a 30% nos últimos quatro anos, prevendo faturar R$ 180 milhões em 2014.

 

Já a Allia Hotels - união da mineira Bristol com a paulista Plaza Inn - planeja dobrar sua base dos atuais 31 hotéis para mais de 60 até 2017. Para isso, investiu nos últimos três anos o total de R$ 610 milhões em novos empreendimentos e em melhorias dos existentes. Para 2014, prevê mais R$ 250 milhões. Faz parte da estratégia "inaugurar hotéis em municípios em pleno desenvolvimento, muitos no interior", afirmou Marcello Medeiros, diretor de desenvolvimento. "Também dar início ao processo de franquia."

 

Para o IHG InterContinental Hotels Group, franquia também é importante. "Esperamos crescer no Brasil, principalmente com as marcas Holiday Inn e Holiday Inn Express, nos modelos de administração e de franquia", afirmou Ricardo Manarini, vice-presidente regional de desenvolvimento para o Brasil. A meta é ter, em dez anos, 50 empreendimentos sob sua gestão.

 

A Atlantica Hotels planeja dobrar de tamanho até o fim de 2017, atingindo um total de 160 empreendimentos, que vão atender 15 novas cidades e totalizar 56 destinos. Para tanto, estima mobilizar R$ 3 bilhões, o que elevará o total de ativos administrados para R$ 7 bilhões.

 

A BHG - Brazil Hospitality Group - desembolsou em 2013 R$ 55 milhões, depois de aplicar R$ 60 milhões em 2012, dos quais 35% em hotéis próprios e 65% no desenvolvimento de empreendimentos e na compra do Grupo Solare. Em 2014, pretende investir R$ 52 milhões. Tem cerca de 50 hotéis, em mais de 20 cidades.

 

Também a Rede Deville de Hotéis vem ampliando e se modernizando. Para 2014, prevê aplicar R$ 30,1 milhões. Para Jayme Canet Neto, presidente da empresa, o maior desafio é "a retenção e a qualificação da mão de obra".

 

A Hotelaria Brasil pretende reunir mais parceiros do segmento imobiliário e também investir R$ 115,9 milhões na construção de novas unidades em 2014. Além disso, consolidar e expandir a marca Matiz, ampliar a rede Best Western no Brasil e desenvolver sua bandeira supereconômica Unna.

 

Já o Grupo Rio Quente programa investir mais de R$ 640 milhões até 2020, nos segmentos hoteleiro, de entretenimento e imobiliário. Só em 2014, serão R$ 33,4 milhões. Para o grupo, fatores como incremento da renda, visibilidade dos grandes eventos e maior preparo da mão de obra vão suportar a demanda que está por vir.

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário