segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Shopping Higienópolis atrai JHSF e Iguatemi

04/11/2013
Autor: Adriana Mattos 
Fonte: Valor


A guerra dos shoppings de luxo pode ter chegado ao Shopping Pátio Higienópolis, empreendimento que atende as classes de alta renda na zona oeste de São Paulo. A JHSF, de José Auriemo Neto, concluirá em breve a compra de fatia minoritária do Higienópolis, pertencente à Fundação Conrado Wessel, por R$ 350 milhões e o grupo Iguatemi, de Carlos Jereissati, venceu dias atrás a concorrência para administrá-lo.

Auriemo e Jereissati praticamente não se falam e são ferrenhos rivais. O primeiro é dono do Cidade Jardim e o outro tem metade do JK Iguatemi e controla o Iguatemi São Paulo. No Higienópolis, agora, a empresa de Jereissati vai gerir uma operação da qual a JHSF, de Auriemo, pretende ser sócia.

É uma situação atípica. Ambos nunca tiveram negócios em comum. Mas ainda é possível que esse cenário mude.

A venda da participação à JHSF – 17% do Higienópolis 1 e 21% do Higienópolis 2, a parte mais nova do shopping – ainda não foi concluída, pois depende de condições e diligências em curso. A JHSF quer pagar uma parte do total (R$ 200 milhões) na forma de ativos à Fundação Conrado Wessel e o restante em dinheiro. Não chega a ser algo inédito nesse mercado, e as negociações devem ser concluídas, segundo um interlocutor.

A questão é que, ao mesmo tempo, a Iguatemi não pretende, a princípio, ser apenas a gestora do Higienópolis, num contrato ao redor de R$ 400 mil ao mês, negócio pequeno perto da estrutura da Iguatemi, segundo fontes próximas. A empresa considera a possibilidade de, a curto e médio prazo, adquirir uma fatia do shopping, que tem diversos sócios e uma complexa composição acionária. A Iguatemi não administra nenhum shopping hoje em que não seja também acionista – e em só 5 dos 14 empreendimentos em que é sócia tem menos de 50%. A hipótese, porém, de que Jereissati e Auriemo se tornem sócios é algo visto como, no mínimo, inusitado.

A entrada da Iguatemi na gestão é vista como uma oportunidade para estar dentro do Higienópolis – numa polêmica concorrência pelo contrato.

A Iguatemi tornou-se a gestora do shopping, em anúncio feito na semana passada, no lugar exatamente da JHSF. Aliansce, Lumine, JHSF e Iguatemi estavam na disputa. Um participante chegou a oferecer taxa de administração de 3% (a média no mercado é 6%) só para ficar com a gestão. Mas a Iguatemi venceu. O Valor apurou que um dos sócios do Higienópolis, a Braz Participações, estaria insatisfeita com os serviços da JHSF e sugeriu a abertura de uma concorrência. A Brookfield, outra sócia, apoiou a entrada da Iguatemi.

A JHSF já negociava a compra de uma participação no Higienópolis na época, por isso os sócios entenderam que existiria conflito de interesses na sua permanência na disputa pela gestão.

Na prática, isso é comum no mercado – gestoras são frequentemente sócias também. O problema é que a Brookfield, com 30% do Higienópolis, foi tirada por sócios da gestão do shopping em 2012 pela mesma razão. Era acionista e administradora ao mesmo tempo.

Nos bastidores, antes de ser aberta a concorrência, a JHSF chegou a negociar com a Braz Participações para adquirir as ações da empresa no shopping, cerca de 25%, segundo uma fonte ouvida. Não se entenderam em relação aos valores e a conversa não avançou. A partir dali, JHSF e a fundação aprofundaram as negociações. No fim das contas, enquanto a JHSF anunciava no dia 16 o acordo para a compra de parte do Higienópolis, uma semana depois a Iguatemi informava a sua entrada na gestão.

Além de um possível interesse da Iguatemi na sociedade com o Higienópolis, ainda há outra questão na mesa que complica mais esse cenário. Os atuais sócios do Higienópolis têm direito de preferência numa eventual compra de participação de qualquer sócio. Eles podem adquirir uma fatia na proporção da participação que cada acionista tem no empreendimento. E o Higienópolis tem controle bem pulverizado. São duas empresas, Higienópolis 1 e 2, com sócios como administradora de bens, fundos imobiliários e até uma empresa agrícola. Os dois maiores sócios são a Brookfield e a Conrado Wessel.

Os sócios terão que analisar se interessa a eles exercer esse direito. Supondo que a Iguatemi faça um movimento de compra de uma fatia, teria que, da mesma forma, seguir essa determinação. O Valor apurou que a Braz aceitaria vender seus 25% no Higienópolis. Procurada, a empresa não retornou os contatos da reportagem. A Brookfield também não descartaria a hipótese de vender a sua fatia. Em 2012, vendeu o Brascan Open Mall, o Botafogo Praia Shopping e o Itaú Power Shopping.

Questionada sobre o seu interesse no Higienópolis, a Iguatemi informa que não comenta rumores de mercado. A Brookfield nega que possa negociar a venda de sua participação no empreendimento.

 

 

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