quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Governo afrouxa cinto dos bancos ao financiamento

Mercado imobiliário vai ganhar força com recursos adicionais planejados pelo governo


O secretário de Política Econômica do órgão, Nelson Barbosa, disse ao Brasil Econômico que avalia deixar que os próprios bancos tenham a prerrogativa de escolher se querem usar os recursos para conceder os empréstimos aos mutuários ou deixá-los no BC para que continuem sendo remunerados pela taxa básica de juros, a Selic.

"A instituição também poderia optar em destinar apenas um percentual disso para atender a sua demanda e deixar a outra onde está", disse.

Dados divulgados pela autoridade monetária mostram que o estoque de depósitos da poupança era de R$ 349,5 bilhões, sendo que apenas para o crédito imobiliário eram R$ 276,9 bilhões.

Assim 10% desse valor, que hoje é a exigibilidade adicional, poderiam ser liberados de forma escalonada, ou seja, R$ 27,6 bilhões.

De acordo com o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, a liberação deveria ocorrer gradualmente para evitar que volume desta magnitude fosse injetado na economia de uma vez.

Em todo caso, a flexibilização garantiria que o volume de recursos para habitação subisse dos atuais 65% para 75% da totalidade que é depositada pela população na poupança.

"É um tipo de captação mais barato. Mas essa medida não é para agora, estamos avaliando sua viabilidade", ressaltou Barbosa.

Liberação provisória

O secretário lembra que todos os países maduros tiveram a habitação, juntamente com um mercado de títulos públicos, como carro-chefe do desenvolvimento dos financiamentos de longo prazo.

Hoje os financiamentos habitacionais, segundo dados do BC, representam apenas 3,4% do PIB e muito disso ainda está sendo puxado pela Caixa Econômica Federal.

"Mas isso seria apenas por tempo determinado, até que o mercado se desenvolvesse para suprir a demanda", afirmou o secretário. Para ele, recursos existem e vão existir para financiamento de infraestrutura e habitação.

"A questão é a taxa de juros, que será mais alta do que ocorre usando-se o FAT [Fundo de Amparo ao Trabalhador], no caso do BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social], e da poupança, no caso da habitação".

Redução de tributos

Outra proposta que está sobre a mesa da equipe econômica é a isenção do Imposto de Renda (IR) para empresas que comprarem o Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRI) assim como já ocorre com as pessoas físicas.

Segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, a intenção é dar musculatura ao sistema de recebíveis, da mesma forma que ocorre no mercado internacional.

Com essas e outras medidas, alega o governo, será possível fomentar o crédito e dar capacidade às instituições financeiras privadas.

Só o fato de o governo estudar medidas para estímular o crédito já é um alento para o mercado.

"O importante é que o assunto está sendo discutido. Qualquer medida que desonere e gere recursos de longo prazo é bem-vinda", afirmou José Roberto Machado, diretor de crédito imobiliário do Santander.

Para Claudio Borges, diretor de Crédito Imobiliário do Bradesco, o importante é começar a discussão e verificar todas as possibilidades para o futuro. "Se não for viabilizado hoje, vai mostrar ao menos que novas alternativas são necessárias para o setor.



*Fonte : Brasil Econômico





Jean Hausemer

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