segunda-feira, 31 de maio de 2010

ARISP e BM&FBOVESPA firmam convênio de cooperação para o intercâmbio de informações por meio eletrônico

No dia 14 de maio de 2010 a BM&FBOVESPA e a Associação dos Registradores Imobiliários de São Paulo (ARISP) firmaram convênio para fomentar o desenvolvimento do mercado de títulos imobiliários. O acordo permitirá à BM&FBOVESPA visualizar online as matrículas de imóveis e a solicitar certidões digitais pelo sistema ARISP.

Com esse intercâmbio, a Bolsa disponibilizará aos investidores um ambiente para negociação das Cédulas de Crédito Imobiliário (CCIs), com a garantia de que a operação possua o lastro legalmente constituído, além de oferecer mais segurança e transparência nas futuras emissões de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs), Fundos Imobiliários e demais ativos.

O convênio foi assinado em cerimônia realizada na BM&FBOVESPA, e contou com a participação de Diretores da Bolsa e da Comissão de Valores Mobiliários, Registradores de Imóveis da Capital, dentre outros.





Edemir Pinto, Diretor Presidente da BM&FBOVESPA.

Para o Diretor Presidente da BM&FBOVESPA, Edemir Pinto, a parceria com a ARISP é o primeiro passo para se estabelecer um mercado imobiliário forte no Brasil, já que o setor está em processo de crescimento e expansão. Mas para tanto, Edemir Pinto ressaltou que é preciso trabalhar de forma transparente, confiável e segura, garantias essas que foram encontradas nos Cartórios de Registro de Imóveis via sistema ARISP. “Sem esse passo não se constrói nenhum modelo de produto com credibilidade”, completou.

José Antônio Gragnani, Diretor Executivo de Desenvolvimento e Fomento de Negócios da BM&FBOVESPA, também destacou as vantagens que o convênio com a ARISP irá proporcionar à Bolsa, ao afirmar que “o mercado imobiliário é grande e pode ter um crescimento exponencial, mas para tanto é preciso aumentar a transparência, a confiabilidade e credibilidade do mercado”.

De acordo com Emílio Otranto, Gerente de Relações Institucionais da BM&FBOVESPA, esse convênio é extremamente importante, não só para a BM&FBOVESPA, mas também para o mercado de capitais no Brasil. “Poder tratar um ativo imobiliário com segurança e transparência vai fazer com que o mercado cresça muito. Hoje, em termos de PIB, o setor imobiliário só representa 3%. Em termos de valores imobiliários negociados, ainda temos volumes muito baixos. Portanto essa possibilidade de ter um link direto com a ARISP e obter informações extremamente fidedignas, online, real time, dará ao mercado, aos estruturadores e aos intermediários condições de gerar mais negócios, pois vão encontrar um ambiente extremamente transparente e seguro para registrar as suas operações. É um marco muito importante para a BM&FBOVESPA e para o mercado de capitais”, relatou.





Alexandre Assolini, Presidente da Câmara do Mercado Imobiliário da BM&FBOVESPA

Alexandre Assolini, Presidente da Câmara do Mercado Imobiliário da BM&FBOVESPA, acrescentou que o convênio firmado com a ARISP é um passo muito importante para conectar o mercado imobiliário ao mercado de capitais. “Trouxemos a integração proporcionada pelo Registro de Imóveis à Bolsa de Valores. No futuro teremos papéis do mercado imobiliário negociados aqui, com informações dos imóveis fornecidas em tempo real”.

Para Flauzilino Araújo dos Santos, Presidente da ARISP, o convênio firmado com a BM&FBOVESPA cumpre a vocação do Registro de Imóveis no Brasil, que é garantir a segurança dos negócios imobiliários e seus conexos, ou seja, negócios ligados ao crédito rural, comercial, industrial ou ainda o habitacional, que impulsiona a indústria da construção civil e os negócios financeiros decorrentes do financiamento imobiliário. Para o Presidente da ARISP, nesse convênio quem sai ganhando é o Brasil. “A medida em que criamos instrumentos capazes de auxiliar a captação de recursos haverá geração de empregos, renda, novas habitações e novos estabelecimentos”, conclui.

Francisco José Rezende dos Santos, Presidente do Instituto de Registro Imobiliário do Brasil (IRIB), destacou que o convênio firmado entre a ARISP e a BM&FBOVESPA dá um passo importante para a consolidação cada vez maior do sistema de Registro de Imóveis. “Agradecemos à Diretoria da ARISP que há anos está empenhando esforços para tornar o sistema registral um grande projeto para o Brasil, e o IRIB continuará dando seu apoio”.

Na opinião de Joélcio Escobar, Diretor de Tecnologia da ARISP, o interesse da BM&FBOVESPA pela assinatura do convênio vai ao encontro do que a ARISP vem propondo atualmente, que é garantir a celeridade no tráfego de informações para mercado imobiliário. E para Flaviano Galhardo, Diretor Secretário da ARISP, prover serviços é uma missão traçada pelos Registradores, e a informação rápida e segura necessária ao Mercado Imobiliário é algo que os cartórios de registros de imóveis podem oferecem. Portanto ambas as partes serão beneficiadas nesse convênio.

Ainda na opinião Francisco Ventura de Toledo, Vice-Presidente da ARISP, os Registradores devem apoiar de forma intensiva esse ideal traçado pela ARISP, que é oferecer o que há de mais moderno nos serviços registrais.

Créditos das imagens: Carlos Petelinkar

Banco Morgan Stanley estreia em fundos imobiliários

Data: 28/05/10

Fonte: Valor Econômico

Por: Alessandra Bellotto, de São Paulo


O Banco Morgan Stanley faz sua estreia no segmento de fundos imobiliários, ao liderar a oferta do TRX Realty Logística Renda I. A carteira, que pretende levantar R$ 200 milhões com a emissão de até 2 milhões de cotas a R$ 100, tem como objetivo explorar imóveis prontos, de natureza comercial, voltados para a operação de armazéns logísticos.

O rendimento-alvo do fundo é de 9,5% ao ano sobre o valor da cota, corrigido anualmente pela inflação. A receita deve vir, principalmente, da locação dos empreendimentos. Os gestores de investimento e imobiliário da carteira, a Orbe e a TRX Realty (empresas ligadas), já selecionaram alguns imóveis que podem fazer parte da carteira.

Entre eles, destaque para um empreendimento em Jandira (SP), que deve ser destinado à operação do novo centro de distribuição da FBD Distribuidora, conhecida como Luft. Há ainda imóveis locados para o B2W, Magazine Luiza, Marbel, Whirpool, entre outros. A aquisição dos empreendimentos, contudo, depende de alguns fatores, como o volume a ser levantado com a oferta e o resultado das auditorias.

De acordo com a política de investimentos do fundo, os recursos poderão ainda ser aplicados em participações em sociedades e Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs). O objetivo principal é ganhar com a locação dos empreendimentos.

A operação terá uma oferta reservada para a o público do varejo, equivalente a um montante mínimo de 50% das cotas a serem distribuídas a 100%, e outra para institucionais. A aplicação mínima para o varejo foi definida em R$ 10 mil. O período de reserva da oferta, que deve contar com um grupo de corretoras contratadas pelo Morgan Stanley, vai de 2 a 24 de junho. Para pessoas vinculadas, o prazo é menor, até 16 de junho.

A distribuição será realizada sob o regime de melhores esforços e as cotas serão registradas para negociação no mercado de bolsa administrado pela BM&FBovespa.

A oferta do fundo, constituído em abril, ainda aguarda o registro da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). O Morgan Stanley aparece ainda como coordenador líder de outra carteira em análise na autarquia, o RB Capital Desenvolvimento Residencial II, de R$ 200 milhões. Neste ano, já foram registrados R$ 974 milhões em ofertas de fundos imobiliários e há outros R$ 650 milhões em análise.

CEF busca fonte para crédito imobiliário

Folha de S. Paulo - São Paulo/SP - MERCADO - 31/05/2010 - 04:30:03

À procura de alternativas para financiar a casa própria, banco prepara a 1ª emissão de títulos de sua carteira

Com a demanda em alta, setor prevê que em breve a poupança não será suficiente para atender os pedidos

GIULIANA VALLONE

MARIANA SALLOWICZ

DE SÃO PAULO

A Caixa Econômica Federal deve fazer a emissão do primeiro pacote de securitização de sua carteira de crédito imobiliário neste ano, para levantar recursos.

A securitização consiste na transformação da carteira de crédito em um ativo financeiro. A instituição divide a carteira em partes e as vende como títulos no mercado.

O comprador é remunerado no longo prazo com uma taxa de juros que varia de acordo com o papel. O banco, por sua vez, consegue, ao vender esses títulos, antecipar o recebimento dos recursos dos financiamentos.

De acordo com o vice-presidente de governo do banco, Jorge Hereda, a operação terá volume pequeno e servirá como teste para um lançamento maior em 2011.

A emissão será feita por meio de CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários).

A ideia da Caixa é buscar uma fonte alternativa de recursos para o crédito habitacional, que hoje vêm basicamente da poupança e do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço).

De acordo com estudos da Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança), os recursos da caderneta para financiamento à casa própria chegarão ao limite até 2013. A partir daí, as instituições terão de buscar outras fontes de recursos.

"O crédito imobiliário está crescendo num ritmo muito acelerado e, em um determinado momento, a poupança não vai ter mais recursos para atender a demanda futura", diz Luiz Antonio França, presidente da entidade.

RITMO ACELERADO

No acumulado do primeiro trimestre, os financiamentos imobiliários com recursos da poupança atingiram R$ 9,98 bilhões, alta de 70% sobre o mesmo período do ano passado, segundo a Abecip.

No mesmo período, a captação líquida da caderneta cresceu apenas 1%, em R$ 2,53 bilhões.

"Em países como o México e o Chile, a relação entre a carteira de crédito imobiliário e o PIB [Produto Interno Bruto] fica entre 10% e 15%. No Brasil, ainda está em cerca de 3%. Há potencial de crescimento e, para que isso ocorra, é preciso debater o "funding", diz Hereda.

Mas, para França, a securitização tem atratividade limitada. "A poupança paga juros mais TR [Taxa Referencial]. Um ativo atrelado à TR não tem muito interesse para os investidores."

A Caixa confirma que esse tipo de operação não é tão atraente para grandes investidores que buscam papéis atrelados a índices que apontem tendência de preços, como o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo).

Porém a operação é vista como uma alternativa para o investidor de varejo, que não tem rejeição à TR, diz um especialista do banco.

Para esse técnico, a emissão servirá para construir um modelo que possa ser usado quando esse tipo de operação for mais atraente para o investidor e funcionará como teste de mercado.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Sam Zell faz nova aposta no mercado imobiliário do País

O Estado de S. Paulo - São Paulo/SP - NOTÍCIAS - 21/05/2010

Empresa do bilionário americano pretende captar US$ 500 milhões[br]e investir dois terços em empresas brasileiras

BLOOMBERG NEWS - O Estado de S.Paulo

A Equity International, do investidor multimilionário Sam Zell, está procurando captar cerca de US$ 500 milhões para aumentar o investimento no mercado imobiliário brasileiro, apostando que o aumento das taxas de juros no País não limitará a demanda, já que a economia cresce no ritmo mais acelerado em vinte anos.

A empresa investirá até dois terços do dinheiro em companhias brasileiras vinculadas aos setores de propriedades residenciais e comerciais, e o restante em outros países fora dos Estados Unidos, disse o presidente executivo da Equity International, Gary Garrabrant. Os novos recursos elevarão o capital investido total da empresa, que tem sede em Chicago, para cerca de US$ 2 bilhões.

"Nosso entusiasmo pelo Brasil não poderia ser maior", disse Garrabrant, que foi cofundador da Equity International com Zell em 1999, numa entrevista concedida em 18 de maio em São Paulo. "Há uma demanda local sem paralelo."

A renda crescente da pujante classe média brasileira assegurará que um ciclo de aumentos de taxas não suprimirá a demanda residencial, disse Garrabrant. A economia crescerá 6,3% este ano, segundo pesquisa do Banco Central publicada esta semana. A renda média mensal dos brasileiros cresceu cerca de 40% nos últimos cinco anos, para cerca de R$ 1.400, segundo o IBGE.

Zell está investindo no Brasil depois que, na semana passada, a Equity International vendeu parte de suas ações na Gafisa, a segunda construtora de moradias do País em receita. "Há menos de 400 mil hipotecas no Brasil, e acredito que haja 400 mil hipotecas no bairro de Upper East Side em Manhattan", disse Garrabrant. "Os brasileiros os alcançarão? Sem dívida."

O anúncio fez as ações das empresas imobiliárias brasileiras subirem ontem, em um dia em que a Bovespa caiu 3,22%. As ações da MRV subiram 7,68% (ON); as da Cyrela Realty, 5,93% (ON); as da Agre, 5,84% (ON); as da PDG Realty, 5,50% (PN); as da Rossi, 4,95% (ON); e as da Gafisa, 3,11% (ON).

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Carteira imobiliária foca atividade de incorporação e traz dois tipos de cotas

Valor Econômico - São Paulo/SP - EU & INVESTIMENTOS - 20/05/2010

Alessandra Bellotto, de São Paulo

Numa iniciativa inovadora, a RB Capital prepara o lançamento do primeiro fundo imobiliário com dois tipos de cotas, a sênior e a subordinada, para a exploração da atividade de incorporação imobiliária residencial. A carteira, batizada de RB Capital Agre, aguarda o registro da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para iniciar a oferta secundária de R$ 55 milhões em cotas seniores. Com as subordinadas, que estão nas mãos da RB Capital, o patrimônio soma R$ 68,750 milhões.

A grande diferença entre esse fundo e as tradicionais carteiras - que compram imóveis prontos em busca da renda mensal com aluguel - é o investimento para explorar a venda de empreendimentos residenciais em desenvolvimento. O retorno da aplicação vem apenas na entrega das chaves. O fundo RB Capital Agre tem prazo determinado, de no máximo três anos, que é o tempo de maturação estimado dos empreendimentos.

O investimento do fundo é indireto, como cotista (com uma fatia de 50%) da Agra Maligawa, empresa detentora de participações em sociedades de propósito específico (SPE), donas dos empreendimentos a serem explorados. Os outros 50% da companhia estão nas mãos do grupo Agre, adquirido no início do mês pela PDG Realty.

No portfólio da Agra, já foram selecionados 11 projetos localizados em diferentes Estados, como São Paulo, Bahia e Pará. Como o resultado do investimento é distribuído na forma de dividendos, há isenção de imposto de renda.

Outra inovação é o fato de o fundo ter cotas subordinadas. Como a operação envolve um risco maior, uma vez que os projetos ainda não estão prontos, essa foi a alternativa encontrada para dar mais segurança ao investidor que participar do fundo. A cota subordinada funciona como um colchão de proteção, uma vez que é a primeira a absorver eventuais prejuízos.

A sofisticação da operação levou a organizadora a restringir a oferta a apenas investidores qualificados, com mais de R$ 300 mil em aplicações financeiras. O investimento mínimo na oferta, contudo, é de R$ 5 mil em cotas seniores, com valor unitário de R$ 100. O fundo espera rentabilidade de IPCA mais 9,5% ao ano para as cotas seniores, que terão negociação no mercado de bolsa da BM&FBovespa.

Para participar da oferta, o investidor deve fazer seu pedido de reserva junto ao coordenador líder, o BB Investimentos, entre os dias 26 de maio e 15 de junho. As cotas alvo da oferta hoje pertencem à RB Capital e à outra empresa do grupo, a Bravo Realty.


Neste ano, as ofertas de fundos imobiliários registradas na CVM superam os R$ 866 milhões. Em análise, há outros R$ 430 milhões em operações, incluindo o fundo RB Capital Agre.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Compra da Agre reacende movimento de consolidação

Valor Econômico - São Paulo/SP - EMPRESAS - 17/05/2010 -

Daniela DAmbrósio, de São Paulo


A compra da Agre pela PDG Realty, há duas semanas, aguçou o mercado imobiliário e o movimento de consolidação - que andava morno, depois de exaustivamente discutido em 2008 - voltou à pauta com força total. Pouco depois do anúncio da aquisição, que pegou muita gente de surpresa, vários conselhos de administração se reuniram às pressas para avaliar o cenário competitivo e estudar possíveis parcerias.


Segundo o Valor apurou, tanto as butiques de fusões e aquisições quanto os bancos de investimento já estão com o jogo de xadrez montado e saíram em busca dos possíveis comprados, de um lado, e dos compradores, de outro, para fechar novas parcerias. "Todo mundo está conversando com todo mundo, está um verdadeiro alvoroço no mercado", diz o executivo de uma empresa.



Ainda não há nada de concreto, mas tanto as construtoras, quanto bancos e advogados ouvidos pelo Valor, apostam - agora, sim - em uma nova rodada de fusões e aquisições. A "nova" PDG e a Cyrela viraram duas gigantes, com valor de mercado perto de R$ 9 bilhões, e se distanciaram das demais. "Muitas não querem ficar para atrás e, sozinhas, elas não chegam a lugar algum", afirma uma fonte. O argumento das grandes é o ganho de escala e a aceleração do crescimento e o modelo preferido é o da troca de ações, sem envolver dinheiro no negócio. Para as menores, pode ser a melhor saída diante do novo cenário que se desenha no setor.

Na lista das empresas passíveis de serem adquiridas estão CR2, Trisul, com valor de mercado abaixo de R$ 500 milhões, e CCDI, que vale cerca de R$ 600 milhões.

Está mais fácil identificar os alvos do que os atiradores. Naturalmente, pelo tamanho, seriam Cyrela e Gafisa. A MRV, apesar de grande, não tem essa cultura, na avaliação do mercado. Para a Cyrela, uma aquisição nesse momento significa sair da incômoda posição de líder num dia e vice-líder no outro. A nova PDG, agora com Agre, ficou com um tamanho muito próximo de Cyrela e a primeira posição do setor depende do número analisado. No entanto, a Cyrela é tida como menos agressiva nas aquisições. Nos últimos anos, comprou empresas fechadas, como Goldstein e RJZ, mas desistiu da compra da Agra, companhia aberta que acabou dentro da Agre, depois de alguns meses dentro da companhia. No meio do caminho, o humor do mercado virou e a empresa teria achado o ativo caro demais.

A Gafisa já é vista como uma empresa disposta a arriscar mais. Mas a saída de Sam Zell, que vendeu 4,3% do capital da empresa e ficou com 7,18% da companhia, derrubou as ações e foi interpretada de forma negativa pelo mercado. A leitura também é a de que o megainvestidor estrangeiro não teria vendido parte de suas ações às vésperas de uma operação importante da empresa. A Gafisa fez uma aquisição relâmpago da Tenda, costurada em praticamente um fim de semana, quando a empresa mineira de baixa renda estava no auge da crise.

Entre as companhias de porte médio, um dos nomes mais citados é o da Even. No passado, Rossi e Even chegaram muito perto de fechar uma associação. A Brookfield, que já é resultado de uma incorporação, também é vista pelos articuladores de parcerias como uma candidata à compradora, embora tenha passado por um movimento recente de incorporação. A empresa resultou da compra da Company pela Brascan, que já havia adquirido a MB Engenharia, construtora do centro-oeste. A Brookfield reportou um lucro considerado baixo para o seu tamanho.

O que está em jogo é a lucratividade. Os balanços do primeiro trimestre e os fechados de 2009 mostram que a maioria das empresas pequenas está com margens mais baixas que as grandes, com uma ou outra exceção - como Eztec e Helbor. "Há muita construtora com despesas gerais e administrativas, proporcionalmente, muito altas", avalia uma fonte do setor. No ano passado, por exemplo, o setor teve, em média, uma relação de despesa administrativa sobre receita líquida de 7,6%. Na Cyrela e PDG, essa relação foi de 5,5%. Mas chegou a 11,1% na Rodobens, 13,7% na CCDI e 13,9% na Inpar.

As maiores empresas aceleraram fortemente no último ano e estão ganhando volume de vendas e lançamentos considerável. Projetam para este ano chegar na casa de R$ 4 bilhões até R$ 7 bilhões de vendas. A pergunta, inevitável, é: o que acontecerá com as pequenas? A liquidez dessas empresas está em queda e o movimento só tende a se acentuar. "É natural que os grandes fundos internacionais e nacionais se posicionem nas maiores e mais líquidas", diz um executivo do setor. "E, se além de pouco líquida, a empresa tiver um resultado insatisfatório, não tem muita saída."

Os fundos de private equity também estão ativos. O Gávea, do ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, comprou 14,5% da Odebrecht Realizações. A GP Investimentos está procurando um ativo no setor. Segundo o Valor apurou, já sentou para negociar com Tecnisa, mas a conversa não avançou, e até com a Agre, antes de sua venda para a PDG.

O executivo de um banco com bastante experiência na área imobiliária lembra que é um setor complicado para fazer esse tipo de operação. "É muita empresa de dono, com ego e que acha que sua empresa vale mais do que realmente vale", afirma. "Mas, agora, há muita gente disposta a deixar o ego de lado e olhar o racional."

Com exceção da Company, comprada pela Brascan, todas as aquisições do setor foram ditadas por dificuldades financeiras extremamente sérias das empresas compradas - algumas perto da insolvência. Foi assim com Tenda, Klabin Segall e Abyara. A Inpar, que também enfrentou uma fase complicada, vendeu 51% do capital para o fundo americano Palladin.

Um modelo possível é o o que o mercado tem chamado de "IPO pela porta dos fundos", ou seja, uma empresa fechada que tem intenções de abrir capital incorpora os ativos de uma aberta e fica listada - uma bela saída, por exemplo, para uma empresa como a WTorre, que colocou uma oferta na rua, mas o mercado fechou depois disso. E, dizem fontes, estaria em dificuldades para levantar a demanda.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Juro dá gás ao CDB

Fonte: Valor
Postado em Economia, 13 de maio de 2010


O juro para cima trouxe de volta a atratividade dos Certificados de Depósito Bancário (CDBs), especialmente os pós-fixados, que seguem a variação do CDI. Esses papéis emitidos por bancos já começam a recuperar espaço na carteira dos investidores. Depois de meses de captação fraca, ou até resgates, abril marcou a retomada das emissões de CDBs, com um total de R$ 8 bilhões. No acumulado do ano até março, o saldo da aplicação estava negativo em R$ 2 bilhões. Em 2009, os resgates superaram as emissões em R$ 6,9 bilhões.

Estimativas feitas pelo Santander para o segmento de CDBs voltados para a pessoa física, com base em dados de mercado, mostram que também houve quebra de tendência, com a volta do apetite pela aplicação. No acumulado do primeiro trimestre, segundo levantamento do banco, o saldo estava negativo em R$ 5,7 bilhões. Já em abril, o investidor individual aplicou cerca de R$ 300 milhões, líquidos, em CDBs. “A procura maior da pessoa física pelo CDB está ligada mais à elevação da taxa Selic e ao ciclo que se inicia de aperto monetário do que a um adicional pago pelos bancos”, explica o superintendente executivo de investimentos do Santander, Edson Franco.









Mas ele reconhece que houve uma melhora dos prêmios pagos aos investidores. Contudo, na opinião de Franco, o movimento de alta nas taxas é uma acomodação natural à concorrência, especialmente nos papéis escalonados, em que as taxas aumentam quanto maior o prazo. “Percebemos um ajuste em CDBs de alguns participantes que estavam pagando menos do que a média.”

O Itaú anunciou na semana passada que passará a pagar juros retroativos no seu CDB escalonado. Até então, a taxa mais alta obtida após determinado prazo só valia para o período posterior, enquanto os concorrentes garantiam ao investidor a taxa mais alta para todo o período da aplicação.

Aumentos significativos de taxas, segundo Franco, têm ocorrido no atacado, ou seja, para investidores institucionais como fundações e fundos de investimento. Essa também é a leitura do executivo-sênior de gestão de patrimônio do HSBC, Gilberto Poso. Segundo ele, os bancos estão com caixa cheio e, portanto, não há porque pagarem mais, especialmente para a pessoa física. Ele lembra ainda que essas taxas são negociadas individualmente, dependem do relacionamento que o investidor tem com o banco e do volume a ser aplicado.

Nos CDBs sem liquidez – em que o resgate ocorre só no vencimento – ou nos escalonados, pode ter havido uma melhora, já que os bancos têm interesse em alongar e tornar mais estável essa fonte de recursos, acrescenta Poso. E essas são alternativas que também atraem investidores institucionais. “Na crise de 2008, ninguém queria abrir mão de liquidez”, diz. “Hoje fundos de pensão e de investimentos aproveitam as melhores condições dos papéis sem liquidez.”

Também gestores de fortunas vêm sendo abordados com ofertas mais atrativas de CDBs. Hoje, é possível encontrar papéis emitidos por instituições de primeira linha a 105% do CDI, mas para prazos de dois anos, sem liquidez, e lotes mínimos de aplicação acima de R$ 1 milhão, afirma o diretor de investimentos da Orey Financial, Carlo Moratelli.

Na visão dele, os bancos vão precisar captar para financiar as empresas que necessitam de recursos para investir, especialmente agora com a perspectiva de acesso menor ao crédito externo devido à crise na Europa. A economia brasileira está em pleno crescimento, com direito à revisão da expectativa de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) para até 7% neste ano. O Banco Central (BC) também já retirou da economia cerca de R$ 70 bilhões no fim de fevereiro com a reversão das medidas de flexibilização do recolhimento dos compulsórios pelos bancos adotadas na crise. E há muito CDB vencendo.

Outro fator que estimula os bancos a melhorar suas taxas, segundo Moratelli, é a maior concorrência no mercado de renda fixa. “Há mais opções de investimento em crédito privado, e com isenção de imposto de renda para pessoa física”, diz. Ele cita os certificados de recebíveis imobiliários (CRIs), as letras de crédito imobiliário (LCIs) e hipotecárias (LHs), além de letras de crédito do agronegócio (LCA), todos papéis atrelados a segmentos específicos.

Também não dá para ignorar o fato de que o CDB, dependendo da qualidade do emissor, é visto como um porto seguro em momentos de turbulência. Segundo Poso, do HSBC, mesmo que a taxa esteja longe das máximas, as demais aplicações, como multimercados e ações, não vêm com performance espetacular, o que estimula o investidor a migrar para opções atreladas aos juros, como o CDB. Ele lembra que o mesmo ocorreu nos primeiros meses de 2009, ainda marcados pelo rescaldo da crise.

“Naquele período, formou-se um estoque grande de CDBs que foi se reduzindo ao longo do ano passado e início deste ano com o desempenho melhor das demais aplicações”, explica o executivo do HSBC. No último mês, o que se vê é um reequilíbrio das aplicações. Uma parcela dos investidores pode estar voltando para os CDBs, por conta de um sentimento de apreensão deflagrado pela crise europeia.

Quando o investidor tem confiança na instituição, o CDB sempre é uma alternativa interessante de investimento, afirma Poso. “Trata-se de uma aplicação simples, que pode ter liquidez imediata e seguir a taxa de juros”, diz. Na contramão, segundo Poso, o CDB não é uma opção que permite significativa diversificação.

O sócio da Modal Asset Management Alexandre Póvoa destaca como vantagens do CDB em relação aos fundos diferenças na marcação a mercado e de tributação. Nos papéis de bancos, a marcação a preço de mercado perde relevância para o investidor individual, uma vez que ele tende a carregar o papel até o vencimento. Na questão tributária, enquanto nos fundos o come-cotas é semestral, no CDB o recolhimento do imposto só ocorre no resgate.

Moratelli, da Orey, acredita que para parcela de recursos que pode ficar travada, sem liquidez, o CDB é uma boa opção, especialmente se o investidor conseguir uma taxa acima do CDI. “No final das contas, o investidor quer retorno”, afirma. Ele recomenda, porém, manter recursos em caixa para as oportunidades que devem surgir com os mercados turbulentos, como aconteceu na semana passada.

CRI da RB Capital

Valor Econômico - São Paulo/SP - FINANÇAS - 13/05/2010 -
A RB Capital encerrou a distribuição de certificados de recebíveis imobiliários (CRI), com lastro em títulos cedidos pela General Shopping. A oferta, de R$ 62,2 milhões, encontrou demanda para R$ 180 milhões e 65 investidores, entre fundos de pensão, pessoas físicas, gestoras de recursos e corretoras. O tíquete médio ficou em R$ 100 mil, abaixo das emissões recentes de CRI, com investimento mínimo na casa dos R$ 300 mil. A RB cumpriu os requisitos para atrair a pessoa física: o devedor precisa ter seus demonstrativos financeiros na CVM, o imóvel dado como garantia deve estar performado (construído) e devem ser realizadas trimestralmente avaliações de rating sobre o CRI. Os papéis, com prazo de 121 meses, terão correção pelo IPCA, mais uma remuneração que ficou em 9,0303% para o investidor.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Armínio Fraga entra no setor imobiliário

Valor - 11.05.2010

Foi com ar de suspense que a mídia foi convocada para um anúncio de Marcelo Odebrecht na tarde de ontem. Cerca de vinte minutos depois do horário previsto, Marcelo surge acompanhado de Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central. Posam, juntos, para várias fotos e logo anunciam: tornaram-se sócios. A Gávea Investimentos, de Fraga, comprou 14,5% da área imobiliária do grupo Odebrecht, que investe da baixíssima à alta renda.

Conhecidos há muito tempo, começaram a conversar sobre a parceria em outubro. "Queríamos um sócio estratégico que pudesse agregar e nos dar acesso a investidores", disse Marcelo. Entusiasmado com o mercado imobiliário - e com os detalhes, ainda pouco familiares, do segmento de baixa renda - Fraga defende a parceria como a porta de entrada em um setor "ainda carente e com grande potencial de crescimento". A Gávea terá três de oito assentos no conselho de administração.

O valor do negócio não foi revelado, mas a aquisição representa o maior investimento da companhia - que tem, hoje, sob sua gestão um patrimônio de R$ 10,2 bilhões - em negócios de longo prazo. O investimento faz parte do terceiro fundo de private equity da Gávea, de US$ 1,2 bilhão - que no auge da crise investiu em Cosan e Lojas Americanas e ainda tem mais dois ou três investimentos perto de serem fechados. Segundo Fraga, a empresa se prepara para a captação de um novo fundo ainda este ano. Há pelo menos dois fundos, voltados ao setor imobiliário, em fase final de captação: Prosperitas e da americana Tishman Speyer.

A sociedade marca a entrada direta do fundo no setor. Mais do que isso: coloca a Gávea na rota dos empreendimentos populares e do programa Minha Casa, Minha Vida. Debaixo da Odebrecht Realizações Imobiliárias está a Bairro Novo - empresa que nasceu de uma parceria com a Gafisa, que saiu do negócio após a compra da Tenda - que representa cerca de 50% do negócio imobiliário. "Nossa vocação é ser um minoritário engajado", disse Fraga, que já teve participações em imobiliárias listadas.

A abertura de capital, um segundo passo mais provável após uma associação como essas - até como porta de saída para o fundo - não está descartada. "A empresa não vê o IPO como um fim em si mesmo, mas como parte do crescimento", afirmou Marcelo.

Os fundos nacionais e estrangeiros estão aumentando seus aportes no setor. Os dois caminhos mais comuns são, via bolsa, ou nos projetos, através das SPE's (Sociedade de Propósito Específico), montadas para cada empreendimento. A participação direta no capital da empresa é um movimento recente. Outro fundo de private equity que participa diretamente da companhia é o americano Golden Tree, sócio da Yuni.

Com receita de R$ 400 milhões em 2009, a Odebrecht Realizações representa apenas 1% do grupo. As metas de crescimento são ousadas. Para este ano, pretende aumentar os lançamentos em 260%, chegando a R$ 2,8 bilhões e alcançar R$ 2,5 bilhões em vendas, alta de 130% sobre 2009. Se alcançar esses números, a receita deve saltar para pouco mais de R$ 1 bilhão.

No segmento popular, a Odebrecht foca atuação no público de zero a três salários mínimos, a base do Minha Casa, Minha Vida. Conta com a parceria do governo em várias esferas, além de processos industriais e construção rápida, para conseguir ser rentável nesse mercado. "Há desafios, como escala, domínio da cadeia produtiva, capacidade de execução e industrialização", reconhece Marcelo.

General Shopping alonga dívida com CCI

Valor - 11.05.2010

A General Shopping conseguiu alongar o perfil do seu endividamento com uma operação de securitização imobiliária de R$ 62,2 milhões. A empresa fez a cessão de Cédulas de Crédito Imobiliário (CCI), indexadas ao IPCA, à RB Capital por 9,90% ao ano e prazo de 121 meses. Os papéis servirão de lastro para uma oferta pública de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI), já registrada na Comissão de Valores Mobiliários.

Segundo fato relevante, a operação visa alongar o perfil de dívida e reduzir a necessidade de captação de curto prazo. Pelas demonstrações financeiras apresentadas ontem, considerando os valores em caixa e aplicações equivalentes, de R$ 57,4 milhões, a dívida líquida da General Shopping era de R$ 272 milhões no fim do primeiro trimestre.

O cronograma de amortizações apresentado, que prevê ainda desembolsos de R$ 75,9 milhões neste ano, já considera a nova emissão de CCI e a liquidação de operações com bancos, segundo comentou o diretor de finanças, Ricardo Castro, em teleconferência. Em 2011, o volume de dívidas a quitar cai para R$ 30,8 milhões; em 2012 para R$ 23,8 milhões, e, em 2013 a R$ 21,8 milhões. As obrigações com vencimento após 2013 somam R$ 177,3 milhões.

A General Shopping não divulgou estimativas para o Capex (sigla para "capital expenditure", em inglês, que significa despesas de capital ou investimentos), mas o presidente e diretor de Relações com Investidores, Alessandro Poli Veronezi, sinalizou que, após reorganização do capital, a empresa tem condições de retomar o processo junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para obter recursos para novos projetos. Há ainda alternativas a isso sendo avaliadas internamente.

A empresa fechou o primeiro trimestre do ano com lucro líquido de R$ 173 mil, ante os R$ 8,1 milhões reportados no mesmo período de 2009. No período, a receita bruta chegou a R$ 29,2 milhões, com crescimento de 16,2% em relação aos três primeiros meses do ano passado, sendo que 79% originaram de receitas de aluguéis.