sexta-feira, 29 de maio de 2015

Fundo de Cingapura compra fatia da Rede D'Or, dizem fontes

Fundo de Cingapura compra fatia da Rede D'Or, dizem fontes | Exame.com

Fundo de Cingapura compra fatia da Rede D'Or, dizem fontes

São Paulo - O fundo soberano de Cingapura (GIC) vai anunciar ainda nesta quarta-feira a compra de 16 por cento do maior grupo hospitalar privado do Brasil, Rede D'Or São Luiz pelo equivalente a cerca de 3,3 bilhões de reais, disseram à Reuters duas fontes a par do assunto.

A participação será comprada da família Moll, fundadora e maior acionista do grupo de hospitais, e do BTG Pactual, disse uma das duas fontes.

As fontes pediram anonimato porque o assunto é sigiloso.

O movimento acontece um mês depois do gestor de fundos de private equity Carlyle aceitar pagar 1,75 bilhão de reais para virar sócio do Rede D'Or, na primeira grande transação no segmento no país desde que o governo federal permitiu no começo do ano a entrada de capital estrangeiro no setor hospitalar.

O acordo com o Carlyle envolveu um aumento de capital na companhia em troca de participação de 8 por cento no grupo.

Representantes da família Moll não puderam ser contatados. O BTG Pactual informou que não comentará o assunto. O Carlyle não comentou de imediato.

A Rede D'Or, que opera 27 hospitais em quatro Estados do país, teve receita no ano passado de 5,5 bilhões de reais e lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) de cerca de 930 milhões.



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FGTS aporta mais R$ 5 bilhões ao financiamento de imóveis

FGTS aporta mais R$ 5 bilhões ao financiamento de imóveis | O POVO

FGTS aporta mais R$ 5 bilhões ao financiamento de imóveis


O Conselho Curador do FGTS aprovou um aporte de R$ 5 bilhões à linha Pró-Cotista, que libera créditos para financiamento de casa própria com valor até R$ 400 mil a famílias com renda mensal acima dos limites do Programa Minha Casa Minha Vida. O crédito é direcionado somente para trabalhadores com contas vinculadas ao FGTS. A decisão aconteceu na última terça-feira, 26.

Segundo o ministro do Trabalho e Emprego, Manoel Dias, que é presidente do Conselho, a medida foi tomada tendo em vista o cenário de escassez atual de recursos para financiamento imobiliário. "Estamos beneficiando os cotistas do FGTS, que continuarão podendo adquirir suas casas próprias com taxas de juros bastante favoráveis", afirmou o ministro, que também destacou o fato de que o limite de R$ 400 mil cria condições para que mais famílias possam conseguir financiamentos.

O orçamento do FGTS prevê investimentos da ordem de R$ 307 bilhões no quadriênio 2015-2018.


Construção de imóveis

Outra decisão do Conselho foi autorizar a contratação de financiamento a construtoras para a produção de imóveis com valor acima de R$ 190 mil, teto estabelecido pelo Programa Minha Casa, Minha Vida. A partir da autorização do Conselho, o Ministério das Cidades vai regulamentar o montante a ser remanejado e o valor máximo dos imóveis cuja construção poderá ser financiada com recursos do FGTS.

Para Dias, a medida visa aquecer o mercado da construção civil. "Nosso propósito é contribuir para geração de postos de trabalho no setor, pois os financiamentos serão direcionados à construção de imóveis novos", explicou.

Também como forma de incentivar a construção de residências, o Conselho autorizou orçamento de R$ 1,5 bilhão em instrumentos de capital (Fundos de Investimento Imobiliário, Fundos de Investimento em Direitos Creditórios, debêntures e Certificados de Recebíveis Imobiliários) que possuam lastro em operações na área de habitação.

Infraestrutura

Com o objetivo de estimular outros setores da construção civil, o Conselho permitiu que o Comitê de Investimento do Fundo de Investimento do FGTS (FI-FGTS) analise um aporte de até R$ 10 bilhões em projetos de infraestrutura financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O Banco apresentará uma carteira de projetos que será avaliada pelo Comitê, o qual indicará a destinação dos recursos, desde que seja em empreendimentos novos e no território nacional, incluindo os setores de portos, aeroportos, rodovias, ferrovias, hidrovias, energia e saneamento.

O Conselho aprovou ainda aporte R$ 700 milhões para continuidade das obras previstas no âmbito da Operação Urbana Consorciada do Rio de Janeiro (Porto Maravilha). As resoluções da Reunião do Conselho Curador do FGTS serão publicadas na quinta feira (28) no Diário Oficial da União.

Redação O POVO Online



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BC muda regras e setor imobiliário deve ganhar R$ 22,5 bi de crédito

BC muda regras e setor imobiliário deve ganhar R$ 22,5 bi de crédito; confira impacto - InfoMoney

BC muda regras e setor imobiliário deve ganhar R$ 22,5 bi de crédito; confira impacto

SÃO PAULO - O CMN (Conselho Monetário Nacional) aprovou na noite desta quinta-feira (28) a alteração das regras do depósito compulsório e novas condições para emissão de LCI (Letras de Crédito Imobiliário) e LCA (Letras de Crédito do Agronegócio). As mudanças visam ampliar a capacidade dos bancos em financiamento imobiliário. 

O CMN elevou a alíquota do compulsório para depósitos a prazo de 20% para 25%, o que resulta no recolhimento de R$ 25 bilhões, e alterou as regras de recolhimento dos recursos da poupança para habitação. 

A partir de agora, a alíquota da parcela de depósitos de poupança, tanto imobiliária quanto rural, passa de 10% para 5,5%.

No caso da poupança imobiliária, a alíquota passa de 20% para 24,5%. Os bancos poderão deduzir até 18% do encaixe com novas operações de financiamento habitacional, podendo atingir o montante de R$ 22,5 bilhões, segundo nota do BC. 

Já para a poupança rural, a alíquota relativa ao encaixe passe de 13% para 15,5%. A alíquota de exigibilidade adicional passa de 10% para 5,5%. A medida deverá permitir a aplicação de até R$ 2,5 bilhões.

Para os depósitos a prazo, a nota diz que continua válida a faculdade dos bancos de deduzirem parte do compulsório (60%) com financiamento a veículos e a capital de giro das empresas. 

Novas condições para emissão de LCI e LCA

Já no caso dos títulos lastreados por operações de crédito, o CMN ampliou o prazo mínimo de vencimento e resgate das LCIs de 60 para 90 dias. Além disso, fixou prazos mínimos de vencimento e resgate de 90 dias para as LCAs.

No caso das normas para habitação, o CMN passa a permitir que apenas os CRI (Certificados de Recebíveis Imobiliários) com lastro em financiamentos habitacionais possam ser utilizados para atendimento de exigibilidade de aplicação no âmbito do SFH (Sistema Financeiro Habitacional). Até então era permitido o uso de CRI com lastro em financiamentos imobiliários. 

O CMN também extinguiu a possibilidade de aplicação do fator de multiplicação de 1,2 sobre os CRIs, além da possibilidade de utilização de cotas de fundo de investimento imobiliário, cotas de fundos de investimento em direitos creditórios, debêntures, carta garantia de CRI, entre outros, para atendimento das exigibilidades.

Refinanciamento de parcelas do Procaminhoneiro com juros de 6%
O CMN também aprovou as condições para o refinanciamento de parcelas de financiamento de compra de caminhões por meio do programa Procaminhoneiro.

A taxa de juros mínima aprovada para o refinanciamento de até 12 parcelas de contratos firmados até o fim de 2014 é de 6% ao ano. Porém, será mantida a taxa original dos contratos caso ela seja maior que os 6%.

A taxa atual do programa operado pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e destinada à compra de caminhões novos e usados de até 15 anos de fabricação é de 9% ao ano nos contratos com taxa de juros fixa.

Contratos com taxa variável têm custo financeiro de TJLP, remuneração de 1,5% do BNDES e remuneração da instituição credenciada de 6%.

Segundo o CMN, o impacto fiscal da medida foi calculado em R$ 361,4 milhões, dos quais até R$ 6,6 milhões ocorrerão já em 2015. Para 2016 e 2017, o gasto será de R$ 81,4 milhões e R$ 83,6 milhões, respectivamente.

As vendas de caminhões novos no Brasil acumularam queda de 39% de janeiro a abril ante o mesmo período do ano passado, para cerca de 25 mil veículos. O recuo tem feito montadoras reverem níveis de produção com medidas que incluem férias coletivas e demissões.

Efeitos na Bolsa
Conforme destaca a LCA Consultores, o impacto das medidas de crédito do Banco Central na bolsa é ambíguo. "De um lado, favorece o setor de construção e os grandes bancos estatais que se destacam nos segmentos de financiamento habitacional e crédito rural. De outro, prejudica os bancos privados, mais atuantes no segmento de crédito com recursos livres, onde o CDB é um instrumento importante de captação". 

(Com Reuters)

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sexta-feira, 22 de maio de 2015

Bradesco capta R$ 82 milhões com fundo de fundo imobiliário

Bradesco capta R$ 82 milhões com fundo de fundo imobiliário | Valor Econômico

Bradesco capta R$ 82 milhões com fundo de fundo imobiliário

Com início de negociação das cotas em bolsa previsto para esta semana, o novo fundo de fundos do Bradesco teve captação de cerca de R$ 82 milhões. O valor foi quase metade dos R$ 150 milhões estimados inicialmente - caso fossem emitidas 1,5 milhão de cotas ao preço unitário de R$ 100 -, mas ficou 64% acima do volume mínimo de R$ 50 milhões.

Coordenada pelo Bradesco BBI, com a Bradesco Asset Management (Bram) como gestora e o Bradesco como administrador, a oferta teve a subscrição de 278 investidores pessoas físicas, que responderam por R$ 76,7 milhões da captação total.

Sem revelar a composição do fundo "Bradesco Carteira Imobiliária Ativa", Marcos Mertens, superintendente-executivo da Bram, afirma que não haverá limite para cada ativo, mas que a ideia é ter uma carteira diversificada e sem um nível alto de concentração. O cenário atual é visto com bons olhos por ele.

"Hoje existe um desconto relevante do valor de mercado desses fundos em relação ao valor patrimonial e, em alguns casos, eles estão muito próximos do valor de reposição, o que nos indica um bom momento para entrar", afirma.

Além de as condições atuais do mercado já se refletirem nos preços das cotas negociadas em bolsa, o superintendente considera que o retorno com dividendos segue atrativo ao investidor. "Passado esse ciclo, que ainda não se encerrou, queremos estar bem posicionados para o próximo momento dos fundos", diz Mertens, ressaltando que a carteira terá gestão ativa e que o investidor precisa considerar um horizonte mínimo de três anos nesse mercado.

Também nesse nicho de atuação, são negociadas em bolsa os fundos de fundos Fator Ifix, BTG Pactual Fundo de Fundos, Gávea Fundo de Fundos Imobiliário, Brasil Plural Absoluto Fundo de Fundos e JS Real Estate Multigestão.

Conforme os dados da BM&FBovespa, ao fim de abril, havia 125 fundos imobiliários registrados, com valor de mercado de R$ 25,8 bilhões e patrimônio líquido de R$ 36,6 bilhões. O número de investidores pessoas físicas voltou a cair no mês passado, para 90.705.

Responsável pelos serviços de administração de 15 fundos imobiliários, a Citibank DTVM decidiu deixar a atuação nessa indústria. "O Citi tomou a decisão de descontinuar o serviço de administração de fundos imobiliários, reforçando o foco em serviços nos quais tem maior expertise e relevância no mercado, como custódia, no qual é líder no mercado nacional", informou o banco, por meio de sua assessoria de imprensa. Segundo a instituição, dez carteiras serão transferidas e cinco deverão ser liquidadas neste ano.



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segunda-feira, 18 de maio de 2015

Fundo permite investir em imóveis nos EUA

Fundo permite investir em imóveis nos EUA - InfoMoney

Fundo permite investir em imóveis nos EUA

MIAMI* - Depois de passar por um boom até o início de 2013, os últimos anos foram complicados para os fundos imobiliários brasileiros. Na esteira da desaceleração do mercado de imóveis, estes fundos também viram suas cotas perderem valor na Bovespa e muitos investidores assustados decidiram abandonar o barco. Como alternativa para o atual momento conturbado no Brasil, a gestora TRX decidiu expandir seu negócio e criar a TRX Investiments, seu braço para atuação no mercado norte-americano.

Em sua sede em Miami, Flórida, a companhia realizou o TRX Day para apresentar seu novo fundo. Ele já está em fase de captação e pretende arrecadar US$ 100 milhões, com investimento mínimo de US$ 300 mil, mas que na expectativa da gestora deve chegar a aportes entre US$ 500 mil e US$ 1 milhão. O fundo será sediado nas Ilhas Cayman e terá duração de cinco anos.

O foco são investidores de private banking e gestoras de patrimônio, sendo que os recursos serão direcionados de maneira equilibrada para quatro segmentos: "self storage" (armazenamento de móveis e mercadorias), galpões modulares, prédios comerciais e imóveis residenciais. Por conta disso, serão criadas quatro holdings, com o direito para o investidor podendo optar por apenas um dos negócios, que neste caso terá ticket mínimo entre US$ 5 milhões e US$ 10 milhões.

Criada em 2007 de uma joint venture entre uma gestora de recursos e uma incorporadora e construtora, atualmente a TRX possui R$ 4,7 bilhões em ativos sob gestão com cerca de 14 mil investidores, o que torna a empresa um dos três maiores players do Brasil.

Scott Pryce, sócio fundador e CEO da TRX USA, explicou que atualmente o mercado brasileiro pode ter oportunidades, já que muitos ativos estão com preço mais baixo. Por outro lado, para quem busca tranquilidade e estabilidade, segundo ele, a melhor escolha está nos EUA. Entre as vantagens do mercado americano listadas por Pryce estão o fato de ser um ambiente mais maduro de negócios, com mais tempo e melhor regulamentação. Além disso, ele destaca a maior transparência do mercado nos EUA, que apesar de diminuir a rentabilidade do negócio, também reduz bastante o risco.

Para quem se preocupa com o alto valor de tributação para investidores estrangeiros nos EUA, Pryce explica que da forma como estão sendo estruturados, os fundos da TRX reduzem boa parte deste custo. Segundo ele, dos 35% totais de impostos que caem sobre o investidor, neste negócio as taxas chegam a ficar entre 22% e 24%. O retorno projetado pela companhia é de 13,8% ao ano, já livre de impostos e taxas de administração.

Segundo o CEO da TRX, Luiz Augusto do Amaral, a nova filial em Miami será uma "cópia" do escritório brasileiro, com um ambiente igual e com conexão direta para que a qualquer momento seja possível que os executivos conversem estando no Brasil ou nos EUA. "Tudo isso para criarmos um ambiente que não seja estranho para o investidor brasileiro que já está acostumado a investir lá, agora também invista aqui [nos EUA] com a mesma tranquilidade", explica Luiz.

Entre os executivos que participaram do evento estavam representantes de grandes bancos nacionais, como o Bradesco, e internacionais, caso do Bank of America Merrill Lynch. "Quando tivemos a ideia de realizar o evento nos EUA, apesar da empolgação, tivemos dúvida sobre a quantidade de pessoas iriam comparecer ", explica o cofundador, sócio e vice-presidente da TRX, José Alves Neto. "Esperávamos cerca de 20 a 30 pessoas, mas o sucesso foi tanto que no fim estiveram presentes 100 convidados, com a presença de grandes players do mercado", afirma.

* O jornalista viajou a convite da TRX

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Governo prepara pacote para financiamentos imobiliários

Governo prepara pacote para financiamentos imobiliários | Exame.com

Governo prepara pacote para financiamentos imobiliários | Exame.com

Brasília - O governo prepara um pacote de medidas para resolver a questão da falta de recursos para os financiamentos imobiliários. Falta determinar qual o tamanho exato dos mecanismos para não comprometer dois pontos cruciais para a equipe econômica de Dilma Rousseff: o combate à inflação e o ajuste fiscal.

O mais provável é que sejam adotadas ações propostas tanto pelo Banco Central como pela Caixa, a principal prejudicada com os saques recordes da poupança. A Caixa ficou praticamente sem recursos para financiar a compra de imóveis avaliados em até R$ 750 mil.

"Esse conjunto de medidas - porque não basta apenas uma - é importante para mantermos o crédito imobiliário no País. Isso vai ser muito proximamente resolvido", disse a presidente da Caixa, Miriam Belchior.

Liberação de recursos

O jornal O Estado de S. Paulo apurou que o BC sugeriu liberar uma parte dos 20% dos recursos da poupança que os bancos são obrigados a deixar na instituição (chamados de depósitos compulsórios), desde que os bancos usem esse dinheiro para conceder financiamentos a casas populares.

Essa prerrogativa, que já foi adotada para o setor automobilístico, é importante para não aquecer a economia como um todo e dificultar o combate à inflação.

Mas não há hipótese, segundo fontes ouvidas pela reportagem, de o BC liberar os R$ 44,3 bilhões de compulsórios como as construtoras pediram.

Ao mesmo tempo, o BC deve apertar a fiscalização para que os bancos apliquem realmente os 65% dos depósitos das cadernetas nos financiamentos de casas próprias.

Isso porque as instituições conseguem burlar essa regra com o uso de títulos e Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI). Na prática, o dinheiro da poupança, que era para ser usado na construção de casas, também financia imóveis comerciais.

Se os bancos privados, que ainda têm "gordura" para queimar, não quiserem seguir a nova flexibilização, eles podem ceder esses recursos mais "baratos" para os bancos menores, que assumiriam os riscos dos empréstimos.

Já a Caixa trabalha para que o conselho curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) libere uma parte maior do orçamento para esses financiamentos.

Isso faria com que se pudesse ampliar o valor dos imóveis que podem ser financiados pelo fundo e cobrar taxas menores. Hoje, o limite é de R$ 190 mil para imóveis nas regiões metropolitanas de São Paulo e Rio e no Distrito Federal.

A ideia é ampliar para financiamentos de até R$ 300 mil a R$ 400 mil. A preocupação é que esse dinheiro não pode ser usado para financiar imóveis muito caros, o que seria uma distorção na função de distribuição de renda do FGTS.

Em meio à contenção dos gastos e sem poder fazer novos aportes no banco estatal, não restou outra alternativa ao governo do que recorrer ao FGTS.

Dessa forma também se evita o "patrimonialismo" de subsidiar um setor com dinheiro público, recorrentemente criticado pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.



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O que o BTG viu na floresta?

O que o BTG viu na floresta? - ISTOÉ DINHEIRO

O que o BTG viu na floresta?

Poupança verde: André Esteves, controlador do BTG Pactual, está de olho na demanda do setor de celulose

Quando, em 2012, o banco BTG Pactual, controlado por André Esteves, assumiu o controle da TTG Brasil Investimentos Florestais houve um certo espanto. Afinal, tratava-se de uma empresa que administrava fundos de investimentos baseados no plantio de florestas de pinus e eucalipto pelo mundo afora, algo muito distante do universo do banqueiro, cujo QG está localizado na avenida Faria Lima, no sofisticado centro financeiro de São Paulo.Na terça-feira 12, essa história ficou um pouco mais clara com a bem-sucedida captação de US$ 860 milhões (cerca de R$ 2,6 bilhões), no mercado internacional.

"Os ativos florestais são como uma poupança segura por parte dos investidores de longo prazo, como os fundos de pensão", afirma o criador do TTG Brasil e CEO do BTG Pactual Timberland Investment Group, o americano Gerrity Lansing. "Melhor até que os imóveis que geram prejuízo em caso de vacância prolongada." Essa divisão do BTG administra US$ 3 bilhões em ativos espalhados por Estados Unidos, África do Sul e países da Europa e da América Latina. Pode até ser conversa de vendedor. Mas o fato é que as sucessivas ampliações de capacidade produtiva das fabricantes de celulose, especialmente no Brasil, indicam que o eucalipto e o pinus continuarão sendo bastante cobiçados.

"A demanda por ativos florestais não se resume ao setor de celulose", diz Éderson de Almeida, diretor-executivo da Consufor, consultoria baseada em Curitiba, especializada no setor. "Os segmentos de siderurgia, madeira e até os projetos de bioenergia (partir da queima de madeira de reflorestamento) respondem, hoje, por 65% do mercado." São estes componentes que ajudam a explicar o grande interesse dos investidores globais em se associar a esta tacada de Esteves. O volume captado ficou US$ 110 milhões acima do planejado. A estratégia desenhada por Esteves e Lansing mira em segmentos de consumo praticamente imunes à crise.

"Não importa o ritmo de crescimento do Brasil, China ou Estados Unidos", afirma Lansing. "O certo é que a demanda por papéis de embalagem e para produção de guardanapos e fraldas, por exemplo, seguirá crescendo na faixa de 5% ao ano." De acordo com o CEO da divisão de florestas do BTG Pactual a expectativa é aplicar no Brasil boa parte dos recursos captados nesta rodada. As vantagens comparativas do País justificam a preferência, pois vão desde o clima e a tecnologia até o curto período de maturação das árvores, a partir de cinco anos.



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sexta-feira, 15 de maio de 2015

Sangria na caderneta é liderada por grande poupador

Sangria na caderneta é liderada por grande poupador | Valor Econômico

Sangria na caderneta é liderada por grande poupador

Empurrados pela queda dos juros básicos da economia, grandes poupadores responderam por cerca de 77% das novas captações na caderneta de poupança nos últimos anos. Agora, com o aperto monetário, eles aparentemente estão liderando os saques.

A alta volatilidade nas captações da caderneta de poupança expõe a fragilidade do atual sistema de crédito direcionado para o setor imobiliário, que capta no curto prazo para fazer financiamentos de longo prazo. Em junho de 2011, começo do governo Dilma Rousseff, quando o Banco Central estava finalizando um ciclo de aperto monetário, os grandes aplicadores respondiam por 59,6% dos depósitos em caderneta de poupança.

Esse grupo inclui os clientes bancários com saldos aplicados a partir de R$ 30 mil. Muitos estavam na caderneta porque essa é uma aplicação tradicional, simples e considerada segura, com a vantagem da isenção de Imposto de Renda sobre ganho de capital.

Pelo dado mais recente, de junho de 2014, os maiores clientes já detinham 66,3% dos saldos das cadernetas. Até 2006, essa proporção girava em torno de 45%.

A partir de agosto de 2011, o Banco Central iniciou um ciclo de relaxamento monetário que levou a taxa básica de juros ao seu menor percentual da história recente, em 7,25% ao ano. Grandes aplicadores migraram para a poupança para se beneficiar da isenção de Imposto de Renda.

Para permitir a queda dos juros básicos e evitar uma migração mais forte de recursos de outras aplicações para a caderneta, o governo mudou a fórmula de remuneração desse investimento - na prática, acabou com o piso de 0,5% mensais para a sua remuneração. Quando os juros básicos caem abaixo de 8,5% ao ano, os poupadores passam a receber 70% da remuneração da Selic.

A mudança pode ter atenuado o movimento de migração de grandes poupadores para a caderneta, mas não o impediu completamente. De junho de 2011 a junho de 2014, os saldos em caderneta de poupança cresceram R$ 236 bilhões, mobilizando mais recursos para o financiamento da habitação. Desse acréscimo, 77% vieram dos clientes com saldo aplicado de pelo menos R$ 30 mil.

O crédito imobiliário cresceu R$ 255 bilhões no período entre junho de 2011 e junho de 2014. O sistema de crédito direcionado vigente no país determina que 65% dos saldos em caderneta de poupança sejam aplicados em crédito imobiliário. Os bancos também captaram recursos com outros instrumentos, como as Letras de Crédito Imobiliário (LCI).

A tendência, agora, é inversa. A alta de juros básicos está levando a saques da caderneta de poupança, reduzindo o volume de recursos disponível para aplicar em crédito imobiliário.

O Banco Central começou a subir os juros em abril de 2013, mas apenas em fins do ano passado a taxa básica se tornou alta o suficiente para estimular grandes aplicadores a procurar alternativas mais rentáveis do que a caderneta. Um cliente com R$ 30 mil tem boas opções no mercado.

Nos primeiros quatro meses deste ano, os clientes sacaram R$ 29 bilhões da caderneta, dos quais R$ 23,7 bilhões vinculados ao sistema de crédito imobiliário. O restante se refere a cadernetas rurais, com recursos dirigidos ao financiamento agrícola.

Com recursos escassos, o setor imobiliário e bancos que atuam nesse nicho estão pressionando o Banco Central para liberar compulsórios da caderneta de poupança para financiar a habitação.

Uma eventual liberação de compulsórios teria impacto fiscal. Hoje, os recursos retidos no BC são remunerados pelo mesmo índice da poupança, ou seja, 6,17% ao ano mais a taxa referencial. A liberação dos compulsórios obrigaria o Banco Central a recolher o excesso de dinheiro em circulação na economia por meio de operações compromissadas que remuneram com a taxa Selic.

Todo o sistema que capta no curto prazo para emprestar no longo prazo está sujeito ao risco do descasamento entre aplicações. A mudança na fórmula de remuneração, em 2012, acabou com o piso na remuneração e evitou um afluxo mais forte e instável de depósitos. Uma mudança semelhante que se aplicaria quando a taxa Selic sobe a partir de determinado patamar poderia suavizar oscilações na direção contrária, quando clientes sacam recursos.



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quinta-feira, 14 de maio de 2015

Crédito escasso freia negócios de incorporadoras

Crédito escasso freia negócios de incorporadoras | Valor Econômico

Crédito escasso freia negócios de incorporadoras

João Marcos Rosa/Ag. Nitro/ValorMenin, da Abrainc: "Caixa e BB mudaram o jogo, e empresas postergam atividades"

As incorporadoras pretendem colocar o pé no freio de novos investimentos devido às restrições de crédito imobiliário e ao aumento da taxa de juros. Empresas que fazem parte da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) têm sinalizado que vão reduzir a compra de terrenos e lançar ainda menos empreendimentos, de acordo com o presidente da entidade, Rubens Menin.

No primeiro trimestre, Cyrela, Direcional, Even, EZTec, Gafisa, Helbor, MRV, PDG, Rodobens Negócios Imobiliários e Tecnisa lançaram, em conjunto, R$ 1,74 bilhão, 66% abaixo do mesmo período de 2014. A retração dos lançamentos pelo setor pode se acentuar com a suspensão do crédito à produção pela Caixa Econômica Federal e o aumento da taxa de juros pelas instituições financeiras.

As mudanças no crédito imobiliário fazem com que os "próprios clientes fiquem mais restritivos nas aquisições", diante de parcelas maiores resultantes do aumento das taxas de juros, segundo o diretor financeiro e de relações com investidores da Rodobens, Flávio Vidigal De Cápua.

O ambiente de demanda retraída, confiança do consumidor em baixa e estoques de imóveis elevados desestimula o lançamento de novos projetos, cenário agravado pela redução do crédito imobiliário. "A Caixa e o Banco do Brasil mudaram o jogo, e as empresas estão postergando as atividades", diz o presidente da Abrainc.

Uma das maiores preocupações do setor, segundo Menin, é o reflexo do custo maior do financiamento nos distratos, ou seja, nos cancelamentos de vendas. Com a elevação dos juros e do rigor dos bancos para conceder crédito, o número de compradores que consegue se enquadrar diminui. Nos últimos anos, os distratos cresceram com a entrega de empreendimentos lançados nos primeiros anos após a abertura de capital. "O ciclo de alta dos distratos pode não ter chegado ao fim", diz Menin.

Há tendência de aumento das rescisões de vendas quando o cliente opta por financiar a aquisição com um banco que não foi o que concedeu o crédito à produção, segundo o diretor financeiro da Helbor, Roberval Toffoli. O maior rigor das instituições financeiras também contribui para aumentar o prazo dos repasses.

Conforme Toffoli, as mudanças no crédito imobiliário "ainda não são impeditivas" para os lançamentos da Helbor. "Vamos lançar menos para equacionar nossos estoques. Mas, se sentirmos que os bancos privados começaram a sofrer reflexos da escassez de recursos da Caixa e do Banco do Brasil, é provável que isso se torne mais uma variável impeditiva de lançamentos", diz. Para se precaver, a Helbor tem antecipado a contratação do financiamento às obras com as instituições privadas.

A EZTec contrata, antecipadamente, os financiamentos à produção e não possui, no momento, contratação desse tipo de crédito com a Caixa. Segundo o diretor financeiro e de relações com investidores da EZTec, Emilio Fugazza, a empresa mantém o planejamento de "lançar produtos conforme comprovação de demanda" e sua posição financeira "permite suportar cenários de crédito mais restrito, com caixa e recebíveis suficientes para execução de obras ou financiamento aos clientes".

Por enquanto, a Rodobens não deixou de conseguir financiamento para nenhum projeto, segundo De Cápua, mas tem encontrado taxas maiores e sentido as instituições financeiras mais cautelosas na avaliação da concessão de crédito.

Na semana passada, o diretor financeiro e de relações com investidores da Gafisa, André Bergstein, disse ao Valor que, como a Caixa está mais seletiva nos financiamentos à produção e aos compradores, a divisão tem buscado crédito com os bancos privados.

Questionado sobre o aumeno da procura de incorporadoras por financiamento dos bancos privados, o presidente da Abrainc afirmou que essas instituições estão "no limite da sua capacidade" e não têm como compensar a fatia que deixará de ser atendida pelos bancos públicos.

Para que haja mais recursos para o crédito imobiliário, o setor quer que o governo reduza a faixa de recolhimento compulsório da poupança. A Abrainc está concluindo estudo que pretende demonstrar que a diminuição do compulsório resultaria em superávit fiscal para o governo por conta da faixa de 4% a 7% dos impostos pagos, diretamente, pelas incorporadoras sobre o crédito à produção, além do aumento do recolhimento dos tributos de toda a cadeia.

Menin defende também que a terceira fase do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida seja anunciada em breve, com elevação do teto dos preços dos imóveis enquadrados nas faixas 2 e 3. "Não dá para entender como, em um cenário tão ruim, uma medida como essa seja postergada", diz o presidente da Abrainc.

No momento, mudanças no Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), como a elevação do valor máximo financiado com esses recursos, estão em discussão. Na avaliação de Menin, o teto do preço do imóvel financiado com recursos do FGTS será elevado de R$ 190 mil para R$ 220 mil ou R$ 230 mil, e não para R$ 300 mil, como tem sido discutido. O aumento do valor é considerado benéfico pelo presidente da Abrainc, pois poderá financiar a nova faixa esperada do Minha Casa, Minha Vida pelo setor, entre a primeira e a segunda.

Outra discussão sobre os recursos do FGTS é a equiparação da remuneração das aplicações no fundo à da poupança. O diretor financeiro e de relações com investidores da Tenda, Felipe Cohen, diz não acreditar que a proposta seja aprovada nos termos apresentados, por colocar em risco a "saúde do fundo". Cohen ressalta que a medida beneficia a média e a alta renda. "A baixa renda é beneficiada por programas sociais que utilizam o FGTS, como o Minha Casa, Minha Vida", diz o executivo da Tenda.

As mudanças recentes do crédito imobiliário à produção não afetam a Tenda, de acordo com Cohen, pois a divisão de baixa renda da Gafisa atua apenas na faixa 2 do programa habitacional, a qual utiliza dinheiro do FGTS. "O que temos sentido, desde o fim do ano passado, é aumento das exigências pela Caixa e pelo Banco do Brasil para o crédito a pessoas físicas", diz o executivo. A Tenda tem aumentado os investimentos em marketing para levar mais clientes a suas lojas.



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quarta-feira, 13 de maio de 2015

Governo rejeita socorro ao setor imobiliário

Governo rejeita socorro ao setor imobiliário | Valor Econômico

Governo rejeita socorro ao setor imobiliário

O Ministério da Fazenda e o Banco Central (BC) rejeitam a proposta, feita por construtoras e bancos, de liberar o recolhimento compulsório das cadernetas de poupança com a finalidade de impulsionar o crédito imobiliário. A liberação geraria volume de recursos estimado em R$ 40 bilhões.

Segundo apurou o Valor, na opinião da equipe econômica não faz sentido afrouxar o crédito no momento em que o BC está promovendo um aperto monetário para controlar a inflação. Haveria, segundo fontes qualificadas, outras formas de funding, como as Letras de Crédito Imobiliário (LCI).

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Em uma tentativa de sensibilizar o governo a liberar os compulsórios, bancos têm alegado que a falta de recursos para financiamento imobiliário poderá provocar a queda da demanda e do preço dos imóveis, com possíveis desdobramentos sobre a saúde do sistema bancário. Simulações feitas pelo BC, entretanto, mostram que o sistema é forte o bastante para absorver eventuais quedas extremas nos preços dos imóveis.

De janeiro a abril, a poupança perdeu, em termos líquidos, R$ 29 bilhões. Os aplicadores estão migrando para outras formas de investimento financeiro, cujos rendimentos aumentaram depois que o BC elevou a taxa básica de juros.

Atualmente, o BC aplica alíquota de compulsório de 20% sobre os saldos da caderneta. Isto faz com que R$ 120 bilhões em recursos captados pelos bancos fiquem retidos. A poupança, por sua vez, é a principal forma de captação para o setor habitacional.

Testes de estresse conduzidos pelo BC concluem que os bancos teriam capital suficiente para suportar uma queda de até 30% nos preços dos imóveis residenciais, como a que ocorreu nos Estados Unidos ao longo de três anos e provocou a crise de 2008. Um primeiro banco só ficaria desenquadrado das exigências regulatórias de capital mínimo se a queda no preço dos imóveis fosse de pelo menos 35%. A situação de insolvência dessa mesma instituição financeira só se configuraria no caso de uma hipotética queda de pelo menos 55% nos preços dos imóveis residenciais.

Uma oscilação tão grande nos preços é um evento raro. O BC publica mensalmente o indicador de preços de imóveis nacional (IVG-R), que apresentou variação real de 1% a 3% nos últimos dois anos.



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É preciso evoluir a regulação além dos bancos, diz Volcker

É preciso evoluir a regulação além dos bancos, diz Volcker | Valor Econômico

É preciso evoluir a regulação além dos bancos, diz Volcker

Chris McGrath / Getty ImagesVolcker: "Próxima crise provavelmente ocorrerá por problemas regulatórios diferentes. O desafio é estar alerta às mudanças"

Um dos economistas mais engajados no debate sobre regulação do sistema financeiro, Paul Volcker ainda não está satisfeito com o grau de supervisão adotado. Quase sete anos após a crise, o ex-presidente do Federal Reserve (Fed) reconhece que os bancos estão mais fortalecidos, mas demonstra preocupação com as instituições financeiras que estão fora desse escopo.

"O grande desafio é desenvolver controles que vão além do sistema bancário", disse Volcker em entrevista exclusiva ao Valor, na qual exigiu que política monetária não estivesse entre os assuntos discutidos. "Vamos falar de regulação", disse ele logo após atender o telefone.

Entre 1979 e 1987, quando presidiu o banco central americano sob os governos de Jimmy Carter e Ronald Reagan, a principal tarefa de Volcker era controlar a inflação altíssima, que rodava no patamar de dois dígitos. Agora que o problema americano é o oposto, ele prefere não dar conselhos aos responsáveis pela política monetária. Sobre macroeconomia, o economista limitou-se a dizer que os Estados Unidos estão avançando e que o crescimento global provavelmente ficará, por um tempo, mais fraco que antes.

Em respostas curtas, Volcker evitou desenhar cenários prospectivos para a economia e a saúde dos mercados financeiros, mas sinalizou que a regulação do sistema financeiro não-bancário ("shadow banking") é algo que deve estar na pauta das autoridades. "A próxima crise provavelmente ocorrerá por problemas regulatórios diferentes. O desafio é estar alerta às mudanças do mercado e exercitar as restrições apropriadas quando as pressões especulativas crescerem demais", disse o economista de seu escritório em Nova York.

Entre as atribuições e cargos honorários que carrega, o ex-presidente do Fed, que está com 87 anos, chefia o Volcker Alliance, instituto que criou em 2013 com o objetivo de contribuir para a "execução efetiva das políticas públicas e reconstruir a confiança pública no governo". No fim de abril, esse órgão publicou um artigo em que sugere que o sistema regulatório dos EUA seja simplificado, extinguindo o Office of the Comptroller of the Currency (OCC) - órgão independente ligado ao Tesouro que supervisiona e regula os bancos no país - e fundindo a Securities and Exchange Commission (SEC) e a Commodity Futures Trading Commission (CFTC).

Além de presidir o Fed, Volcker foi o principal conselheiro econômico de Barack Obama entre 2009 e 2011. Antes disso, foi presidente do Fed de NY, economista do Chase Manhattan Bank e passou por diversas instituições públicas e privadas. Estudou em Princeton, Harvard e London School of Economics.

Valor: Como a regulação bancária evoluiu desde a crise? Em que pontos ainda há fragilidades?

Paul Volcker: Houve muitas mudanças no mundo da regulação desde a crise. Há duas principais. Uma é o fortalecimento do sistema bancário em diversos países ao redor do mundo, com mais capital, em especial. Houve algumas restrições sobre o que os bancos podem fazer para evitar alguns excessos e especulações. A outra área é particularmente importante nos EUA, mas em outros países também. Muito do sistema financeiro agora acontece fora do sistema bancário. Tivemos uma evolução da abordagem para supervisionar o sistema financeiro não-bancário, que antes era negligenciado. Fim da história.

Valor: Boa parte das atividades financeiras está sendo feita por instituições não-bancárias, incluindo as operações de maior risco. Como a regulação deve lidar com a expansão do "shadow banking"?

Volcker: Isso é um desafio, claro. Nos EUA, os bancos eram há 20 ou 30 anos, quando eu estava diretamente envolvido, 70% do mercado, e hoje os bancos são por volta de 30% e as instituições não-bancárias são 70%. Houve uma espécie de reversão. O desafio é ver onde as evoluções estão se desestabilizando. Foi o que aconteceu antes da crise, quando a grande seguradora AIG teve problemas não em seu negócio de seguradoras, mas em negociação de derivativos. E não houve supervisão ou controle disso. Isso é apenas um exemplo de que devemos supervisionar uma área maior do que a que olhamos historicamente. É uma área difícil.

Valor: O Volcker Alliance recentemente propôs uma simplificação do sistema regulatório nos EUA. Quais são os principais benefícios da consolidação?

Volcker: O desafio é desenvolver controles que vão além do sistema bancário. O exemplo do AIG que mencionei é o exemplo clássico em que houve extrapolação dos controles que tínhamos na época. Fomos tecnicamente supervisionados por uma agência reguladora muito fraca que realmente não entendeu sua responsabilidade ou não fez nada. Toda a alta do "subprime", um dos elementos do coração da crise, ocorreu basicamente fora da regulação do sistema bancário e eventualmente entrou no sistema bancário, mas começou fora, com a regulação fraca. Tivemos esses dois problemas de derivativos e hipotecas muito importantes na crise que não estavam sujeitos à supervisão adequada.

Valor: Onde estão os maiores riscos agora?

Volcker: Agora, os próximos problemas podem surgir em outras áreas. Alguns estão preocupados, com razão, com o volume de empréstimos em dólares para economias emergentes. Quando o dólar se fortalecer muito - os incentivos aos empréstimos estavam muito bons -, mas quando as condições mudarem, isso criará problema. Eu espero que não, mas é um perigo em potencial.

Valor: Como a regulação mais apertada nos países desenvolvidos afeta a atuação das subsidiárias desses bancos em outros países, como os emergentes?

Volcker: Eu acho que não é prejudicial. Espero que os bancos nos países emergentes consigam continuar a fazer empréstimos, dar apoio ao mercado de bônus organizando emissões de bônus e todo o resto. Não é do interesse das economias emergentes, particularmente da América Latina, repetir o que aconteceu no fim dos anos 70, quando o dinheiro estava muito fácil e, no início dos anos 80, todos esses países ficaram muito endividados e os bancos foram muito agressivos em emprestar para esses países. Por um momento, os bancos e os países gostaram, mas acabaram em uma grande crise. É isso que estamos tentando evitar no futuro.

Valor: Como o sr. avalia a maturidade do sistema regulatório dos países emergentes?

Volcker: Ao redor do mundo, em geral, tanto nos emergentes quanto nos desenvolvidos, o grande choque da crise financeira forçou uma reavaliação e acho que há mais disciplina e regulação. Espero que isso seja verdade, acredito que seja verdade.

Valor: Alguns países apertaram mais a regulação que outros, isso cria espaço para arbitragem regulatória? O HSBC afirmou recentemente que poderia mudar sua sede para fora do Reino Unido por conta da regulação mais severa no país.

Volcker: Arbitragem regulatória sempre foi um problema historicamente, com as instituições financeiras se movendo de uma autoridade regulatória para outra. Nessa questão, é um grande desafio lidar com as características do sistema antigo, o qual acreditamos que poderia ser mudado e modernizado. Mas isso é um assunto muito, muito desafiador.

Valor: Entre quais sistemas há mais espaço para arbitragem hoje?

Volcker: Eu não sei o que vai acontecer ou não no Reino Unido. Há um esforço entre os supervisores e reguladores para haver melhor coordenação internacional. Eu não acho que o banco que você está falando ganhará muito saindo do Reino Unido. Eles podem mudar sua sede ou não, eu sou cético, mas se fizerem isso, a operação permanecerá principalmente em Londres ou em Nova York ou em algum outro lugar do mundo.

Valor: O CEO do J.P. Morgan lamentou o fato de o banco estar pagando multas a diversos reguladores pela mesma questão e disse que isso exige um debate político. Isso pode ser um sinal de que os grandes bancos apoiam a consolidação dos órgãos reguladores?

Volcker: Espero que sim. Qual banco falou isso?

Valor: O CEO do J.P. Morgan, Jamie Dimon.

Volcker: Ah, sim. Eles reclamam disso e o que vemos é que temos um sistema regulatório inflado e nossas propostas buscam lidar com esse problema. Mas vamos ver se os bancos, por eles mesmos, estão ansiosos para ver essas mudanças acontecerem. Acho que um sistema mais eficiente, simples e racional receberia apoio, mas vamos ver.

Valor: Líderes republicanos estão tentando adiar a implementação da Regra de Volcker para 2019. O senhor se preocupa com essa pressão dos republicanos para sempre adiar a efetividade da regra?

Volcker: Não acho que haja riscos vindos desse adiamento. Já está basicamente efetivo, em algumas partes a implementação pode ser adiada, os bancos estão sempre empurrando contra certas partes da regulação e da supervisão, isso é uma parte, mas gostaria que não fosse adiado, não acho que há uma boa racionalidade, mas não acho que isso prejudica a eficácia da lei.

Valor: Se os reguladores demorarem muito para lidar com os problemas que deram espaço à última crise, há risco de que essas falhas voltem a causar estragos?

Volcker: A próxima crise provavelmente ocorrerá por problemas regulatórios diferentes. O desafio é estar alerta às mudanças do mercado e exercitar as restrições apropriadas quando as pressões especulativas crescerem demais.

Valor: Que novos problemas regulatórios podemos enfrentar?

Volcker: Acho que eu não vou tentar sugerir alguma coisa. Provavelmente estaria errado. Isso é muito complicado.

Valor: O crescimento do "shadow banking" poderia ser uma dessas fontes de instabilidade?

Volcker: Acho que estamos prestes a terminar [a entrevista].

Valor: Há tempo para uma última pergunta?

Volcker: Me faça a pergunta e eu posso responder ou não (risos).

Valor: As políticas não-convencionais empregadas pelos grandes bancos centrais serão capazes de superar o período de baixo crescimento e baixa inflação pelo qual passam as grandes economias?

Volcker: Essa é uma pergunta ampla que não posso responder agora, mas acho que a economia global está em um ritmo de crescimento menor que o que tínhamos antes por uma série de questões. Mas a economia global está crescendo, os EUA estão crescendo e acho que estamos nos aproximando de um desempenho satisfatório com o tempo. Provavelmente por um tempo mais lento do que estávamos acostumados.



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Grandes contribuintes serão avisados pela Receita sobre pendências

Grandes contribuintes serão avisados pela Receita sobre pendências | Valor Econômico

Grandes contribuintes serão avisados pela Receita sobre pendências

BRASÍLIA  -  A Receita Federal atualizou o acompanhamento que faz, desde 2005, dos maiores contribuintes. São 9.478 empresas e 5.073 pessoas físicas que respondem por 63% da arrecadação mensal de tributos.

Segundo subsecretário de fiscalização substituto, Francisco Assis de Oliveira Junior, o objetivo da Portaria 641 editada hoje é tornar os processo de trabalho mais efetivos. Entre as ações adotadas está uma nova forma de relacionamento com esses contribuintes, que serão avisados por telefone ou via eletrônica sobre eventuais problemas em suas declarações. 

Dessa forma, o contribuinte tem a chance de retificar ou justificar as informações antes de ser autuado. A eventual lavratura de auto gera multas de 75% a até 300%.

O que a Receita deseja, segundo Oliveira, é ampliar a autorregularização. "A Receita quer que ele mantenha as obrigações de forma atualizada e correta de forma a reduzir a litigiosidade, que tem custo tanto para Receita quanto para o contribuinte", disse.

Os critérios para ser fazer parte da lista de grandes contribuintes continuam os mesmos e basta atender a um deles para ser enquadrado. Para as empresas: receita bruta anual de R$ 150 milhões, débitos declarados de R$ 15 milhões, pagamentos à previdência acima de R$ 12 milhões, folha de pagamentos acima de R$ 36 milhões.

Para dar uma ideia da concentração, essas 9.478 empresas acompanhadas não representam 1% do universo total de empresas que optam pela declaração pelo lucro real.

Para as pessoas físicas os critérios são rendimento total declarado maior de R$ 13 milhões, bens e diretos acima de R$ 70 milhões, recebimento de aluguéis acima de R$ 2,5 milhões, e propriedades rurais acima de R$ 75 milhões. 



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BC vai avaliar crise do setor imobiliário

BC vai avaliar crise do setor imobiliário | Valor Econômico

BC vai avaliar crise do setor imobiliário

Claudio Belli/Valor

O Comitê de Estabilidade Financeira (Comef) do Banco Central vai avaliar, em reunião marcada para amanhã, a situação do mercado de crédito imobiliário, que sofreu desaceleração nos últimos meses devido à baixa nos recursos captados na poupança.

O BC tem indicado que não vê riscos sistêmicos, mas avalia os impactos mais setoriais. Nos últimos dias, fiscais tiveram encontros com representantes dos bancos para, segundo apurou o Valor, colher informações sobre os riscos de uma parada súbita desse segmento do mercado.

Procurado pelo Valor, o Banco Central informou que essa é uma reunião ordinária do Comef, que ocorre trimestralmente, e que já há algum tempo o mercado de crédito imobiliário tem sido objeto de avaliação mais detalhada no seu Relatório de Estabilidade Financeira (REF). "O setor é objeto de estudos sempre", declarou.

O Comef, formado por integrantes da diretoria do BC, tem o papel de definir as estratégias, diretrizes e encomendar estudos relacionados à estabilidade financeira e prevenção do risco sistêmico. Em 2014, uma das suas reuniões antecedeu medidas de liberação de depósitos compulsórios. Hoje, porém, o BC está pouco permeável a adotar medidas do tipo, que iriam na contramão do aperto monetário.

Mas o setor imobiliário apresentou uma extensa agenda de pleitos, incluindo uso de recursos da faixa livre da caderneta de poupança e mecanismos para incentivar bancos a ampliarem aplicações no segmento.

O conselho curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) deve analisar no dia 26 proposta para ampliar o valor dos imóveis financiados com seus recursos. Mas a avaliação do setor imobiliário é que esses recursos não resolvem o problema de falta de dinheiro.

As estimativas são de que, neste ano, seriam necessários mais R$ 50 bilhões para atender à demanda, dos quais R$ 30 bilhões apenas para a Caixa Econômica Federal.

O FGTS tem um orçamento de R$ 56 bilhões para habitação em 2015, com prioridade para a renda mais baixa, e não a classe média, como contempla a proposta em estudo. A competição pelos recursos é grande. O governo já vem estudando a criação de uma nova faixa do "Minha Casa, Minha Vida" com recursos do FGTS, com foco na renda mais baixa.

Uma das possibilidades em estudo pelas áreas técnicas do governo é realocar para habitação recursos do saneamento básico, que tem orçamento de R$ 7,5 bilhões, e de infraestrutura, com orçamento de R$ 12 bilhões. Essas áreas estariam com uma execução mais lenta que habitação.

Embora a Caixa seja o gestor do FGTS, a proposta final de flexibilização do uso do fundo deve refletir a posição do governo como um todo, incluindo ministérios do Trabalho, Transportes, Fazenda e Casa Civil, entre outros. O governo detém a maioria do conselho curador do FGTS, com 12 cadeiras, enquanto os trabalhadores têm cinco representantes, e os empresários, seis.

As notícias de que o governo planejava mudanças nas regras das Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e restringir o crédito direcionado e de que a Caixa iria aumentar os juros anteciparam a demanda por financiamentos. Tal combinação ampliou o estresse no sistema em um momento em que as captações dos bancos na poupança já vinham caindo. Os saques superaram os depósitos em R$ 29 bilhões de janeiro a abril.

A expectativa inicial era que, neste começo de ano, caísse a demanda por financiamentos imobiliários. Mas, no primeiro trimestre, a concessão de crédito direcionado à habitação para pessoas físicas somou R$ 26,016 bilhões, o que significa certa estabilidade em relação aos R$ 26,142 bilhões contratados no primeiro trimestre de 2014.

No caso do FGTS, uma das propostas em estudo é aumentar o valor dos imóveis que poderiam ser financiados, dos atuais R$ 190 mil para R$ 300 mil. Para evitar críticas de que os recursos estariam beneficiando a classe média, a proposta contempla a cobrança de taxas de juros maiores. Outro argumento que procurará sensibilizar o conselho curador do FGTS é a preservação de empregos na construção civil.

Outras hipóteses defendidas pelo setor imobiliário, que estão sendo analisadas dentro do governo, é obrigar que os bancos apliquem a chamada faixa livre da poupança, que corresponde a 5% dos recursos captados em caderneta, em novos financiamentos. As estimativas são de que essa fonte de recursos possa movimentar R$ 20 bilhões.

Também está sendo contemplada dentro do governo a hipótese de criar mecanismos que obriguem bancos com margem para aplicar a destinar efetivamente recursos a novos financiamentos imobiliários.

Hoje, a Caixa, o Banco do Brasil, o HSBC e o Santander estão sem novos recursos para aplicação, enquanto o Itaú e o Bradesco têm margem. Uma das possibilidades é não permitir mais que os bancos cumpram as suas exigibilidades com a compra de papéis como Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs).

O setor imobiliário tem insistido na tese de que, sem a liberação dos depósitos compulsórios da caderneta de poupança, será difícil mobilizar o volume de recursos necessário para atender à demanda do mercado e evitar uma queda dos preços de imóveis.

Depois das negativas do Banco Central e da Fazenda à liberação de compulsórios da caderneta de poupança para novos financiamento, o setor imobiliário procurou o Palácio do Planalto na esperança de rever a decisão.

Procurada pelo Valor, a Caixa declarou em nota que "que realizou ajustes nas taxas e cotas das operações que utilizam recursos da poupança (SBPE), no último mês de abril. Assim como os demais bancos, a Caixa teve impacto da redução da captação da poupança e da elevação da taxa Selic".



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terça-feira, 12 de maio de 2015

Saques na poupança somam R$ 29 bi no ano - Economia

Saques na poupança somam R$ 29 bi no ano - Economia - Estado de Minas

Saques na poupança somam R$ 29 bi no ano

Brasília – Diante dos baixos rendimentos e do alto nível de endividamento da população, os saques na caderneta de poupança somaram R$ 29,1 bilhões de janeiro a abril, mas o movimento de retiradas perdeu fôlego no mês passado. De acordo com os dados divulgados ontem pelo Banco Central (BC), a diferença entre as quantias depositadas e retiradas da aplicação em abril foi de R$ 5,85 bilhões, maior marca registrada no mês desde 1995. O resultado significa o quarto mês seguido de balanço negativo. No entanto, em março, houve perda de R$ 11,4 bilhões, pior desempenho da caderneta de todos os meses desde o início da série histórica do BC, em 1995. No mês passado, o saldo foi de R$ 648,3 bilhões, frente a R$ 662,7 bilhões registrados em dezembro de 2014.

Para o professor de finanças Fábio Gallo, da Fundação Getulio Vargas (FGV/SP), há dois motivos principais para explicar os números: "O primeiro é o que está acontecendo no cenário macroeconômico. Atualmente, sobra menos dinheiro para guardar. Além disso, com taxas de juros altas, as outras opções de investimento estão se tornando mais atrativas. Portanto, quem tem algum dinheiro para poupar está procurando por outros produtos de renda fixa", afirma. O especialista lista papeis atrelados ao mercado imobiliário; Certificado de Depósito Bancário (CDB) e Tesouro Direto.

Segundo a Cetip, empresa que registra títulos e aplicações, houve crescimento de 46% na soma do estoque de Letras de Crédito Imobiliário (LCI), Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) e Cédulas de Crédito Imobiliário (CCI) em fevereiro deste ano, na comparação ao mesmo mês do ano passado, atingindo a soma de R$ 322 bilhões depositados nesses investimentos na central de títulos. "As pessoas que investem com regularidade são mais disciplinadas: separam o que vão investir e gastam apenas o que sobra. Entretanto, na hora em que você faz a conta do que precisa para viver com um padrão normal, com inflação e preços crescendo rapidamente, o investimento cai", diz Rogério Olegário, consultor financeiro da Libratta Finanças Pessoais.

Como a poupança é o investimento mais popular do país, a aplicação sente primeiro os impactos do enfraquecimento da economia, esclarece o especialista. "A migração para fundos mais eficientes, com rendimentos maiores, também é um fator importante. De qualquer forma, a tendência é de que os resultados da poupança continuem em declínio. O aperto está apenas começando",  acredita. A recomendação de Olegário é de que as economias sejam reservadas para evitar o endividamento da família.


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Comprar na baixa: a hora é boa para fundos imobiliários

Comprar na baixa: a hora é boa para fundos imobiliários | Exame.com

Comprar na baixa: a hora é boa para fundos imobiliários | Exame.com

São Paulo - Apesar de toda a crise no mercado de imóveis, com superoferta de unidades novas e alto nível de vacância, o momento é bom para investir em fundos imobiliários com um horizonte de longo prazo, alguns anos pelo menos, e como diversificação de parte dos investimentos, dizem analistas.

Essas carteiras estão desvalorizadas por conta da alta dos juros e, depois de dois anos de perdas, apresentam um início de 2015 com desempenho modesto. O índice Ifix, que mede o desempenho dos principais fundos imobiliários negociados em bolsa, caiu 12,6% em 2013, 2,7% em 2014 e sobe 4,6% neste ano até abril.


Vacância de 24%


Ao mesmo tempo, a taxa de vacância dos prédios de escritórios de alto padrão segue em alta. No primeiro trimestre deste ano, a porcentagem de imóveis vagos em São Paulo cresceu para 24,2%, ante 19,2% no quarto trimestre do ano passado, segundo dados da Citibank Corretora.

Ou seja, em São Paulo, de cada 100 imóveis de alto padrão, 24 estão sem inquilinos. No Rio, a vacância passou de 17,3% no quarto trimestre para 17,6% no primeiro deste ano.

O preço médio de locação caiu 23% nos últimos dois anos, mais que os 11% da inflação do IGP-M do período, passando de R$ 146 o metro quadrado para R$ 113 o metro.


Desconto de 24%


Com isso, o valor das cotas de muitos fundos está abaixo do valor dos imóveis que compõem suas carteiras. Na estimativa do Citibank, as cotas estão sendo negociadas com um desconto médio de 24% em relação ao valor patrimonial, "o que parece ser um bom ponto de entrada para investidores focados em valor e com uma visão de longo prazo", diz o banco em relatório.

Além disso, a mediana da rentabilidade referente aos aluguéis, que é isenta de imposto para pessoas físicas, está em torno de 0,91% ao mês, ou 10,92% ao ano, estima a Citi Corretora, o que representaria um retorno equivalente a 12,85% ao ano antes de um imposto de 15%.


Problema da escolha


Mas, diante de tantas dificuldades do setor, o investidor precisa ter cuidado na hora de escolher para não levar um fundo "micado". Por isso, várias instituições estão criando fundos de fundos imobiliários, que buscam selecionar as melhores carteiras para o investidor, explica Augusto Martins, sócio da área de investimentos imobiliários da Rio Bravo.

"Não devemos ter lançamentos significativos de fundos imobiliários este ano", diz o executivo. "Mas o mais provável é vermos fundos de fundos, que buscam captar dinheiro para alocar recursos dos clientes, que, em vez de procurar, delega para os gestores a seleção", diz.

A Rio Bravo estuda reabrir uma carteira dessas e o Bradesco já lançou uma que está captando para investir no segundo semestre. "No fundo de fundos, o investidor reconhece que o gestor tem capacidade para escolher melhor", diz.

Segundo a Citi Corretora, o cenário ainda é "desafiador" para os fundos imobiliários, o que sugere para o investidor "uma abordagem cautelosa".

Para o banco americano, a recuperação depende da "superação de alguns desafios", como a desaceleração da inflação e a redução dos juros, além da absorção da oferta nova de unidades em algumas regiões, como São Paulo.

"Recomendamos uma carteira bem diversificada, com imóveis de qualidade, boa localização, já concluídos, baixa taxa de vacância e cronograma de vencimento dos contratos dissolvido", diz o banco em relatório.

O mais importante é que o investidor entenda, porém, que ao comprar um fundo imobiliário ele está comprando um pedaço de um prédio de escritórios ou shopping ou centro comercial ou centro logístico ou grupo de agências bancárias.

Do sucesso desses empreendimentos é que vai depender o ganho futuro. Há ainda os fundos que compram papéis imobiliários no mercado, como LCI ou CRI, mas que também estão lastreados em projetos.


Pior já passou?


Martins, da Rio Bravo, rejeita a ideia de que os fundos imobiliários "derreteram" nos últimos anos, lembrando que a grande perda ocorreu em 2013. O que aconteceu, explica, é que alguns fundos específicos, que foram oferecidos ao mercado no fim de 2012 e início de 2013, tiveram uma queda muito grande.

"Mas a visão atual é que essa queda não vai se repetir", diz o executivo, que acha que, no pior cenário, as cotas desses fundos devem ficar estáveis. Com isso, o investidor ainda teria o ganho dos rendimentos dos fundos, que devem representar cerca de 10% de retorno ao ano para o investidor, isentos de imposto.

"Isso considerando o setor como um todo, ou seja, o retorno do Ifix", diz. A estimativa de Martins é que o retorno dos rendimentos fique entre 10% e 12% ao ano este ano.


Fundos de agências


Ao longo do tempo, lembra o executivo da Rio Bravo, o rendimento desses fundos também é corrigido pela inflação, caso dos fundos de agências do Banco do Brasil, Santander e Caixa Econômica Federal. E as cotas tendem a acompanhar esse ajuste.

Esses fundos costuma ter contratos de aluguel de longo prazo com as instituições financeiras, de 8 anos em média, com reajuste compulsório pela inflação. "É diferente do fundo de escritórios, que tem um contrato diferente com os locadores, menos rígido", diz.

Nesses escritórios é onde há maior risco de redução de rentabilidade pela entrada de maior oferta de unidades que estão ficando prontas este ano e pela possibilidade de os inquilinos renegociarem os aluguéis ou saírem do imóvel.


Fundos imobiliários versus NTN-B


Martins avalia que há uma relação entre a rentabilidade dos fundos imobiliários e os títulos do Tesouro Nacional corrigidos pela inflação, as NTN-B com pagamento de juros semestrais. Um papel com vencimento em 2035 paga hoje 6,10% ao ano mais inflação.

Para um fundo imobiliário ser mais vantajoso, ele teria de pagar um prêmio sobre esse juro da NTN-B, que seria de 3,20 pontos percentuais, o que significaria um rendimento de 9,3% ao ano do fundo.

Mas o último rendimento anual médio dos fundos imobiliários era de 10,9% ao ano, 1,6 ponto percentual acima da taxa de equilíbrio. "Isso é bastante gordura para uma eventual vacância, e ainda haveria o rendimento anual", diz.

Por isso, ele acha que o preço das cotas dos fundos está num nível que é difícil de cair. "Mesmo que a NTN-B vá para 7% ao ano, ainda assim os fundos imobiliários superam o ganho", diz. O risco seria se o juro básico subisse ainda mais, com a Selic chegando aos 14% ao ano.

Os preços dos fundos estão mais estáveis, aguardando para ver qual será o cenário final para a economia brasileira, se todos os pacotes econômicos vão dar certo, as diversas políticas do governo, para ver se taxa de juros longa vai ficar estável ou recuar, afirma Martins. "Os preços estão numa posição conservadora, pararam num nível relativamente baixo, e, se piorar, ficam onde estão e, se melhorar, passam a subir".


Melhores oportunidades


O executivo acredita que as melhores oportunidades estão em fundos de escritórios, já que vários estão sofrendo quedas mais expressivas há algum tempo e, quando se olha para os fundamentos, o que se vê é um preço da cota por metro quadrado muito barato.

"Se separarmos uma cesta de fundos de escritórios não ativos, que não ficam trocando de imóveis e não mudam as carteira, como o TD Office, o Faria Lima ou o The One, o que veremos é que o valor das cotas reflete um preço por metro quadrado abaixo de R$ 10 mil, de R$ 9,7 mil, muito inferior ao custo de reposição do imóvel nessas áreas nobres, que está em torno de R$ 12 mil", diz ele, que estima em R$ 15 mil o preço desse metro quadrado no mercado secundário já pronto.

"Esse é o principal fundamento que justifica que as cotas devem se valorizar", diz.

Para quem não conhece fundos imobiliários ou tem medo de comprar gato por lebre, Martins sugere os fundos com contratos de longo prazo com bancos, como o Santander e o BB Progressivo, que têm mais previsibilidade e não têm muita complexidade.

"Mas quem compra tem de olhar cada ativo de cada fundo, qual perfil, tem de fazer uma análise caso a caso", diz.

Martins se diz mais otimista, notando que a confiança está começando a voltar no mercado financeiro. Mas a economia real ainda vai sofrer por mais tempo, com desemprego acelerando e juro subindo.

Ele nota que, no ano passado, não houve lançamentos de novos fundos imobiliários relevantes, com exceção de carteiras de grandes bancos, como Votorantim e Itaú, para investir em papéis imobiliários, especialmente LCI. "Mas fundo de imóvel mesmo, faz quase dois anos que não temos nenhum indo a mercado", diz. 

Martins acredita que o ambiente para novas ofertas de fundos deve voltar no fim deste ano ou no início do próximo. "Precisamos de três momentos: a estabilidade macro para o pessoal saber quão bom ou ruim são os investimentos em imóveis, a recuperação das cotas e, no terceiro momento, o lançamento de novos fundos", diz.


Seleção da Citi Corretora


A Citi Corretora sugere oito carteiras imobiliárias para o investidor que quer se arriscar sozinho no mercado. São elas: BC Fund, XP Corporate Macaé, CSHG Real Estate, Kinea Renda Imobiliária, CSHG Lógística, Agências Caixa, Campus Faria Lima e Kinea Rendimentos Imobiliários.

No caso dos fundos de escritórios, a corretora segue mais seletiva, mas considera o XP Macaé como boa relação de risco e retorno por contar com um único imóvel alugado totalmente para um único inquilino por um longo prazo. No caso do BC Fund, do Kinea e do CSHG Real Estate, a diversificação e a gestão ativa reduzem os riscos, diz a corretora.

Já o BRCR tem riscos de curto prazo por conta da falta de informações sobre a operação de aquisição das ações da BR Properties, e "não se sabe a perspectiva do rendimento futuro nem nada sobre o custo da dívida que será assumida", o que traz incertezas sobre o benefício da operação, alerta a Citi Corretora.

A corretora do Citi destaca também os fundos de agências bancárias da Caixa e de universidades, como o Campus Faria Lima, pelo risco mais baixo. O Santander Agências e o BB Progressivo II seriam outras opções.

No segmento de galpões logísticos, o Citi destaca o CSHG Logística e, no de recebíveis imobiliários, o Kinea Rendimentos.



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