domingo, 22 de novembro de 2009

Como lucrar na onda da casa própria

O crédito imobiliário vai triplicar nos próximos anos, puxando os preços dos imóveis. Saiba como aproveitar esse cenário e investir no setor

Hugo Cilo e Juliana Schincariol




Os construtores: os irmãos Guilherme e João Thomé (à esq.), sócios da Construtora WGT

A família Mazini está ansiosa para a chegada de 2011. Será o ano em que eles receberão as chaves do apartamento novo no bairro do Morumbi, em São Paulo, comprado por R$ 485 mil. Os Mazini já tiveram casa própria, mas tropeços financeiros os levaram a perder o imóvel há três anos. Viraram essa página investindo em outro, na planta.

"Felizmente conseguiremos sair do aluguel", comemora Neuza, esposa do engenheiro José Carlos Mazini. A história deles se confunde com a de milhares de outras no País e ilustra as expectativas em torno do crescimento do crédito imobiliário e das oportunidades de investimento que estão surgindo nessa onda.



Os compradores: a família Mazini compra nova casa e indica mercado pujante, movido a crédito e prazos longos

O crédito fácil e a grande oferta de imóveis para atender à demanda tornam sedutor o investimento na compra de uma casa ou apartamento, na aplicação em fundos imobiliários ou mesmo diretamente nas ações das empresas do setor.

Quem apostou nas construtoras que afundaram na bolsa em 2008, quando o mercado estava em plena ressaca da crise imobiliária americana, ganhou muito dinheiro.

Em média, as cotações das empresas imobiliárias recuperaram o nível de janeiro de 2008 e ainda cresceram 6% até a quarta- feira 17, segundo o índice Imob. Três empresas subiram mais de 300% nos últimos 12 meses, acima da média do mercado: Abyara, Eztec e Agra.

As cotas dos fundos imobiliários registrados na Bovespa chegaram a subir 58%, caso do Hospital da Criança, que apresentou remuneração total de quase 70% (veja gráfico e tabelas na pág. 114). o comportamento dos investidores sinaliza que as expectativas estão elevadas e muitas empresas podem faturar alto nos próximos anos. "Toda a cadeia imobiliária começou a se movimentar de uma maneira diferente do passado e está levando o mercado a crescer", avalia o superintendente- executivo do Grupo Santander Brasil, José Roberto Machado.

Os motores do crescimento são os juros abaixo de dois dígitos, os prazos de financiamento de até 30 anos e o aumento da renda e do emprego. É só o começo. Hoje, o crédito imobiliário representa algo em torno de 2,7% do PIB. Na maioria dos países desenvolvidos, esta relação é superior a 50%. No Chile, é de 13%. No México, 9% .

Os bancos estimam que, em três anos, os empréstimos habitacionais irão triplicar e chegar a 10% do PIB no Brasil. "É uma meta bastante factível", diz Jorge Hereda, vice-presidente da Caixa Econômica Federal.

Depois da crise financeira de 2008, as construtoras voltaram a realizar lançamentos este ano, já com seus caixas equacionados. É o caso da WGT Empreendimentos. A construtora faturou neste ano R$ 7 milhões com a venda de imóveis populares - de até R$ 130 mil - e já projeta um salto de 400% na receita do ano que vem.

"A demanda está muito forte, tanto entre os que buscam a segurança da primeira casa própria quanto entre aqueles que enxergam no mercado imobiliário uma excelente oportunidade de investimento", garante o sócio-diretor da WGT, Guilherme Henrique Thomé. Um condomínio de sobrados residenciais construído pela empresa na Vila Prudente, zona leste de São Paulo, oferecia imóveis de quase 70 metros quadrados por R$ 90 mil há dois anos.

Hoje, os mesmos sobrados estão à venda por R$ 150 mil. Com mais pessoas comprando a casa própria e mais empresas investindo em imóveis comerciais, novos fundos imobiliários surgem como opção indireta de investimento. Nesses fundos, cotados em bolsa, é possível aliar liquidez e diversificação, sem pagar Imposto de Renda.





O consultor: o especialista em fundos imobiliários Sérgio Belleza diz que o mercado está com a corda toda. A prova: há R$ 2,3 bilhões na fila de registro da CVM

Atualmente, há R$ 2,3 bilhões de novas operações em análise pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). "O mercado está a toda. Tem muita coisa sendo preparada na CVM", diz o consultor de investimentos imobiliários Sérgio Belleza Filho. Mas serão boas opções? "Recomendo os fundos imobiliários, desde que os detalhes sobre suas obras e principais trabalhos sejam conhecidos", diz o consultor de finanças pessoais Conrado Navarro.


A proposta atraiu o advogado Eduardo Lang. Ele, que já investe em ações, voltou-se para os fundos imobiliários no final do ano passado. "Eles têm uma liquidez razoável. Eu consigo entrar e sair das posições facilmente", afirma. Hoje, 30% do seu capital é voltado para as aplicações no fundo Orbe TRX Realty, da Orbe Investimentos, e no fundo Europar, administrado pelo Banif.

Os principais executivos da área não acreditam em uma bolha imobiliária. "É um mercado que começa agora. Estamos vendo uma indústria de fundos imobiliários nascendo e pessoas físicas investindo seus imóveis para incrementar a renda", diz Luiz França, diretor da área de crédito imobiliário do Itaú Unibanco.



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